As vaias de Raul
Comecei a frequentar o estádio quando o time jogava no frio do Pinheirão. A torcida do Atlético era muito vibrante e me lembro que, mesmo perdendo para Matsubara, apoiava o time o jogo todo. Meus ídolos de infância eram André e Carlinhos Sabiá.
Quando eu tinha uns quatorze anos, um tio meu me levou num jogo do Coxa contra Sport de Apucarana, e no meio daquele bando que só xingava o próprio time eu senti orgulho de ser atleticano, fazer parte de uma torcida que empurrava o time e não ficava matraqueando, como faziam os coxas.
Não sei se alguns torcedores que hoje frequentam a Baixada passaram a torcer com o título em 2001, estão pensando que o Atlético é o Barcelona, mas cada vez que vou ao estádio me assusta a ira da torcida contra o próprio time.
Ontem, contra o Cianorte, vi diversos torcedores hostilizando o garoto Raul, que nem entrou em campo. O garoto saindo para o intervalo e também quando fazia o aquecimento no segundo tempo, ouviu diversos xingamentos e ameaças. Tenho que dizer, senti muita vergonha de estar ali e pena do menino.
O Raul é um garoto. Surgiu no time vice-campeão da Copa São Paulo, era sem dúvida um dos melhores jogadores do time.
No ano passado, me lembro que a torcida toda pedia a presença dele em campo. No primeiro jogo foi ovacionado pela torcida após fazer boas jogadas.
Ele tem deficiência na marcação, tem sim. Mas é garoto ainda, e assim como o Alan Bahia aprendeu (o suficiente) a tocar a bola, o Raul também pode aprender a marcar.
Agora, é um jogador em formação, com grande potencial, precisa de ritmo de jogo e confiança pra jogar bem.
Não tenho dúvida que será um grande lateral-direita, não foi à toa que o Grêmio tentou levá-lo para o Olímpico.
Então, peço um pouco de calma à torcida, que tenha mais respeito por nossos atletas e que jogue junto com o time, não contra.
Se for pra vaiar, que seja depois do apito final, durante o jogo, estamos todos juntos, no ataque e na defesa.