Como descrever a primeira paixão de uma pequena criança de sete anos de idade, em meados de 1980? Criança que vinha de uma educação rígida e que não saia quase nunca de casa, e que num belo domingo escuta seu pai falar, ”filho vamos ver o meu atlético”!!!

Chegar ao estádio e ver toda aquela loucura, muita correria de torcidas, brigas, policiais a cavalo que pareciam gigantes, palavrões gritados aos ventos, cantos sagrados de torcedores fanáticos e naquele mundo novo todos pareciam felizes e a euforia tomava conta, eu pequeno e assustado agarrado na mão do meu pai, ele sorria e me protegia, a curiosidade em descobrir o que tinha depois daqueles portões me puxava.

Ao entrar olhos esbugalhados, um mar vermelho e preto, centenas de pessoas com roupas iguais com caveiras nas costas pulando, gritando,cantando como se dependessem daqueles gritos para viver, um tapete de grama lindo como cenário, bandeiras enormes, naquele momento a pequena criança pensou que seria a melhor imagem do dia, que engano.

Estou sentado e observando tudo e de repente explode uma loucura única com fogos, batuques, mais gritos, papel higiênico para todo lado e muita fumaça vermelha e preta, ao diminuir a fumaça olhei para frente e vi onze guerreiros no nosso manto atleticano saudando aquela torcida de “Fanáticos”!!!

Não me lembro direito do gol do furacão naquela tarde, mais a paixão que tive naquele domingo é eterna, um misto de surpresa, curiosidade, felicidade, vontade que aquele momento não acabasse, hoje tenho 36 anos e sou atleticano e agradeço ao meu pai por aquele momento mágico que apaixonou o pequeno torcedor, paixão essa que eu carrego e passo para o meu pequeno filho, com o mesmo amor que tive a oportunidade de sentir a cada ida ao saudoso Pinheirão.

Paixão que passa de pai para filhos e deixa acessa a chama Atleticana, que incendeia as arquibancadas e faz todos os adversários temerem o Furacão e sua torcida de Fanáticos!

VIVA FURACÃO….SOPRE FURACÃO……GANHE MEU FURACÃO!