1 nov 2009 - 14h56

“Ressacada”, por Fabiano Marques

Um dia perfeito de sol e praia em Florianópolis. Um feriadão e tanto nas areias da capital catarinense. O homem lá em cima caprichou. Temperatura na faixa dos 30 graus e céu azul. Só esqueceu-se de olhar por nós atleticanos. Se bem que, nos gramados da Ressacada, o desastre rubro negro não seria evitado nem que Deus entrasse no ataque, porque a nossa defesa estava um inferno.

E que inferno! Os gols dos bananas de pijamas não são obra divina. Não para mim, devoto do Furacão. Como foi difícil ver aquela bicicleta pedalando na minha cara. Diante dos meus dois filhos, João e Vicente, 10 e 5 anos, fiquei com cara de idiota. Aliás, eu e a turma toda de atleticanos que foi ao estádio.

Sim. Aquilo era uma turma. Não era uma torcida de verdade. Digam o que disserem. Eu e meia dúzia torcíamos. Talvez uma, duas dúzias. O resto apenas assistia. Desculpem a crítica meus nobres torcedores. Sei que muitos viajaram os 300 km que separam Curitiba de Florianópolis socados em vans, carros e debaixo de muito calor para ver o jogo, mas, foi a pior participação que presenciei na nação vermelho e preta. Aliás, pegando menos pesado, ficou à altura do time em campo.

Antes da partida encontrei vários parceiros curitibanos. Um pessoal da Fanáticos. Alguns gatos pingados. Pensei comigo: cadê a maior do sul do Brasil? Onde estão aqueles que no ano passado apavoraram no Orlando Scarpelli? Pra onde foram aqueles torcedores que obrigaram, em 2008, a Polícia Militar a aumentar o espaço para visitantes?

Cadê? Sumiu!

Desânimo por perder e empatar nas rodadas anteriores? Ingresso caro? (50 reais naquela várzea da Ressacada) Feriado? Só perguntas, meus amigos. Só perguntas. Resposta, nenhuma.

Não há justificativa, por exemplo, para tantos passes errados. Mais uma pergunta. Só mais uma ou duas. E o Patrick? E a defesa? Pelo amor de Deus. Olha Deus de novo nessa história. Só rezando mesmo, só rezando.

Hoje é domingo, torcedor. Se for à missa e resolver se confessar, preste atenção: Quando, no confessionário, o padre descer o relho com uma série de penitências, diga ao de batina que você já pagou por todos os pecados e ainda tem crédito para muitos anos. Fale da sensação de acompanhar o Brasileirão de joelhos no pedregulho. Se o sacerdote insistir, é porque deve ser adversário na luta contra o rebaixamento. Nesse caso, sem violência, faça o sinal da cruz e saia calado, como fez no jogo de ontem. E, claro, espere o ano que vem, como fez no ano passado.

Fabiano Marques é jornalista. Entre em contato com o autor através do e-mail fabianomarx@gmail.com



Últimas Notícias

Brasileiro

Fazendo contas

Há pouco mais de um mês o Athletico tinha 31 pontos, estava há 5 da zona de rebaixamento e tinha ainda 12 partidas para fazer.…

Notícias

Em ritmo de finados

As mais de 40 mil vozes que acabaram batendo o novo recorde de público no eterno estádio Joaquim Américo não foram suficientes para fazer com…

Brasileiro

Maldito Pacto

Maldito pacto… Maldito pacto que nos conduz há mais de 100 anos. Maldito pacto que nos forjou na dificuldade, que nos fez superar grandes desafios,…

Opinião

O tempo é o senhor da razão

A famosa frase dita e repetida inúmeras vezes pelo mandatário mor do Athletico, como que numa profecia, se torna realidade. Nada como o tempo para…