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21 jan 2010 - 11h25

Sonhos

É tão fácil agradar a torcida atleticana, mas ao mesmo tempo parece tão difícil. Antigamente, nos anos de vacas magras (que eram muito mais presentes que os anos de conquistas) aceitava-se ver um time fraco em campo, pois era com o que podíamos contar. Mas jamais se aceitava ver um time sem personalidade, sem alma como vemos hoje em dia.

Aceitava-se ver um time com Caçula e Biluca sem pestanejar porque ninguém havia nos prometido que teríamos mais do que aquilo em campo. Ficávamos felizes porque os atleticanos Micheletto (Milli) e João de Oliveira Franco Neto (Jofran) estampavam a marca de suas empresas na nossa camisa em troca de algum dinheiro para o Clube, porque sabíamos que era o que a realidade nos permitia.

E naquele tempo, apesar de tudo, éramos felizes com a realidade que tínhamos. Sofríamos? Sofríamos sim, mas talvez de uma maneira diferente, pois tínhamos consciência daquilo que poderíamos ter. Não esperávamos muito, mas nunca perdíamos as esperanças. Sempre aguardando o dia em que as coisas seriam diferentes, esperando o dia em que o Atlético nos encheria de orgulho e todo aquele sofrimento passado valeria à pena.

Não sonhávamos alto, e por isso não nos importávamos tanto com a realidade que tínhamos. Tínhamos como heróis aqueles que demonstravam ser mais guerreiros em campo, aqueles que vestiam a camisa rubro-negra com amor, aqueles que colocavam a paixão no bico da chuteira e nos faziam vibrar de emoção. Os momentos de alegria eram poucos, mas eram extremamente valorizados na sua essência.

Não sonhávamos tão alto, ou melhor, sonhávamos, mas não tínhamos tanta certa certeza de que os nossos sonhos pudessem se realizar um dia. E um dia, muitos dos nossos sonhos se realizaram, a nossa Baixada tornou-se o melhor estádio do Brasil. O nosso time estava a competir entre os grandes, sendo Campeão Brasileiro. Chegamos a Libertadores da América e por pouco não a conquistamos.

E então, o atleticano que até há pouco acreditava que seus sonhos eram irreais ou improváveis começou a acreditar que todos eles eram possíveis. Pois alguém nos mostrou que eles eram. Volto a dizer o que já escrevi aqui um dia: “Eu só quero o que me prometeram: o Atlético grande como é nos meus sonhos. Se por acaso não conseguirem cumprir o que me prometeram, deixem a vez para outros, por favor.”.

Não quero mais ler ou ouvir promessas, quero ver os meus sonhos concretizados. É tão fácil agradar a torcida atleticana, mas ao mesmo tempo parece tão difícil.



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