24 set 2009 - 11h28

Curitiba tem duas semanas para garantir verbas da Copa

Brasília – O comitê paranaense para a Copa do Mundo de 2014 tem duas semanas para definir as prioridades entre os projetos que podem receber recursos do governo federal. Representantes do grupo estiveram ontem em Brasília em uma reunião que começou a definir responsabilidades da União, do estado e do município sobre as obras. Ao final do encontro, restaram dúvidas sobre a viabilidade da construção do metrô até o início da competição e a respeito de quem assumiria o financiamento para o término da Arena da Baixada – propostas que encabeçam a hierarquia dos planos para Curitiba.

Os questionamentos foram feitos pelo ministro do Esporte, Orlando Silva, após uma apresentação de 30 minutos sobre a preparação da cidade para o evento. “As propostas receberam elogios, mas essas duas questões ficaram no ar”, disse Ricardo Gomyde, assessor especial do ministro. Além de Silva, o governo federal foi representado pelo ministro das Cidades, Márcio Fortes, e por membros dos ministérios do Planejamento, Fazenda e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“O medo mesmo é que não dê tempo de ficar pronto”, disse o vereador Pedro Paulo (PT), um dos 10 membros do comitê paranaense que estiveram na reunião. A previsão é que os trabalhos comecem em 2011 e terminem em março de 2014, cerca de três meses antes dos jogos. A prefeitura, no entanto, não mostrou um cronograma para as obras durante o encontro.

O supervisor de implantação do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Edemar Meissner, ressaltou que não há restrições técnicas para que o metrô fique pronto dentro do prazo. “De­­pen­de mais da velocidade da aplicação dos recursos.” Segundo ele, a execução das obras também não deve prejudicar o tráfego da cidade – outro temor, caso a previsão inicial não seja concretizada.

Além dos prazos, Fortes quis saber detalhes sobre a gestão do sistema e a participação da iniciativa privada no projeto. A princípio, o governo federal deveria arcar com 50% da construção, a prefeitura com 20% e a iniciativa privada com 30%. O custo estimado é de R$ 2 bilhões.

A polêmica que envolve o metrô já havia sido levantada há três meses pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. “Tenho dúvidas sobre a viabilidade do metrô até a Copa porque ainda não há estudo de viabilidade, nem custo definido”, declarou ele na época. Os questionamentos e o pedido de elaboração de uma lista de prioridades indicam que o governo federal está se preparando para fazer vários cortes nas sugestões apresentadas pelas cidades-sede da Copa.

Entre as 12 cidades escolhidas pela Fifa, outras nove já participaram de reuniões iguais à de ontem. Por enquanto, o governo planeja aplicar apenas R$ 5 bilhões em investimentos de melhoria de tráfego, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade Urbana. Só Curitiba reivindica R$ 2,4 bilhões. A escassez de recursos, porém, deve eliminar os pedidos mais caros e os que não têm uma relação estreita com a realização do Mundial.

Além do metrô e da Arena (leia mais sobre o estádio ao lado), já há consenso no comitê sobre algumas prioridades para Curitiba. Deve ser incluída a obra de ligação entre o aeroporto Afonso Pena e a Rodoferroviária, estimada em R$ 17,46 milhões. Na sequência, estariam as melhorias na Avenida Visconde de Guarapuava (R$ 5,8 milhões), que englobam a construção de uma ciclovia e de novas pistas de rolamentos nos dois sentidos da via. O encontro de ontem deve se desdobrar em uma série de outros eventos. O primeiro passo é a definição de temas com necessidade de decisão imediata – que incluem estádios, mobilidade urbana, aeroportos, portos e turismo. Depois, serão discutidas propostas de promoção do país, segurança, telecomunicações, saúde, energia e meio ambiente.

O governo federal também irá elaborar uma matriz de responsabilidades. Entre todas as nove propostas discutidas ontem (fora o estádio), seis serão geridas pela prefeitura e custarão cerca de R$ 2,2 bilhões. As ou­­tras três, estimadas em R$ 189 milhões, ficariam a cargo do governo do estado. Todos os projetos, porém, dependem de dinheiro da União.



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