Arena única, torcida única – III
Quando há algum artigo assinado pela Luciana, eu gosto de ler, pois suas opiniões são ponderadas e trazem sempre algo de útil.
Mas alguns comentários nesta coluna eu gostaria de dar minha opinião.
A questão de atletibas, que já vivenciei desde os anos 60, mudou muito, mas muito mesmo, e para pior. Vi clássicos na Baixada, no Belfort Duarte, na Vila, no Pinheirão, em Laranjeiras do Sul e até no pátio do antigo colégio Santa Maria.
Eu carregava sempre uma bandeira quadriculada e fazia questão de andar com ela pelas ruas em dia de clássico. Cruzava na frente da torcida coxa (a parte descoberta do campo do coxa era dividida e o meio); é claro que levava mil xingamentos, mas nunca sofri agressões. Ia aos estádios ao lado de coxas; na saída alguém era gozado, o outro era xingado.
No estádio não havia barreiras policiais, não havia guerra de bombas ou de pedras, os policiais assistiam ao jogo naturalmente. Nas ruas não se via depredação de ônibus, não havia guerras e nem sangue. É claro que havia exceções, mas nada como o que se vê hoje.
Não vou mais a clássicos, não por causa do estádio, mas a circulação nas ruas. Triste fim para os meninos torcedores do Atlético e do coritiba no último domingo.
É impossível a SSP acabar com as atrocidades de torcedores, isto é, indivíduos com diversos problemas que resolvem aliviar-se após o jogo, e de tão covardes, só agem em grupos. Não são bandidos como se diz, pois estes estão agindo à luz do dia e diariamente na cidade.
Torcida única não resolve, pois o problema está nas ruas e não dentro do estádio. Como evitar que grupos de torcedores apedrejem torcedores rivais em dezenas de cantos da cidade? Como evitar que eles invadam dezenas de ônibus para agredir rivais e destruir o patrimônio público? Como evitar que alguns saiam armados a fim de intimidar seus rivais.
Acabar com atletiba não dá. Eu creio que o ideal seria realizar estes jogos longe de Curitiba e proibir o deslocamento de facções de organizadas para lá.
Quem sabe esta campanha de manifestação pela paz seja o início de educação àqueles que queiram civilizadamente torcer para um ou para o outro sem necessidade de ver o rival como inimigo, e ver o atletiba como um jogo e não como uma guerra.
Quem sabe a resposta do filósofo Tales de Mileto nas perguntas difíceis feitas a ele seja o que esperamos:
‘Qual é a coisa mais constante? A ESPERANÇA, porque permanece no homem depois que haja perdido todo o mais.’