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27 out 2009 - 7h19

Síndrome da Lagartixa

Estamos ficando às margens da vida. Deparamo-nos com tais curvas em nosso caminho, que temos que parar para descer e ir a pé até o beiral a questionar a razão de certas coisas, como que gritando ao infinito. Com o devido cuidado para não escorregar. Escorregar no próprio rastro gosmento. Definitivamente, perdeu-se o rumo da retidão.

-“Alô, mundo…undo..undo..undo…” – mas nossas respostas não são mais do que nosso próprio eco. E seguimos sem saber sobre aquilo que nos impede de ir em frente. As paradas são obrigatórias, em busca de explicações, em meio a tanta indignação recorrente. Resta o consolo de compartilhar a mesma opinião neste palco, infelizmente adaptado a um muro de lamentações para uns, para outros uma mesa com cartas postas.

E nada vem a público. Faz pensar se realmente estamos diante de simples provações e experimentos, ou verdadeiramente frente a um enigma. Aos revezes de hoje caberia uma simples satisfação. Se juntarmos os últimos quatro anos, temos a evidência de um mistério. Todas as dúvidas de Paulo Reis do Amaral, que também são as nossas, são as respostas para minha pergunta sobre o que seria “…aquilo que nos impede de ir em frente”. Tirei suas interrogações e coloquei exclamações no lugar, assim minimamente me conformando pelas conseqüências. Só falta saber o por quê da reincidência das causas, eis o “mistério”.

Não questiono a derrota para os coxas. Seria normal, não fossem as circunstâncias em que se deu. E estas circunstâncias, que também têm a ver com determinada “pompa”, explicam as conseqüências fruto das causas que desconhecemos. A superficialidade das aparências vem enganando a muitos, e por um bom tempo. É muita anormalidade para meu gosto. Fatos, mas apenas ocasionais ou bastante permanentes? Fico com a segunda.

Tchau, Copa do Brasil e adios Sul-Americana: parece que assim foi bom. Brasileirão, mais de dez rodadas em 14º lugar, e parece que assim está bom. Mais de 13 escanteios contra, e parece que assim está bom. Postura, de novo, covardemente retranqueira contra times piores. A emoção do constante risco do descenso é suficiente para justificar a inoperância generalizada. Viram que clássico emocionante? Eu achei uma mer** de jogo. Horrível. Os caras cruzando o tempo todo, até que entrou, na cara dos nossos caras.

Competir na parte de cima da tabela é coisa para gente “grande”, assim pensam os vitoriosos eleitos, não mais que trainees de administradores, diretores ou como queiram chamar. Então vamos ficando por aqui, pois 2010 será outro ano, repleto de projetos, planejamento, e tudo mais que possa nos tornar competitivos. Novamente, O ANO ACABA ANTES DO FIM. E, a continuar a amadora gestão do fracasso, ano que vem iremos consecutivamente cair na ilusão do estadual, desprezar a Copa do Brasil e ignorar a Sulamericana, restando disputar do 11º ao 15º lugar no Brasileirão. Mas vejam, “é tudo culpa do árbitro”, como se não soubessem que aquele sujeitinho pernalta e arrogante iria fazer mais do mesmo.

Eu não me engano quando dizem que o time está muito bem defensivamente. Uma defesa com um goleiro fraco, um, dois ou três zagueiros improvisados, alas que não sobem. Quem segura o time é a forte marcação dos volantes sobre os armadores dos adversários, fechando espaços pelo fator inércia. Atacantes são sacrificados, pois a bola vem do céu, a la Danilo, chutando a esmo mais para se livrar do que para lançar, pois ela queima suas chuteiras. Volantes não têm saída de jogo, então vai na base do chutão, marca registrada. Quando se pensa que Rafael Miranda se saiu bem, Valência entrega a partida, e vice-versa. Quem não ganha da gente, é porque é ruim mesmo, ou também.

Joga-se, com a bandeira da modernidade sob o lema da “estratégia”, de acordo com os outros. É sempre assim. Dependendo de como “forem pro jogo”, lá vamos nós, sem originalidade alguma. Sejamos secundários ao oponente. Deixemos que eles mostrem as cartas primeiro, depois jogaremos conforme o ditado deles. Por isto, basta nos defendermos, não importando quantos escanteios e bolas paradas alcem em nossa área: o discurso é da “defesa em excelência”. Por isto, o padrão é não ter padrão. No máximo, chamem de contra-ataque. Ofensividade…o que é isso???

E os tolos acreditam. Acreditam que Rhodolfo é jogador de futebol, que Chico é um bom jogador, bem adaptado a zagueiro, e que não há problema em sacar Ronaldo, recuar Nei ou Wesley para recompor ou deixar os sonolentos sozinhos lá na frente. Que Galatto é o cara. Nossa especialidade é o sistema defensivo. Até em casa jogamos nos contra-ataques, como se isso não fosse vergonhoso. Inspirem-se e achem que todos os nossos jogos são como foram contra Palmeiras e Corinthians. Mesmo assim, à exceção do Galo, todos os que hoje estão na disputa do título, jogaram pior do que nós. Eles estão lá nas cabeças, nós aqui, à beira de nossa vida, perdendo tempo e espaço nas curvas dos descaminhos, por ausência de retidão.

Lopes passou da hora de atacar. Defende-se em demasia, o que causa repulsa. O padrão é tão passivo que chega-se a ponto de pegar doença venérea, via retro. Não há preservativos, e o perigo é a emoção, por isto não ataca: prefere o risco de ficar se defendendo ao risco de buscar vitórias. Mas ele não tem culpa alguma. A questão é a filosofia imposta pelos dirigentes, os quais disseram para Geninho no começo do ano que bastava não cair. O que esperavam que eles poderiam dizer para Lopes? Esperar o quê, de gente que contrata Waldemar Lemos e o mantém insistentemente, tal qual fizeram com Bob. Gente que não se insurge contra Comissão de Arbitragem, que não convence, ao contrário, se atrapalha com as próprias palavras, que acha que o problema está no ataque, que se omite ante a humilhação…

Esta é a nossa realidade. Não foi este jogo que a escancarou: há tempos somos o mesmo. Não via quem não queria, preferindo cair em sedução ao DISCURSO dos mandatários. Continuamos à mercê de gente que não entende de Futebol. Um time em campo, sempre é o reflexo da sua diretoria na sala.

Ah, o DISCURSO! Acreditem nele, óh povo otário! Creiam neste 2009 que a nomeação de Toffoli foi por mérito! Que o pré-sal já salvou! Que William & Fátima, Datena e CIA não estão coagindo-lhe a se esconder em casa pela cultuação à violência! Que a CPI do MST não terminará em calzone! Que a transposição do São Francisco não enriquecerá ninguém alheio! Que Sarney é um injustiçado! Que “nosso país cresceu, companheiro”! Que a indústria da multa curitibana é falácia da oposição! Que os Malucelli são uma família heterogênea! Que Michael já foi enterrado…

2010. Venderão Wallyson, a promessa que não foi corretamente trabalhada, cujo sucesso em outro time qualquer – provavelmente o Inter – será estrondoso. Não segurarão Wesley – que talvez será arrastado até o Corinthians Paulista face o agenciamento familiar – um meia-atacante que aqui é sempre deslocado para trás, fora de sua função. Se Paulo Baier ficar, será por preguiça. Mas tem Tiuí, Alex Mineiro, Rhodolfo, Chico, Galatto e quem mais quiser vir do showbol.

Aí aparecem os “corneteiros dos cornetas”, que ainda não têm nome…que tal “CHUPETAS”, pois o mundo pequenino que a ternura tem fica bem melhor quando eles dormem tranqüilos, diante do caos gestor que arrasa nosso Clube. Sim, os “CHUPETAS”, os reacionários que também se contentam com pouco e gostham de apanhar feito mulher de malandro. Quando alguém fala alto no ambiente, berram tipo neném mimado que não toma outra coisa senão leitinho morno. Que Super Nanny que nada. Basta colocar o melzinho do discurso na ponta e enfiar em sua bocas, para sonhar com anjinhos, fadas, duendes, gestão eficaz e transparente ou times de futebol.

Velha, tão velha conclusão: o Atlético está há tempos sob a égide do amadorismo, cuja falta de ambição da sua pasmada diretoria – a qual não aduz representatividade alguma – reflete-se em campo a todo jogo, menos naqueles em que o adversário também erra.

Se fossem ATLETICANOS, iriam tomar partido e descer aos vestiários nos intervalos ou freqüentariam o CT, cobrando diretamente na cara desses irresponsáveis a lerdeza, a ingenuidade, a expulsão, a desonra, constantemente praticadas em campo. Só não me venham falar em “desatenção”, porque isso é desargumento para idiotas: imagine você, na sua profissão, o que uma simples “desatenção” poderia lhe causar. Você que não ganha o que merece, que não possui ideais condições de trabalho ou salário digno, que se fo*** pra arrumar este emprego, que faz contas todo fim de mês, que se espreme no Natal e aniversários, que tem carro nacional e não pôde em virtude das contingências da vida jogar no Atlético. Seja “desatento” e verá o que farão com você e com sua vida. Eles não…vão treinar mais para ter mais “determinação”. Aí eu pergunto: isso é coisa que se treina? Aliás, a eterna pergunta que “no me callas”:

-“O que se treina no Atlético?” – eco…eco…eco…

Ontem, um amigo, ex-Petraglista, me falou:

-“Po***, então que volte o Petraglia! Se é pra continuar assim…”

Eu ainda estou pensando no que ele disse… até que ponto minha opinião formada se sustentará. Se não jogarei por terra minhas convicções sobre os pretéritos erros continuados do Messias. Não. Como não sou religioso, não acredito em mártires. Por outro lado, menos ainda em omissos.

Estou numa encruzilhada. A encruzilhada moral que assola o CAP. E o pior é que ninguém se apresenta. Enquanto isso a vida passa. E seguimos tomando gols de Ariel e Marcos Aurélio… seguimos amarelando nos finais dos jogos. Colorindo os adversários e desbotando nosso Rubro-Negro. Aquele mistério não é tão misterioso assim. Basta abrir os olhos. Mas isto sim é muito difícil fazer.

Estou cansado de escrever. Variações do mesmo gênero, tema que já encheu o saco. Melhor seria assumir de vez o fato de eu ser geminiano e tocar o fo**-se. Pois quem sofre da Síndrome da Lagartixa e não busca tratamento, é porque gosta de ser jogado na parede.

Porque o negócio deles é trazer atacantes. Depois sou eu que tenho presbiopia. Eu comprei um óculos. E eles, o que farão? Alguém aí na linha já pensou, se aqueles que nada fizeram para mudar, o que serão capazes de fazer para mudar?

Simplesmente: “t-a-q-u-e-o-s-p-a-r-i-u!” Aproveitem e os chamem de pastel e os encham de carne! Carne de “co-irmãos”: vai ver que eles gostham. Tudo bem, não posso discriminar, cada um leva no seu lombo aquilo que bem entende… mas que façam isso BEM LONGE DO ATLÉTICO! Aliás, no Atlético não é lugar de fazer isto: se desfaçam do nosso manto! Se eles são rastejantes, nós, a Torcida, somos humanos. Pois, repito: NÃO HÁ REPRESENTATIVIDADE! Você aí, leitor:

-“Você se identifica com a diretoria do nosso Clube?” – boa pedida para a próxima ENQUETE. Então, já que os conselheiros também são passivos:

-“Ei, Furacao.com: mexam-se! Soltem as corujas!”

ps > corujas: predadores de lagartixas.

Arremate: “Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador.” – Confúcio.



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