Pensam pequeno
Não tem como entender. Se não fosse um jogo de cena de dirigentes e ex-dirigentes do Clube Atlético Paranaense (CAP), diria que estão todos enlouquecidos. Somente imagina que R$ 130 milhões de investimentos na nossa Arena é uma soma grande de recursos quem desconhece o mundo do futebol, quem não viu o brilho no olhar de Onaireves Rolim de Moura ao apresentar o projetinho dele do Pinheirão da Copa do Mundo 2014, quem não ouviu os dirigentes coxas babando em cima da idéia de efetivamente se destruir o Couto Pereira para sonhar com uma sede da Copa (e lembro de ter dito que eu queria estar embaixo do estádio no dia da demolição porque jamais haveria outro estádio coxa-branca em Curitiba).
Entendo a necessidade de se conseguir viabilizar a Arena e os patrocínios existem para isso. Entendo a importância de se garantir a mesma soma de recursos para a Baixada do que para os estádios públicos do restante do Brasil. Entendo a real e efetiva intenção de garantirmos o que nos deveria ter sido garantido pelos governantes há tempos: parte significativa dos volumes necessários para se erguer a Arena, seguindo os critérios do padrão FIFA.
O que não entendo é a declaração pura e simples que serão apenas três jogos disputados na Arena. Três jogos em 2014 no mínimo e a visibilidade internacional que nos dará projeção internacional e a garantia de um salto de mais dez anos na escala do futebol de elite do Brasil. Três jogos que poderão selar nossa quota de patrocínios praticamente para a eternidade, com uma Arena multiuso, uma areninha com capacidade para outras modalidades esportivas, sonho de gerações num mesmo espaço. Futuro tão difícil de ser vislumbrado para quem não conhece o futebol, para quem vive o casulo do estado do Paraná.
São nada mais, nada menos, do que R$ 130 milhões. Dez por cento do orçamento de Curitiba para o ano. Dez por cento do que está sendo gasto no Ceará para asfaltar as rodovias estaduais. Um terço do volume de recursos que o Ceará ganhou este ano do Prodetur (Programa de Desenvolvimento do Turismo). Será que nossos patrocinadores não são suficientemente visionários a ponto de não perceberem o status que terão com uma Copa do Mundo no estádio mais moderno do Brasil?
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) já prevê para a Copa em Curitiba um investimento de R$ 4,5 bilhões até 2014. Este volume de recursos garantirá a infraestrutura urbana e a mobilidade da capital. Recursos da Prefeitura de Curitiba poderão ser alocados para a Praça do Atlético e para outras tantas medidas previstas e que são necessárias. E vão me dizer que não é importante investir no estádio? Para que estádio se temos cidade? Ora, não me façam rir de nervosa, senhores dirigentes e ex-dirigentes.
Em busca e análise do Site Oficial hoje acabei lendo as entrevistas do então visionário da Copa, Mario Celso Petraglia, lutando para trazer o maior evento esportivo do Mundo para a capital. Aliás, fui eu quem foi pedir o apoio do governador Roberto Requião nesta luta, depois de um almoço no Palácio Iguaçu. Luta que comungamos por um tempo, até que o empresário e ex-tesoureiro de campanha surtasse em suas linhas imaginárias de uma loucura desperta. Lá, em setembro e outubro, Petraglia fala sobre o salto que daríamos com a vinda da Copa. Para trazer a Copa para Curitiba, com times de expressão, precisamos fazer a lição de casa, que é cumprir as exigências do caderno de encargos da FIFA. Temos que responder e ratificar os compromissos que foram assinados em maio do ano passado. Nós estamos atrasados porque não fizemos nada nesses últimos 15 meses. Nada é muito radical, mas poderíamos ter feito mais para sediarmos esse evento’, disse ele, na ocasião, em entrevista ao Site Oficial.
Como agora não podemos cumprir as exigências de encargos da FIFA? A atual diretoria que tinha a Copa do Mundo como uma das promessas de campanha não conhecia o caderno de encargos?
Na mesma entrevista, Petraglia dizia eufórico que não poderíamos perder o maior evento que o Brasil vai realizar nos próximos seis anos. Falamos em bilhões de investimento. E como Curitiba e o estado da Paraná vão ficar fora disso? A competição acontece no município. Mas quem vier para cá, irá visitar as Cataratas, que é uma referência mundial e um ponto turístico. É um negocio muito grande e muito bom para nós. Tanto para comércio, indústria e até mesmo hotelaria, que sofremos um problema gravíssimo por sobre de leitos. Óbvio que também queremos o crescimento do futebol’, afirmou na ocasião.
Hoje, menos de um ano depois, o mesmo Petraglia fala em Arena Atletiba. Um sonho de coxas completamente longínquo que só pode se tornar real se nós atleticanos de berço e de coração deixarmos!
Eu não vou deixar usurparem o Atlético de nós, paranaenses. Enquanto tiver voz, falarei. Enquanto tiver forças, denunciarei. Enquanto estiver viva, serei incansável na luta pela Copa do Mundo no estádio Joaquim Américo, na Arena da Baixada, no templo Sagrado de nossas conquistas.