Djalma Santos e a lateral-direita atleticana
Esta semana dois ex-jogadores brasileiros foram justamente homenageados Djalma Santos e Dario. Ambos deixaram a marca dos seus pés na Calçada da Fama do Maracanã.
Dario é aquele centroavante folclórico que batizava seus gols com nomes, que rodou por inúmeros times, grandes e pequenos de todo o Brasil e que se auto-intitulava, entre outros títulos, de o Rei Dadá. Participou da seleção que foi campeã no México (não jogou nenhuma partida) e teve uma passagem meteórica e apagada pelo rival do Alto da Glória. Apesar dessa mancha na sua carreira, um jogador que marcou época.
Djalma Santos é considerado o maior lateral-direita da história do futebol mundial. Um jogador habilidoso, rápido, vigoroso, que jogou apenas em três times ao longo da sua extensa carreira e de uma discrição e elegância ímpar. Um verdadeiro gentleman do futebol. Jogou quatro(!) copas do mundo, sendo titular em todas elas (54, 58, 62 e 66) e bicampeão em 58 e 62. Em 1968 veio jogar no Atlético, seu terceiro e último time, onde fez parte daquele timaço do torneio Robertão de 1968 e foi um dos heróis do título regional de 1970. Encerrou sua carreira em 1971 e chegou a ser técnico por um breve período. Uma carreira vitoriosa e brilhante.
Que bonito ver o Djalma Santos do alto de seus 81 anos sorridente e lúcido.
O futebol brasileiro sempre foi um celeiro de grandes jogadores e a lateral direita é uma dos posições onde mais surgem craques. Quase sempre, nas convocações para as seleções brasileiras antes das copas, o técnico tem que quebrar a cabeça para escolher os dois melhores, tantas são as boas opções por aquele setor. Hoje o Brasil tem, no mínimo, 5 a 6 laterais-direitas (ou alas) em condições de disputarem a copa. Do passado mais recente, lembremos de Carlos Alberto e Cafu capitães de seleções campeãs, Leandro (segundo Telê, o melhor de todos), Nelinho, Zé Maria, entre outros; mas nenhum outro era tão completo e se destacou mais do que Djalma Santos, o lorde.
O Atlético, se formos analisar a história mais recente e olharmos pra aquele setor do campo sempre esteve bem servido de laterais-direitos. Depois de Djalma Santos, lembremos de Cláudio Deodato, de Marinho laterais que se destacaram nos anos 70, Augusto jogador de pouca técnica, mas muita raça, Ariovaldo ala moderno do timaço de 1982, Alberto autor de um dos gols mais bonitos que já vi na vida contra o Atlético Mineiro em 1999, Alessandro convocado para a seleção e campeão de 2001, entre outros.
Só que ultimamente, ao olharmos para a lateral direita, dá tristeza. Já não é de hoje que o Atlético tem um deficiência crônica naquele setor. Por ali, infelizmente têm surgido os melhores ataques dos adversários. Muitos jogadores têm jogado por ali e não tem acertado.
Raul tem sido o mais utilizado nos últimos jogos, mas ainda não se firmou como titular. Havia uma expectativa muito grande com relação a ele depois das suas boas atuações na Copa São Paulo de futebol júnior no ano passado. Chegou a ter seu nome pedido pela torcida no campeonato brasileiro passado. A chance foi dada, mas não mostrou até agora condições técnicas para ser titular do Atlético. Ele até chegou a fazer bons jogos no começo dessa fase final do campeonato paranaense, dando uma certa esperança à torcida, mas depois seu futebol decaiu e no jogo contra o Operário esteve tão abaixo da crítica, que chegava a ser vaiado pela torcida quando tocava na bola.
Vejo que o Atlético acertou com o bom lateral-direita do Operário, Lisa. Pelo menos nos jogos que vi na Arena ele jogou muito. Se repetir o bom futebol, acredito que o problema da lateral-direita atleticana estará momentaneamente resolvido, mas para o campeonato brasileiro é necessário que a diretoria traga um jogador de alto nível para a posição.
Para um time que já teve o melhor lateral-direita do mundo vestindo seu sagrado manto, o mínimo que se pode exigir é qualidade naquele setor.