Sem-vergonha; é esse o futebol e o país que queremos?
Ninguém duvida que o Flamengo pode vencer o time do Grêmio, no domingo, na última rodada do Brasileiro e se sagrar campeão. O que é inadmissível é o Grêmio não entrar em campo com todos os seus titulares, com força máxima, para honrar as tradições da sua camisa secular. Pior ainda é a torcida gremista – ou parte dela – defender que o seu time do coração entregue o jogo, para não beneficiar o seu maior rival, o Inter, que poderia chegar ao título, se o Grêmio vencer e o Colorado também.
Sempre acreditei na honra, como uma característica inegociável. Vejo, com tristeza, que muitos não pensam assim. Admitem se entregar, fazer corpo mole, para prejudicar a outro, mesmo que seja rival.
Sempre acreditei que um time de futebol tivesse a obrigação moral de entrar em campo para vencer. Mas já vi que não é bem assim e que vergonha na cara é artigo raro, no futebol, como na vida do nosso país.
‘Fazer o quê?’, dizer os conformados que não se revoltam, que não lutam pelos seus direitos, que não defendem suas cores e opiniões, que não votam contra este bando de corruptos que domina nossa política, que se vende por uma dentadura ou uma bolsa família, ou que abre mão da honra e da obrigação de entrar no jogo do futebol e da vida para vencer.
Escrevo, triste, estas poucas linhas, para protestar contra a atitude de alguns gremistas que reflete a falta de ética, de honra, de moral e de vergonha na cara de uma grande parcela do povo brasileiro.
Credibilidade é nosso bem maior. Na vida, nos negócios, no marketing, na política, na publicidade, no jornalismo, nas artes, na religião de cada um…e no futebol que deveria ser nossa alegria e orgulho maior. Afinal, esse é o chamado ‘país do futebol’!
Se o futebol perder a credibilidade, não temos porque ser sócios, comprar produtos licenciados, ir ao jogo, torcer, sofrer, amar nossos times.
São todos uns sem-vergonha na cara?
Como desenvolver o marketing e fortalecer os times de futebol do Brasil sem credibilidade? É mais do que uma missão impossível. E o mau exemplo, infelizmente, parte dos dirigentes e dos torcedores.
É esse o futebol e o país que nós queremos? Sem-vergonha?