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25 mar 2010 - 23h43

Coisas inacabadas

Não sou dado a politicagem, mas alguns tópicos deste texto, publicado em site, chamou a atenção e deve ser analisado com cuidado e, entendo, respondido pela atual diretoria, pois falam em números, no mínimo estranhos se mantidos até o final de alguns contratos.

A cada dia, os fatos vão desmentindo as afirmações injuriosas do presidente do Atlético Paranaense, Marcos Malucelli. O relato das contratações feitas na gestão da atual diretoria também entra na lista das informações imprecisas relatadas à imprensa na entrevista coletiva do dia 23 de fevereiro de 2010, na Arena da Baixada.

Durante a entrevista, Malucelli falou sobre os atletas contratados nos anos de 2009 e 2010 e relata a vinda de Lima, Jorge Preá, Marcinho, Wesley, Rodrigo Dias, Eduardo, Paulo Baier, Alex Mineiro e Claiton. A lista, porém, está incompleta.
Três contratações que se revelaram verdadeiros fiascos não foram lembradas pelo dirigente atleticano: as do meia Jhonatan e dos atacantes Zulu e Brasão.

Zulu foi adquirido pelo CAP em agosto de 2009, junto ao Criciúma. O jogador, porém, participou de apenas três partidas e não marcou gols. Em setembro, foi trocado por Brasão, do Atlético Goianiense. Brasão não disputou uma partida sequer pelo CAP. Ao final da temporada, foi devolvido ao clube goiano. Atualmente, está no Santa Cruz de Recife-PE, equipe que disputa a quarta divisão nacional.

O caso de Jhonatan é ainda mais curioso. Revelado pelo Grêmio, chegou ao CT do Caju em 2009, para um período de testes junto aos juniores. Ele não foi aprovado pelo então treinador da equipe, Marquinhos Santos. Mesmo assim a diretoria decidiu ficar com o jogador exercendo a opção de compra de parte dos direitos econômicos por R$ 180 mil reais junto ao procurador do atleta. O Grêmio o dispensou o por incapacidade técnica!

O investimento foi inútil. Jhonatan participou de poucas partidas pelo time de juniores. Em 2010, ultrapassou a idade limite para a categoria ao completar 21 anos. Sem espaço na equipe profissional, atualmente treina separado do grupo comandado pelo técnico Leandro Niehues, com contrato em vigência até janeiro de 2014, recebendo salários de R$ 14 mil por mês sem trabalhar.

Outra contratação “esquecida” por Malucelli foi a do volante Rafael Miranda. Ele veio para o CAP por empréstimo junto ao Atlético Mineiro até o final de 2009. O jogador foi bastante utilizado pelo então treinador, Antônio Lopes. Mas, como o meia Wesley, veio sem opção de compra, jogou como titular e deixou o clube sem nenhum retorno financeiro ao CAP.

“Mais chuteiras”

Algumas afirmações do atual mandatário do CAP chegam a parecer piada. Durante a campanha das eleições para a presidência do clube, no final de 2008, Malucelli lançou o bordão “mais chuteiras e menos tijolos”. Demagoga e populista, a frase contrapõe, como se fossem excludentes, os investimentos em contratação de jogadores aos feitos na infra-estrutura do CAP, como a construção, ampliação e reforma do CT do Caju.

Sem cumprir a promessa de montar um time vencedor, Malucelli tenta agora apontar qual foi o investimento em chuteiras feito por sua gestão: “Temos hoje, no total, 20 jogares da base num plantel de 32. Estamos favorecendo os nossos jogadores, formados por nós, pelo próprio Atlético. Isso poucos clubes têm. De 32 jogadores, 20 da sua própria base. São praticamente 70%. Isso, eu digo para vocês e quando perguntam nossos conselheiros, é investimento em chuteira. É você formar jogadores dentro de seu clube, com custo bem menor, para aproveitá-los e mais tarde até mesmo negociá-los para fazer caixa para o clube”.

Ora, o que é a revelação de talentos dentro do CAP senão o resultado do investimento “em tijolos” feitos pela diretoria anterior, antes menosprezado por Malucelli? Se hoje o Atlético tem em seu elenco uma maioria de jogadores formados em casa, isso é conseqüência direta dos investimentos não só na infra-estrutura do CT, mas também em profissionais e tecnologia de ponta, feitos ao longo dos anos em que o clube foi liderado pelo ex-presidente Mário Celso Petraglia.

Que mérito tem por esse feito a direção atual, que assumiu o clube há pouco mais de um ano? Quantos atletas contratou para as categorias de base? Ou aqueles chamados “semi-prontos”? Muito pelo contrário. Estamos perdendo, como nos casos do Nei, do Ronaldo e agora do Wallyson! Como será o nosso futuro próximo sem investimentos em atletas de grande potencial e talento?

“Valorização”

Apesar de os “pratas-da-casa” formarem a base do elenco profissional, a valorização dos jogadores da base durante a gestão Malucelli é bastante questionável. Ao longo de 2009, o CAP dispensou diversos atletas da equipe de juniores. Seis deles – Dênis, Lucas Claro, Douglas Catita, Janio, Daniel e Alamir – foram contratados pelo Coritiba e participaram do time que bateu o CAP na decisão do estadual de juniores de 2009, em plena Arena da Baixada.

O atual técnico dos juniores do Coritiba, Marquinhos Santos, também deixou o CAP durante a gestão Malucelli. Além de vencer o estadual, comandou o rival em campanhas superiores às do CAP no Brasileiro Sub-20, em 2009, e na Copa São Paulo de Juniores, já em 2010. Enquanto isso, o treinador contratado pelo CAP para substituir Santos, Enderson Moreira, abandonou o clube às vésperas da Copinha, para comandar o “time B” do Internacional. O Furacão teve que disputar o torneio com um treinador interino, Pedrinho Maradona, que atualmente comanda a equipe juvenil.

“Patrimônio”

Em certos trechos da entrevista, Malucelli parece estar brincando com a inteligência do torcedor do CAP. “Paulo Baier, Alex e Claiton, R$ 450 mil gastamos para trazer esses jogadores. Isso é investimento. Esses três jogadores pertencem ao Atlético. De maneira que, se eventualmente tiver alguma transferência antes de terminar o contrato, o que for apurado na transação virá para o Atlético”, afirmou.

Seria Malucelli ingênuo a ponto de esperar algum retorno financeiro com a negociação de jogadores veteranos, todos com idades entre 32 e 37 anos? Sendo que dois deles ainda nem puderam atuar de forma efetiva pelo clube, devido às condições físicas em que foram contratados e às seguidas contusões? Que mercado pode haver para esses atletas, no Brasil ou no exterior? Como ingênuo ele não é, só pode estar menosprezando a inteligência e a experiência dos nossos torcedores, hoje acostumados a grandes times e exigentes como nunca.

Lembrando que o valor de R$ 450 mil citados por Malucelli não incluí os salários e luvas recebidos por esses atletas. Paulo Baier foi contratado com salário de R$ 140 mil por mês no Campeonato Paranaense e R$ 160 mil no Brasileiro. Recebeu R$ 300 mil de “luvas” quando assinou o contrato.

Claiton, que ainda nem atuou pelo clube desde o seu retorno, recebe R$ 75 mil mensais. Ganhou R$ 150 mil de “luvas” na assinatura do contrato, que vai até o final de 2011. Já Alex Mineiro ganha R$ 125 mil mensais e o CAP ainda arca com 10% de comissão para seu agente.

Ou seja, apenas estes três jogadores custam aos cofres do CAP cerca de R$ 4,6 milhões por ano, sem contar os impostos. No total, a conta ultrapassa os R$ 6 milhões anuais.

Outras contratações de Malucelli também são investimentos para lá de duvidosos. Zulu recebia no CAP salários de R$ 15 mil por mês. Brasão, sem disputar uma partida sequer, ganhava R$ 12 mil mensais.

O argentino Rodrigo Dias é um caso ainda mais estranho. O jogador passou por um período de avaliação de três meses no CT do Caju e foi contratado com salário de 10 mil dólares por mês. Após outros três meses, foi dispensado sem nunca entrar em campo com a camisa rubro-negra.

Já o zagueiro Everton, que também pouco atuou pelo Furacão, recebia R$ 8 mil por mês. Mesmo valor que Malucelli não aceitou pagar para o jovem zagueiro Ronaldo, que foi titular na reta final do Brasileirão 2009. Como todos sabem, Ronaldo deixou o CAP e hoje defende o Internacional. É essa a valorização dos jogadores formados na base?

Contradição

Ao mesmo tempo em que insiste no populismo do “investimento em chuteiras”, Malucelli também critica como excessivos os gastos com contratações de atletas da administração comandada por Petraglia. “Só para dizer para vocês, em 2007, eu fiz um levantamento, só com seis jogadores nós gastamos R$ 2.250.000. Não estou falando em salários, como também não falei em salários desses jogadores que nós trouxemos em 2009 e 2010. Estou falando só do custo para trazer o jogador. Trouxemos Fernando Oliveira, Geílson, Irênio, Joãozinho, Júlio César, Afonso. R$ 2.238.000″, contabilizou.

Ou seja, nas palavras do próprio Malucelli, a diretoria anterior, que segundo ele só gastava em “tijolos”, investiu na contratação de atletas muito mais do que a atual, a das “chuteiras”. Curioso, não? Mas, esquece o Senhor Presidente das receitas que a atual diretoria conseguiu em função dos jogadores que foram “herdados”, somente para falar naqueles que estavam emprestados ou em parcerias com outros clubes, casos de Danilo, Michel Bastos, Jorge Henrique, Ferreira, Dinei, Rafael Santos, Cristian, somando-se aos que estavam no grupo, casos de Marcinho, Alan Bahia e Alex Sandro, ultrapassa em muito o valor de R$ 20 milhões…

Malucelli decidiu também acabar com a manutenção de um “time B”, equipe em que atuavam jogadores que “estouravam” a idade de juniores e atletas que não encontravam espaço no grupo principal. Prática adotada pelos principais clubes do mundo e também no Brasil. Vale lembrar que apenas uma excursão do “time B” do CAP ao Oriente Médio, em 2008, rendeu ao clube US$ 1,3 milhão, com a transferência do meia Rogerinho para um clube do Kuwait (Al-Kuwait). Hoje, os atletas profissionais que não são aproveitados na equipe principal ficam treinando a parte, escondidos no CT do Caju, recebendo salários e sem a perspectiva de uma negociação.

Deixamos a pergunta: qual administração pensava em mais tijolos e mais chuteiras?

Tantas contradições, declarações desconexas e sem sentido só podem levar a uma conclusão: o Sr. Malucelli deveria mudar o bordão para “Menos chuteiras, menos tijolos e muito mais demagogia”.

Concluindo

Vejamos, se alguns jogadores que ganham valores altos não estão jogando e não sabemos quando estarão (pois a cada mês a postergação é maior mesmo com a afirmativa que já estão trabalhando com bola), não seria o caso de dispensalos ou fazer um acordo para diminuir o salário? Mesmo que voltem a jogar no Brasileiro o tempo de recuperação f´sisica e técnica será de no mínimo 6 meses!



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