O autóctone e o bizarro
Escrevi parabenizando ao jovem Adriel pela excelente coluna intitulada ‘Bizarro’ onde ele discreve fatos muito peculiares a realidade atual do futebol paranaense.
Existe o torcedor autóctone, ou seja que é natural da região mas entretanto torce para os clubes do eixo Rio-SP e do Rio Grande do Sul.
No interior do Paraná, dependendo da área de influência, existe predominância de torcedores de diversos times do país, a saber: no norte do Paraná é indiscutível a preferência pelos times paulistas, no oeste do Paraná uma mistura de gaúchos e cariocas e também muito corinthiano. No sudoeste a predominância da dupla gre-nal é notória.
Vou contar uma passagem muito interessante e creio que será motivo de muita reflexão, lá vai:
Em 2005, véspera de um jogo entre Atlético e Flamengo na Arena, estava eu em um restaurante em Curitiba e iniciei um diálogo com um garçon:
– Amanhã teremos então um grande confronto entre rubro-negros, naturalmente você irá torcer para o CAP, não é mesmo – perguntei ao garçon que já havia me servido esplêndidamente no almoço.
– Pois é meu senhor, ocorre que sou flamenguista. Irei torcer para o rubro-negro carioca.
– Mas como? indaguei. Você é paranaense e vai torcer para o Flamengo, você nunca viu o Maracanã e conhece o Flamengo apenas pela televisão!
– Pois é meu senhor, coloco a coisa da seguinte maneira: quando vais para a praia certamente escolhes as praias catarinenses, não é mesmo? As praias de lá são melhores que as do Paraná!
Assim como o senhor fêz esta opção eu também fiz minha escolha, prefiro torcer para o Flamengo, mesmo sendo paranaense, afinal é o melhor pois tem mais torcida e mais títulos!
A conversa terminou ali.
Ainda hoje reflito sobre as palavras daquele garçon. As respostas para estes disparates são muitas, afligem também nossos co-irmãos coxas e paranistas. A mídia, a autofagia de nossos dirigentes, o sentimento de inferioridade de alguns e aquele tal de ‘complexo de vira-latas’ creio que estão em evidência neste momento de profunda reflexão que enfrentamos, mormente exteriorizados pela péssima campanha de nossos times no brasileirão.