Nada de novo
Faz tanto tempo que não sento em frente ao teclado para escrever algo sobre o Atlético… Tenho que ajustar o espaçamento do texto no editor e as ideias (agora sem acento) para tentar voltar no tempo e buscar um estilo de escrita que já está quase que perdido: o estilo daquele que, quando escrevia, sentia uma verdadeira emoção tomar conta do texto. Agora, a realidade é outra.
Por muito tempo fiquei em dúvida se a decisão de me afastar do Atlético na prática tivesse sido correta. Por questão de princípios, desde 2004, quando da majoração dos preços dos ingressos veio em definitivo (depois de tantas discussões), eu tomei a decisão de me afastar da Arena. Antes disso, qualquer jogo, seja contra o pior time do Paranaense ou contra o melhor time do Brasileirão, eu estava lá na Arena, junto com meu irmão. Depois que aumentaram o ingresso, no meio da campanha de 2004, parei. É claro que frequentei muitas outras vezes a Baixada, mas não com a mesma assiduidade. E, desde 2006, nunca mais fui a um jogo. Foi a minha forma solitária de protesto contra a forma com que o Atlético estava sendo conduzido e, depois de três anos, percebo que estava certo.
Desde 2002 não compactuei com a forma com que o Atlético vinha sendo dirigido (se é que isso tem algum peso) e, creio, sempre deixei isso bem claro nas vezes que escrevi algo sobre o rubro-negro. Torci sozinho em casa, sofri calado as derrotas, vibrei com as vitórias, mas não me arrependo de, desde 2007, não ter gastado sequer um centavo com algo que envolva o nome do Atlético.
Nossa paixão por esse time de camisa vermelha e preta, nossa paixão por futebol, talvez nos impeça de enxergar coisas que, de outro modo, entenderíamos de uma forma mais clara. O comando atleticano, seja qual for, sabe de nossa paixão e usa-a descaradamente. Em que outra situação na vida alguém pagaria anos e anos por um serviço como o que vem sendo disponibilizado aos torcedores do Atlético, se não fossem todos movidos por uma paixão cega?
O aumento do preço das mensalidades dos sócios mostra esta forma irracional com que o Atlético trata os atleticanos. Não é questão de ser um mal necessário ou de ser uma estupidez sem tamanho, a questão é a absoluta falta de tato com que o Atlético trata seus torcedores. E não é de hoje, não foi essa a primeira vez e, imagino, nem será a última, porque o Atlético (os seus comandantes) sabe que sempre existirá alguém disposto a pagar o preço que for para ver o ‘show’ que se apresenta na Arena da Baixada. Basta entrar no fórum da Furacao.com e observar o discurso da grande maioria: 90% afirma estar indignado, mas quem tem cadeira (quem é sócio) não pensa em romper o contrato. Teve um sujeito que, inclusive, busca comprar cadeiras de quem, por acaso, queira se desfazer das que possua. Na verdade, aqueles que podem pagar o preço que for por uma cadeira não estão nem aí para qualquer tipo de aumento, nem se ele gera uma legitimação das bobagens que o Atlético tem feito pelos campos brasileiros ultimamente. Ou seja, a impressão que fica é que o torcedor atleticano, aquele que aceita tudo reclamando somente pró-forma é, na verdade, um torcedor de si mesmo, mais preocupado com seus momentos de descontração uma vez por semana do que com o futuro do Atlético.
A questão que deve ser discutida não é da porcentagem do aumento, mais sim da forma e do momento em que o mesmo foi outorgado aos sócios. Este fato é a maior justificativa de que o Atlético não se preocupa com seus sócios-torcedores. Nenhum plano, nenhuma indicação prévia, nada. Simplesmente um dane-se. Esse processo é injustificável, mesmo se o Atlético fosse campeoníssimo, o maior time do mundo (atitude que, duvido, seria seguida pelos verdadeiros grandes times de futebol do mundo). Em seguida, deve ser dito que o momento escolhido para esta atitude é o pior possível. O time ainda não está a salvo do rebaixamento e a torcida é peça fundamental para evitar uma queda humilhante. E ações como estas têm impacto no desempenho dos já inseguros jogadores. Basta observar o jogo contra o Botafogo na noite de hoje (02/09).
Não me iludo. A realidade irá mostrar que em algumas semanas, essa questão do aumento já será passado. Alguns irão desistir de sua cadeira, mas mais por motivos financeiros do que por princípios, e estas cadeiras serão compradas por outros, imagino que mais preocupados em seu próprio divertimento do que com o real futuro do Clube Atlético Paranaense. É esta mentalidade individualista de ambos os lados que impede o real crescimento do Atlético.