Entre-safra atleticana
A cada ano que passa notamos que a entre-safra atleticana tem se tornado menos eficiente, e essa falta de planejamento e investimento, que se fazem necessários, prejudica a futura colheita. Estamos vivendo um dos maiores períodos de seca dos últimos tempos. O Atlético, contrariando o estado que representa, não consegue se organizar e estabelecer um projeto que tenha como objetivo lucrar mais adiante.
Esse tempo existente entre o final do Campeonato Brasileiro e o início do Campeonato Paranaense é de fundamental importância para plantarmos aquilo que pretendemos colher no final do ano de 2010. É essencial que neste meio tempo contratemos jogadores que venham para fazer a diferença e mantenhamos jogadores que tenham vontade de fazer um Atlético forte, em busca de títulos e a fim de bater o recorde de colheita anual.
Entretanto, para que isso seja feito com sabedoria, precisa-se estar sempre atento durante o ano todo, e também fazer previsões orçamentárias, estabelecer planos e metas para saber investir no que realmente dará retorno. Devem-se evitar as especulações e agir com assertividade. Isso deve ser feito muito antes e não somente agora. Quanto mais planejamento, menos erro.
Quero acreditar que o Atlético não cometerá o mesmo erro dos últimos quatro anos, e que existe uma comissão técnica que, há pelo menos três meses, esteja avaliando jogadores Brasil a fora, que possam reforçar o Furacão, porque é este o prazo mínimo que se precisa para sair na frente dos outros clubes no período de entre safra.
Para não ser injusto, vou começar mencionando o contrato estabelecido com o xará goiano, que estipulava a vinda de um dos seus três melhores jogadores para compor o elenco Rubro-Negro no ano de 2010 em troca do beberrão zagueiro Antônio Carlos, que saiu de graça. Foi uma atitude digna de aplausos, porém me pareceu mais sorte que juízo, pois tínhamos encostados mais cinco do nosso elenco então atual por déficit técnico, entre eles Zé Antônio (que foi a troco de nada para o Sport) e Rafael Moura, que eram sem sombra de dúvidas sonhos de consumo de alguns times da série B e poderiam ter sido usados como moeda de troca ao invés de ficarem simplesmente encostados e recebendo uma nota para simplesmente saírem de casa para treinar. Ao invés da diretoria ficar esperando uma proposta, poderia ter ofertado os atletas de maneira mais clara, facilitando a ida desses jogadores para qualquer time da divisão inferior visando um benefício futuro para colher lá na frente.
Um exemplo claro que acho que poderíamos ter aproveitado melhor foi a venda do mal-agradecido zagueiro Danilo, que foi para o Palestra Itália por um milhão de euros e mais 20% numa futura negociação. Esse dinheiro foi todo para reforçar o caixa do clube e lá se mantém inerte, e dinheiro inerte não é sinônimo de investimento, e consequentemente não renderá nada no futuro. Acabará servindo para pagar alguma dívida do clube. E se tivéssemos envolvido nessa negociação algum bom jogador que não será aproveitado no clube paulista no próximo ano? Um exemplo é o atacante Robert, que além de ser um jovem jogador, que quer mostrar serviço, demonstrou muita qualidade no ataque palmeirense quando foi solicitado, decidindo alguns jogos importantes no campeonato brasileiro. Seria um ótimo negócio, visto que nosso ataque praticamente não existiu no ano de 2009 e, além disso, estaríamos trocando joio por trigo.
Outro exemplo é o Náutico, recém caído, que tem como um de seus grandes ídolos o nosso Netinho. Não acredito que o Náutico terá receita suficiente para segurar o bom atacante Bruno Mineiro, que fez diversos gols com a camisa alvirrubra. Por que não uma troca entre esses dois atletas?
Fabiano e Luciano Henrique do Sport Recife são outros dois belos nomes que poderiam jogar no atual time do Atlético com muita facilidade.
Nenhum clube do eixo procurou por estes jogadores ainda. O Atlético já poderia ter previsto isso, uma vez que o Sport está rebaixado para a Série B desde o final de outubro.
O Atlético, como time grande que é, deveria fazer valer seu nome para fechar acordos pré-contratuais com alguns desses bons jogadores.
Os nomes de bons valores e que não tem uma pedida alta no mercado surgem com facilidade na minha cabeça, poderia ficar o resto da noite citando exemplos.
Ao contrário dos clubes de maior receita no Brasil, que tem como investir de imediato em jogadores que se destacam e que tem um custo elevado, nosso clube ainda não tem capacidade financeira ou não possui parceiros de peso para a contratação de grandes nomes, contudo, com organização e planejamento tudo se torna mais simples e com nossa torcida apoiando na colheita da safra, tudo se torna possível.
Os resultados dentro de campo são diretamente proporcionais a investidores querendo comprar nossa marca. Investimento a médio/longo prazo é o melhor investimento para se fazer para um clube ainda não independente financeiramente. Planejamento é a palavra chave.
Tomara que a atual diretoria do Atlético também leve tudo isso em consideração e comece agir de maneira diferente, pois se queremos resultados diferentes não podemos agir de maneira igual.
Como diria um antigo provérbio chinês: o plantio é livre, a colheita é obrigatória.
Não há limites para um Atlético unido.