[Promoção 86 anos do Atlético] Homem da mala
Estava eu, passando férias no Rio de Janeiro, meados anos 80, olhando tabela do campeonato, vi que Furacão iria ao Rio para jogo com América-RJ. Liguei para meu pai, sempre tivémos influência no meio atleticano, pedindo que ele intervisse com saudoso Hélio Alves, para que eu tivesse acesso ao time na cidade maravilhosa, uma vez que isso seria algo marcante estar no Maracanã, com meu time para um jogo oficial.
Chegando ao Hotel Glória, toda a delegação na portaria, a infraestrutura era outra, anos 80, nada comparada com a atual, longe disso, onde a dificuldade prevalecia e amor pela instituição fazia a coisa acontecer. Fui com a delegação para o estádio, junto aos jogadores Washington e Assis. Entre eles a conversa era engraçada, ambos já haviam jogado por times do Rio e lembravam de momentos aqui e ali. Nem imaginaria que ambos, anos após, fariam dupla Casal 20 pelo Flu.
Chegando ao estádio, entrar no vestiário do maior do mundo era de arrepiar, pois nossa Baixada era um estádio acolhedor, mas acanhado diante de tamanha estrutura. Ir ao gramado, onde não era possível acessar ao gramado usando bermuda, palco dos artistas da bola onde Zico desfilava toda a qualidade naquele tempo e Pelé já havia marcado a história. Não respeitei os avisos e entrei ao gramado, ainda com refletores semi acesos, pisando na grama, indo de um gol à outro e imaginando como sería jogar ali.
Chega de sonhar, era quase hora do jogo marcado para 2030, tive acesso à tribuna de honra indo de elevador. Chegando lá, não poderia assistir ao jogo de bermuda, estranhei, pois o Rio no verão, com estas exigências, é de estranhar. No vestiário peguei uniforme de Ivair, digamos que biotipo dele era grande perto do meu na ocasião. Realizado o sonho, Furacão perde por 1×0 com de Luizinho ‘das Arábias’ e eu nem imaginava que dentro dos vestiários acontecería o episódio do ‘homem da mala’. O Globo Esporte fez ampla matéria na época transformando um jogo sem apelo, num clássico da polêmica do futebol brasileiro. Não lembro das razões daquilo, mas marcou minha história de vida junto ao Furacão.
Foi muito bom passar este tempo com o time, viver o clima da partida sendo torcedor apenas, algo que trouxe uma nova cor às férias no verão carioca.