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16 nov 2009 - 14h19

O palhaço sou eu

Sim, pois eu acreditava que o Atlético iria perder para o árbitro e seus auxiliares. Não fosse o mini apagão que deu aqui por causa da tempestade, diria eu que a arbitragem foi ótima. Enquanto tive sinal, não vi a cara muito menos a mão do Sálvio ou dos seus. E nem foi preciso ele apitar para parar a nossa zaga e depois validar os gols do Fluminense. Porque ela é estaticamente neutra. Ou seja, não honra a camisa, não tem amor pelo Clube, ignora nossa história, debocha de nossos sentimentos. O vínculo trabalhista atesta a permanência de suas incapacidades.

Numa destas peças que só o futebol nos prega, o óbvio não aconteceu. Novamente o Atlético perdeu para si mesmo, o que já se mostra uma marca registrada desde 2005. Contra um fraquíssimo time de pó de arroz, que não precisou mais de 3 ou 4 ataques para vencer a peneira desta turma desqualificada que se diz “defesa” rubro-negra.

Galatto e Rhodolfo são jogadores que vivem entregando os jogos. O primeiro nunca soube sair do gol e o segundo dá carrinhos que colocam o adversário na cara do nosso gol. Lamentável, mas há duas espécies de culpados, que não são eles. Uma, são aqueles que os obrigam a jogar. É hora de seus empresários virem a público e assumirem a co-responsabilidade pela obrigatoriedade de escalação destes boleiros de quinta categoria. Que expliquem as entrelinhas das cláusulas que nos obrigam a assisti-los, sem que nossa oportunidade do contraditório tenha respaldo legal.

-“Apareçam! Mostrem quem são vocês, azes dos negócios! Agenciadores da bola! Nobres mercadores da gambiarra alheia! Suricatos do deserto, raposas de quintal, pulgões do trigo, esclavagistas, beladonas, parasitas, vampiros, e tudo o mais que possa representar sua usura.” – e ainda tem gente que acha que eles não têm nada a ver com isso.

Covardes que se escondem atrás de procurações e contratos, agora ficam na penumbra aguardando uma eventual negociação, em conluio com a sempre conivente diretoria. É o balcão dos produtos vencidos do CAP. Quem achar que têm alguma validade, que os leve embora rapidinho, antes que a Vigilância Sanitária chegue e interdite o Clube – feito restaurante coreano que vende carne de cachorro – quer dizer, antes do rebaixamento.

Dá pena do Paulo Baier. Dá asco do Wesley. Dá raiva do Wallyson. Nei não causa nada, absolutamente mais nada. Os outros são os outros e só. Como disse a Paula Toller, eles não passam de outros quaisquer, mas serão a ‘base’ que continuará a nos dar o desprazer de ver sua pasmacéia em campo. Como exceção, também quem sabe o Marcelo. Dá pena do Marcelo.

Náutico e Santo André seguramente farão companhia ao Sport. A última vaga, provavelmente ficará com o Botafogo, em face de sua tabela, também em função de seu momento. Falar nisso, nos últimos oito jogos disputados – porque o Atlético jogou bola a última vez foi contra o Corinthians – valendo 24 pontos, ganhamos apenas 9. Três derrotas, três empates e só duas vitórias, estas contra os desmilinguidos Santo André e Goiás: momento igualmente delicado.

Delicados, mas não pude chamá-los de bonecas. Porque as bonecas servem para brincar. Estes caras, nem pra isso. São ruins de doer mesmo. Artefatos plásticos nocivos à saúde, que merecem um bom e pesado rolo compressor a destruí-los. Assustam as criancinhas, envergonham os adultos.

Não se esquecendo da segunda espécie de culpados: os conselheiros. Estes que se revezam no pódio da vitória, e quando chega todo final de ano se escondem atrás do próprio rabo, ferido, sanguinolento e supurativo de tanta omissão frente à sujeira repetida. Quando o ano que vem começar, assinarão embaixo as renovações de contratos dos jogadores da “ótima base” que permanecerá para o “ano vitorioso”. Que promete muito, pois do costumeiro 11º, agora acabaremos no 16º, num pau brabo. Isso se não se arregarem pro Botafogo aqui dentro. Imaginem 2010, o Ano do Brasão: calendário chinês pra Bolicenho dormir, na maior tranqüilidade zen. Zen competitividade, zen título, zen vergonha na cara.

A ‘base’, tal qual a base do solo litorâneo catarinense, de rodoanel paulista, dos prédios de Naya.

Às vezes penso que deveríamos cair mesmo para acontecer o saneamento básico que tanto precisamos, tal qual foi com Grêmio, Palmeiras, Vasco. Uma limpeza com K-Othrine, Q-Boa, Cation, defensivo agrícola, etc. Porque o próximo ano vai ser a mesma história. Nós, pendurados em nossa paixão, vencendo o estadual, saindo precocemente dos campeonatos importantes e deixando para as últimas rodadas o suspense do descenso no Brasileirão. Eles, acobertados por suas renovações e contratações espetaculosas.

-‘Respeitável público! Com vocês, as novas atrações para 2010!’ – de fazer o Arrelia se revirar no túmulo.

Denunciados por copos de papel, revistas, balas de goma e traques de São João. Enquanto que invasão de torcedor dá apenas um jogo pra paulista – sendo que ficará para a última partida – achincalhamento de árbitro via rede nacional fica por isso mesmo. Enquanto que auto-bombas, superlotação e violência não dá em nada para coxas. Enquanto fazemos tudo e mais um pouco para a alegria de cariocas, RPCistas, imprensa “paranaense” e quem mais estiver precisando se reerguer no campeonato. Tudo em função da pífia ‘representatividade’ dos dirigentes da hora.

E para eles, os “gestores inteligentes” está tudo muito bem. “Basta não cair”, foi o que disse o mandatário para Geninho no início do ano. De novo, estaremos “disputando as três primeiras colocações”… na verdade não somos capazes de ganhar nem as três primeiras prostitutas do Montanha Drinks.

E que eu não caia mais no conto dos vigários, que novamente nos fizeram de palhaços. Eu assumo minha retardada condição de “sócio PFC”, torrando mais de R$ 600,00 no ano pra ver esta vergonha em campo. Pura palhaçada doméstica. Torcer por gente que se preocupa mais com trancinhas, apliques e alisamentos do que jogar bola direito. Os “predadores”… só se forem predadores de quero-queros.

Sim, eu fui novamente um palhaço. Não do circo canadense, mas palhaço do “Cirque di Lune”, cujos vermes que sabemos viver do lado escuro que eles não reconhecem, e passeiam na luz dos dias em nossa cara. O grito da torcida está no infinito, longe daqui, dos ouvidos que eles tapam com cenouras, os ruminantes administradores de viseiras turfistas, que se recusam a olhar os próprios dentes, comendo cubos de açúcar mas arrotando caviar à nossa frente.

Resta apenas uma vaga. Ou Botafogo, ou coxas ou nós. Tanto foi o descaso, que agora dependemos não só de ganhar do Cruzeiro, mas de pontuar sobre os dois últimos também.

Dá licença que eu vou tirar o meu nariz vermelho artificial, deitar e tentar sonhar com uma vida mais decente. Planejar meu amanhã, mas de cabeça fria. Coisa que os conselheiros não sabem o que é. Nem planejar, nem cabeça fria, nem deitar, quiçá ficar em pé, com a consciência limpa.

-“É isso aí, Presidente: esse time tem a sua cara! Eu, tenho cara de palhaço, mas tu… tem a cara desse time. Um verdadeiro time de mer**!”

Arremate: (vejam onde é que eu fui parar… Vanuza – aquela do hino – numa composição de Antônio Marcos e Sérgio Sá… só este Atlético Total mesmo) – “Sonhos de um palhaço”

“Vejam só
Que história boba
Eu tenho pra contar
Quem é que vai querer
Me acreditar
Eu sou palhaço sem querer…
Vejam só
Que coisa incrível
O meu coração
Todo pintado e nesta solidão
Espero a hora de sonhar…
Ah, o mundo sempre foi
Um circo sem igual
Onde todos representam
Bem ou mal
Onde a farsa de um palhaço
É natural…
Ah, no palco da ilusão
Pintei meu coração
Entreguei, entreguei amor
E sonhos sem saber
Que o palhaço
Pinta o rosto pra viver…
Vejam só e há quem diga
Que o palhaço é
No grande circo apenas o ladrão
Do coração de uma mulher…”



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