Moral
Sai clássico, entra clássico e a confusão é sempre a mesma! Ônibus depredados, brigas entre ‘torcedores’ marcadas em terminais e ruas da cidade e o nosso futebol a cada dia vai morrendo mais e mais. Domingo, essa triste novela ganhou mais um capítulo, o maior deles nos últimos anos: a morte do atleticano João Henrique Vianna, após ser atropelado por um veículo com torcedores do Coritiba. Torcedores? Será que essa é a expressão mais adequada?
O Ministério Público e a Polícia Militar, com respaldo dos clubes, voltaram a debater clássicos com uma só torcida e parece que a medida já irá valer a partir do Campeonato Paranaense em 2010. Mas será que só isso é suficiente para coibir a violência? O problema está muito além dos limites dos estádios. Está na cravado na sociedade e no fechar de olhos das autoridades do nosso país.
Enquanto se achar que é moral e bacana dizer que vai pegar de porrada a torcida adversária, enquanto se achar que ser da ‘turma’ significa brigar e quebrar ônibus, ‘tocar’ o horror na cidade e entoar cânticos e gritos que cultuam a violência e a falta de respeito, cenas tristes e lamentáveis como o caso João Henrique Vianna voltarão a acontecer. Enquanto bandidos, travestidos de torcedores, continuarem usando um clube de futebol como pano de fundo para cometer crimes, vandalismos e assassinatos, a essência do futebol vai morrendo a cada dia. Logo a essência do futebol, que deveria ser traduzida na paixão incondicional por um time. Apenas isso.
Enquanto a legislação brasileira permitir que um deputado, representante eleito pelo povo, continuar solto e sem julgamento, por maior que sejam as evidências que comprovam de forma irrefutável seu crime, casos e mais casos que agridem e deixam marcas irreparáveis na sociedade vem e virão, esquecidos e sub-julgados. Quem não vai esquecer é a família do João, a qual presto minha solidariedade.
Qual o resultado do último Atletiba mesmo? Alguém tem motivo para comemorar?
A resposta vai muito além do termo ‘futebol’.