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4 ago 2009 - 20h19

Fique em paz, meu amiguinho Lucas!

Todos os dias, meus últimos minutos do almoço são dedicados à leitura/resposta dos e-mails, compostos, basicamente, por coisas sobre o Atlético. Amigos querem saber de contratações, das dispensas, da vinda deste ou daquele treinador, além da opinião geral deste pobre que vos escreve acerca do dia-a-dia do Furacão.

Hoje, como de costume, sentei-me diante do computador e fui abrindo os e-mails até que me deparei com uma mensagem da Mylla, querida amiga atleticana. Como adoro receber as mensagens dela, abri o e-mail com um sorriso nos lábios, mas o sorriso logo desapareceu por conta do texto adiante transcrito:

“Hoje faleceu um filho de um amigo meu, da comunidade Velha Guarda da Baixada. Você poderia fazer um texto de homenagem pra ele e mandar pro Fala, Atleticano? Sei que você tem sensibilidade pra isso e com certeza ajudará a confortar o Emilson, pai dele. O menino se chamava Lucas Kenzo Grassani, tinha 9 anos, ele teve um problema no esôfago, precisou fazer uma cirurgia, teve várias complicações e acabou falecendo hoje. O Lucas era atleticano, fã do Homem-Aranha, tanto que seu pai no seu perfil do Orkut tem a seguinte descrição: “Eu sou este cara simpático da foto aí ao lado, com o meu filho Lucas ‘Aranha’ Kenzo”. Desde já te agradeço. Beijos. Mylla”.

Anexadas ao e-mail da Mylla havia três fotos. Na primeira – ao lado do pai, Emilson – o Lucas, vestido de Homem-Aranha, refletia o sorriso que tomava conta do rosto paterno. Na segunda, fazendo pose de artista, o Lucas, segurando o rosto com as mãos, sorria, plenamente, um sorriso que só tem quem é imensamente feliz. Na terceira, o Lucas faz pose de valente, vestido com a camiseta do Homem-Aranha e usando um boné virado para trás. Boné onde aparece quem? O Homem-Aranha, é claro! Este era o nosso Lucas Kenzo Grassani, fã do Homem-Aranha e atleticano, que faleceu hoje, aos nove anos.

Aos 9 anos, todo menino é fã de super-heróis. Eu mesmo, quando criança, queria ser o Super-Homem, pois nada poderia me deter. Se eu fosse o Super-Homem, não teria medo do escuro, nem dos “inimigos” maiores, como o piá que ameaçava me bater e, não raras vezes, cumpria sua ameaça. Se eu fosse o Super-Homem, eu estaria a salvo de todas as ameaças do mundo, pensava eu na minha inocência.

Aí um dia me disseram que uma tal kriptonita podia deter, sim, o Super-Homem. Incrédulo e desapontado, perguntei ao meu primo mais velho se isso era mesmo verdade e ele me disse que sim, que a kriptonita poderia deter o Super-Homem, neutralizando seus super-poderes. Meu primo disse isso e acrescentou: todo super-herói tinha seu ponto fraco e que o único poder absoluto deste Mundo era Deus, Este, sim, invencível, todo-poderoso e maior do que tudo, maior do que todos.

Quis saber do meu primo onde afinal Deus morava, qual Sua fisionomia, quais os Seus super-poderes, mas ele me disse, apenas, que Deus morava no Céu e que Sua fisionomia era a de um Senhor barbudo e bondoso que, lá de cima, em companhia de Sua Legião de Anjos, fazia de tudo para que a gente vivesse feliz e protegido aqui na Terra.

Curioso, quis saber quem eram os Anjos que formavam a Legião de Deus. Meu primo, com admirável paciência, disse-me que os Anjos eram os meninos e meninas valentes que Deus chamava para participar de sua imensa e sagrada Legião. Ao ouvir aquele relato, tive vontade de ser um Anjo de Deus, mas Ele não me chamou, talvez pelo fato de eu nunca ter sido um menino valente o suficiente para cumprir tão sagrada função.

Cresci e hoje sou homem – nem super, nem nada – sou apenas um homem comum, cheio de erros e pecados, embora me restem algumas poucas virtudes.

Quando me chegam notícias acerca da morte de meninos e meninas, novinhos assim como o Lucas, lembro-me das palavras do meu primo: ‘Meninas e Meninos não morrem: são chamados por Deus a integrar Sua Legião Sagrada’.

Foi isso na vida que aprendi: Meninas e Meninos não morrem, viram Anjos! E com valentia muito maior que a dos super-heróis dos quadrinhos, eles passam a viver, plena e eternamente no Céu, ao lado de Deus, cuidando da gente aqui na Terra, para que possamos viver protegidos por eles, apesar da tristeza, da distância e da saudade.

Lucas Kenzo Grassani, fã do Homem-Aranha e atleticano, faleceu hoje, neste plano, aos nove anos de idade, mas nosso Lucas Kenzo Grassani, valente Homem-Aranha e atleticano, não morrerá nunca! Ganhou asas de Anjo, está com Deus e com a mesma valentia com que enfrentou sua doença, haverá de nos proteger lá de cima. Haverá de olhar por seu pai – Emilson – e por toda a sua Família. Haverá de nos proteger como um herói. Haverá de nos consolar e de nos cuidar como só os Anjos sabem e conseguem fazer.

Fique em Paz, Lucas! Hoje, é sua a Vida Eterna! Fique em Paz, meu Amiguinho Lucas: hoje, e para sempre, é seu o nosso maior Amor!



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