Complexo de vira-latas
Não gosto muito quando me dizem que temos Complexo de Vira-Latas. Até porque eu ouvi essa frase a primeira vez da boca de um ídolo que caiu do pedestal de minha vida há alguns meses, quase um ano.
Mas pensando bem, ele não estava errado não. Para deixarmos de ser vira-latas, temos que ter raça, temos que ser valorizados, temos que ter um preço alto que seja equivalente ao tamanho de nosso pedigree (nossa estrutura). Temos que cuidar de nossa pelagem (físico), temos que ter habilidades especiais (como faro) e mais do que tudo isso: temos que ser fiéis ao nosso dono (Atlético Paranaense).
Se tivermos todos estes adjetivos, todas essas qualidades, serão difíceis os momentos em que nos mostraremos publicamente como os miseráveis da lavoura de pedra. Não somos miseráveis, não podemos parecer miseráveis, nem tampouco podemos apodrecer nosso nome em tabuas rasas com classificações obscuras. Se fizermos isso, afogaremos os recursos, não venceremos a batalha por patrocínios e morreremos entre os piores classificados de todos os brasileirões, ano a ano.
Precisamos ter pedigree, lutarmos pelos nossos objetivos no Clube dos 13, bradarmos pelo cumprimento de regras de jogo tão desrespeitadas pelas comissões de arbitragens, pelos árbitros que se pensam deuses em vezes de cumpridores de regulamentos pré-acordados, pré-estabelecidos. Temos que ter raça para jogarmos uma partida inteira, nos seus 90 minutos, sem cansar, sem titubear, sem mostrar que não temos força. E se a for faltar, a raça será determinante para empurrar com a torcida o Placar…
Precisamos de uma pelagem de qualidade, de um preparador físico que nos dê demonstrações claras de que a equipe não vai mal, de que o sangue é forte, de que Valências não existem por conta de um corpo avantajado. Existem porque temos preparadores sérios, que trabalham com respeito aos limites individuais, mas com determinação em busca de resultados nada eventuais.
Precisamos de habilidades especiais que nos façam ver os jogos de cada time e ter o que chamamos de inteligência de partida aquela que fazia Pelé olhar para os lados antes de chutar uma bola, que dava consistência aos passes de Ferreira, que coloca a bola no gol com a frieza de Ronaldo. Precisamos de inteligência de jogo para verificarmos as deficiências de nossos adversários e aproveitarmos todas elas, com a determinação dos que vestem o manto sagrado e borbulham no peito a paixão rubro-negra!
Precisamos de fidelidade, de honestidade, de amor, de determinação, de garra. A fidelidade move as montanhas da impossibilidade e faz com que pequenos vira-latas se transformem em grandes batalhadores em busca da conquista, do resultado final!
E que venham os resultados! Não somos vira-latas!