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20 fev 2010 - 13h12

Ética, honra e os fundamentos de um time de futebol

Torcer por um time de futebol envolve tanto as mais bestiais como as mais nobres emoções humanas. Inclusive as fundamentais que oscilam entre a busca por poder e a satisfação da vaidade.

Isto vale para todo ser humano, seja torcedor ou dirigente.

Eu e toda imensa torcida atleticana queremos torcer por um time vencedor. Temos vaidade, queremos disputar títulos! É lícito imaginar que ao dirigente isto também é válido, somando que seu anseio de poder estaria satisfeito por dirigir seu Clube de coração. Agora se algum doente nefasto e mal humorado quer usar o clube para ganhar dinheiro, que anuncie quando se candidatar assim os eleitores poderiam melhor decidir entre os candidatos .

Como na física da relatividade, observada inicialmente pelo frances Jules Henri Poincaré, o tempo aqui também está presente com importância em outro sentido. Na física clássica, 3 pontos são fundamentais para definir um plano. No caso do Atlético Paranaense também só sobreviverá se os fundamentos forem respeitados, ou então a casa cairá. Ter um campo de jogo, gente (torcida, administração, jogadores, auxiliares etc.) e camisa. Aqui também o tempo entra com importância. Respeitemos o passado com visão de futuro: camisa junto com a história. Todos são fundamentais. Dois são insuficientes.

Tire-se o campo de jogo, como ocorreu conosco quando abandonamos nossa casa –a Baixada- e fomos jogar no Pinheirão e sustentar a política de discutido gestor. Quase morremos. Ressurgimos quando voltamos para nossa casa. Nem seria necessário ser tão modernizada, a outra famosa Baixada (Vila Belmiro) embora hoje tenha placar eletrônico –que não temos- no restante basicamente permanece como foi nos tempos de Pelé, é a respeitada, embora humilde, casa de um grande time. Poderíamos ter permanecido na velha e querida Baixada, pelo que ouço hoje concluo que houve ali, uma oportunidade de negócios, como sócio contribuinte desde muito antes e durante a construção, entendo que o torcedor deve colaborar com seu time, lamento ouvir que jogadores por nós formados, mantidos, tenham sido desviados para benéfico pecuniário de outrem.

Seria estratégia racional –seja torcedor, sócio ou dirigente- cooperar com seu time, nosso Atlético, sem interesses financeiros. Vibrar com as vitórias. Com tristeza ouço que alguns usaram nosso FURACÃO, querendo –apenas- vantagens, ganhar dinheiro (deve ser doente?) usando o time. Que não deveria ter dono, é um patrimônio de nosso Estado e de milhões de torcedores. Apaixonados. Precisamos de dedicação, competência, ética e não de oportunistas gananciosos.

Tire-se a história (ou não a tenha) que o time igualmente não existe, ou morrerá logo. O Cosmos de Nova York, em 1977 houve Pelé, Beckenbauer, Chinaglia, Carlos Alberto Torres, entre outros jogadores e morreu. Próximo de nós o Colorado também morreu. O mesmo vale para os muitos times cheios de petrodólares nas Arábias. Se os fundamentos são esquecidos, o que resta é insuficiente. Mesmo que tenha grandes atletas, e imensa torcida. Tem de ter história, tem de ter camisa e respeitá-la ou morrerá! Um time só sobrevive no tempo se respeitar: seu campo de jogo, possuir e honrar (tem que ter ética) sua história, existir gente adequada entre seus torcedores e gestores, nos diversos setores.

Aqui no sul do Brasil temos –especialmente- dois times que respeitam esses fundamentos e estão “fora do eixo”. E sobrevivem com honra ou vencem as competições que disputam apesar de, no futebol, a parcialidade, o bairrismo anti-republicano dos cariocas e paulistas é imensa. Eles possuem ou buscam gentes adequadas para atuarem dentro e fora do campo, respeitam seu campo de jogo, e respeitam sua camisa e história. Os administradores não vêm a “paixão por seu time” como uma oportunidade de negócios. Fazem-no por prazer, justa vaidade por presidir seu time – anseio de poder com ética- perante milhões de torcedores.

Nosso time tem vivido disputas sem honra, lutando para não cair, ou andando de lado pelas tabelas, com permanente alegação que o clube não tem recursos –porém bons jogadores vão embora- não mantemos os atletas que revelamos e devolvemos os que tomamos emprestados, e queriam aqui permanecer, porém ouvimos que “seus clubes” os queriam de volta. Nosso belo estádio e nossa camisa são insuficientes.

Não basta ter dois dos fundamentos, campo de jogo e camisa. É preciso gente. Dentro e fora do campo. Nem atletas medianos permanecem para honrar nossa história . Viramos um entreposto de jogadores, um “balcão de negócios”. São negociados –com lucro- para beneficio de outrem, outros times, outras histórias, outras camisas, com perene justificativa que nos faltam recursos, quando muitas das vezes somos nós, aqui no CT do Caju, que somos sabotados e nosso recurso humano aqui formado vai embora. É preciso ética.

Melhor seria disputarmos com honra campeonatos de outra ordem ou a segunda divisão que outrora disputamos contra o Barra do Garça, Caruaru, Corinthians de Alagoas em busca e disputando os títulos.

Estou certo que se mantivermos os bons jogadores, recurso humano aqui formado por 3 ou 4 campeonatos, mesclados com alguma experiência externa, disputaremos títulos com honra, e os atletas que –depois- virão das escolinhas do Furacão para benefício “do Furacão” poderiam então repor alguns que forem vendidos após este período, com o valor da negociação entrando –integralmente- no caixa do Atlético Paranaense.

Também estou certo que o poder e a mídia do RJ e SP iriam nos respeitar e divulgar, pois nos respeitamos, mantivemos nossos atletas, disputamos títulos e respeitamos nossa história.

Precisamos recuperar a ética, a honra e reconhecer os fundamentos de um time de futebol dentro de nossa casa, para benéfico da grande nação rubro negra –“a maior do Sul do Brasil”- nosso querido Furacão, o Clube Atlético Paranaense de todos nós.
Aldino Beal



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