Quem foi ao jogo ontem, às 19:30 (péssimo horário pra jogos de futebol), teve a oportunidade de ver a volta de um fantasma aos campos de futebol.

Esse fantasma, pra quem, como eu, viveu o futebol nos anos 80, era um time chato de Ponta Grossa que jamais ganhou qualquer coisa, mas que dava muito trabalho pro Atlético.

Só que pelo que vimos ontem, parecia que o verdadeiro fantasma não era o Operário, mas o seu adversário de camisas rubro-negras.

Um fantasma que vaga pela Arena em busca do bom futebol perdido desde 2004-2005…

Começa o jogo e o Atlético lembra o mesmo time apagado do ano passado apesar da mudança de alguns jogadores. Também, pudera, o treinador é o mesmo Antônio Lopes, que não abre mão do jogo defensivo. Mudam as peças, mas o desenho tático continua o mesmo.

Não entendo nada de futebol em comparação com o delegado, mas na minha pobre visão, armar um time com três zagueiros e dois volantes na Arena, contra o Operário, é excesso de cuidado. Tudo bem que os alas sobem com mais liberdade para o ataque, mas levam a jogada muito para as laterais e lá quase sempre o que se vê é uma briga de foice destes alas com vários defensores adversários e as jogadas acabam morrendo por lá.

Enquanto isso, o ataque que sobra – dois atacantes e um meia mais avançado – tem que se desdobrar para conseguir algo lá na frente.

Ah! Que saudade daqueles times velozes que partiam em zigue-zague em alta velocidade, no contra-ataque, driblando, tabelando pelo meio, tocando na bola com qualidade, virando o jogo, arriscando, tão rápido que só quando a bola estava no fundo das redes você sabia quem tinha feito o gol ou participado da jogada.Adriano, Lucas, Kleberson, Lima, Dagoberto, Ferreira, Kleber, Washington, Ilan, Fernandinho, Aloísio, Jadson, o futebol bem jogado, a bola bem trabalhada…que saudade!….bem…deixa pra lá…os tempos são outros…

Depois de 43 minutos onde vimos poucas e más jogadas de ambos os lados eis que Netinho toca, com categoria, com um leve toque por cima do goleiro Danilo.

1 x 0 e achei que no segundo tempo o time de Ponta Grossa ia cansar e o Atlético abriria larga vantagem.

Mas pra surpresa de todos o Atlético foi cansando, cansando, parecia um bonequinho quando a pilha vai ficando fraca e o fantasma de Ponta Grossa começou a assustar de verdade.

Em alguns escanteios algumas cabeçadas passaram muito perto do gol. Mas não dava pra acreditar que eles fariam algum gol.

Só que a bruxa estava solta mesmo e assim, com menos de dez minutos pra acabar o jogo, a virada pontagrossense aconteceu. Dois belos gols. O segundo, surgido de uma falha de Kaio que entrou muito mal no jogo. Antes dele Raul quase havia entregado quando perdeu uma bola, deu a chance pro Operário cobrar uma falta e na seqüência o jogador do Operário perdeu um gol inacreditável!

Foi a derrota do time que cansa antes do jogo acabar e deixa o adversário, mais preparado fisicamente, derrotá-lo em questão de minutos.

Sem dúvida nenhuma, o verdadeiro fantasma era o Atlético e não o Operário; mas um fantasma que não meteu medo em ninguém e que terminou o jogo se arrastando.

O Bruno Mineiro entrou e o pouco que fez, foi melhor do que o Patrick e o Wallyson fizeram juntos no jogo todo. O Wallyson irritou a torcida até na hora de sair, pois deixou o campo lentamente quando estava 1 a 0 ainda. Só que deixar o Bruno Mineiro sozinho lutando com dois, três, é complicado. Tem que ter alguém com qualidade junto dele para ajudá-lo nas jogadas.

Marcelo até que entrou bem, pelo menos tem mais coragem, parte pra cima dos zagueiros. Tem muita auto-confiança. Mas precisa aprender a bater um lateral e ser menos fominha.

Manoel foi disparado o melhor do jogo, não errou uma bola. Rhodolfo e Chico, a raça e a grossura de sempre.

Netinho enquanto esteve em campo esforçou-se para substituir Paulo Baier à altura e foi recompensado com um belo gol. Não entendi porque saiu.

Quanto a Kaio, Renan e Raul, pelo que apresentaram ontem eles têm que melhorar muito para serem titulares de um time como o Atlético.

A verdade é que pelo futebol apresentado até aqui não dá pra esperar muita coisa do Atlético neste 2010. Ainda é cedo, a preparação física deixa a desejar e muitos jogadores tendem a melhorar com o tempo, mas o campeonato paranaense não é um campeonato fácil e as equipes do interior quando vêm jogar aqui fazem o jogo da vida delas, porque é a chance delas aparecerem para o mundo, para o Brasil, para o próprio Atlético. Eu ainda confio que com a recuperação de Claiton, Paulo Baier e Alex Mineiro o Atlético montará um time bem melhor que o de ontem. Bruno Mineiro pode melhorar. Já deu pra ver que ele tem qualidade. E torço pra que os colombianos engrenem. Mas pra um campeonato brasileiro a diretoria terá que trazer mais e melhores jogadores se quiser algo mais do que escapar do rebaixamento de novo..