Clássico com portões fechados
Um clássico como esse último Atletiba traz tanto mal à sociedade que penso que não deveria existir.
Um atleticano assassinado, ônibus depredados. O custo é muito alto. Não adianta querer dizer que basta aumentar o policiamento em toda a cidade. O policiamento poderia ser muito melhor, é verdade. Mas é impossível haver policiamento em todos os pontos da cidade e, mesmo havendo, há a chance de vir um bêbado assassino com carro disposto a atropelar outra pessoa só porque prefere outras cores.
Achar que o aumento do policiamento resolve tudo é como achar que os anti-retrovirais vão resolver o problema da AIDS no mundo. Antes de tudo é necessário a prevenção. Assim como na AIDS é necessário o uso de preservativo para se prevenir, com mortes e vandalismo no futebol é a mesma coisa. Essa situação (o clássico com 2 torcidas rivais) deve ser prevenida.
Não é a primeira vez que esse jogo traz mortes, traz milhões de prejuízos para a sociedade (desde depredação de ônibus até gastos com polícia que poderiam ser revertidos contra os bandidos do dia-a-dia). Os gastos com certeza são muito maiores que os lucros. E o pior, os gastos são públicos.
Um jogo como esse não poderia acontecer. Desculpem, sei que é legal ir no Atletiba. Já fui em vários. É uma emoção diferente ganhar do Coritiba, ter as duas torcidas no estádio, mas não podemos por a vida dos outros em risco para consumarmos nosso prazer de ir nesse jogo. Então está na hora de mudar alguma coisa, não dá para continuar assim. Atletiba com portões fechados e transmissão na TV aberta seria uma solução.
Parece que se acontecesse isso, os bons torcedores pagariam o preço de não ir no estádio pelos erros dos maus. E é verdade. Mas serão 20 ou 30 mil torcedores penalizados. Do jeito que está, não são 30 mil, mas quase 2 milhões de curitibanos que pagam os custos desse clásico. Além dos que morrem por torcer por algum time. Qual o preço de uma vida? Vale a pena fazer com que todos assistam ao jogo na TV para salvar uma vida? Acho que vale, se você acha que não vale, é porque não é a sua.