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30 abr 2010 - 15h52

O fim das ilusões

As cobranças à diretoria do Atlético partem de todos os lados. Todos reclamam que o departamento de futebol não está sendo bem administrado, que faltam jogadores de qualidade, que as promessas não foram cumpridas, que teremos mais um ano de sofrimento.

Bom, acho que só resta à torcida do Atlético acostumar-se com isso. Vamos participar do Campeonato Brasileiro como coadjuvantes e nosso primeiro objetivo é não cairmos.

É duro dizer isso, mas é melhor a verdade do que uma falsa ilusão.

A ilusão do clube pequeno são as “categorias de base”. Imagina-se que a cada ano uma nova fornada de craques vai aparecer. Eles serão profissionalizados e assegurarão uma temporada de vitórias. Depois, serão vendidos por milhões, abarrotando os cofres da associação. No ano seguinte, novos craques aparecerão e o ciclo se repetirá.

Então, está na hora de acordar! Essa ilusão é apenas isso. É tempo para despertar e aceitar uma realidade muito dura.

Na Itália, quatro equipes têm condições de disputar o “escudetto”: Inter, Milan, Juventus e Roma. Ficou longe a época que em alguma das pequenas (Napoli de Maradona e Careca, Sampdoria de Cerezzo, Verona de Elkjær) conseguiam enfrentar as grandes de igual para igual.

Na Espanha, a disputa fica restrita a Real Madrid e Barcelona. Foi-se o tempo em que Desportivo La Coruña e Sevilla entravam no páreo.

Na Inglaterra, são candidatos a campeão o Chelsea, o Liverpool e o Manchester United. Eventualmente, o Arsenal pode pretender alguma coisa. Os outros são figurantes, cuja grande realização é conseguir um empatezinho na casa dos grandes.

Parece que o futebol segue o modelo da F1: existem dois ou três campeonatos em um só. Há os que disputam a ponta – são duas ou três equipes. Outras três ou quatro competem pelo sétimo lugar. E há as três ou quatro equipes da rabeira. No fundo, a questão é o poder econômico para fazer o melhor carro, contratar os melhores pilotos e organizar a melhor equipe.

Nessa direção caminha o futebol brasileiro. Talvez o Atlético tenha aproveitado a última chance reservada aos pequenos para ser campeão brasileiro. Perdeu a oportunidade de ser campeão novamente em 2004. Dificilmente terá a perspectiva de ser campeão brasileiro nos próximos dez anos. A partir da metade desta década, acentuou-se o distanciamento técnico entre os grandes e os pequenos.

O que acontece é que os melhores jogadores querem vestir a camisa dos grandes clubes. Eles não aceitam passar por uma equipe não estabelecida em Rio e São Paulo. Quando muito, vão para Porto Alegre e Belo Horizonte. Os grandes jogadores não pretendem “investir na carreira”, eles querem tudo já, imediatamente. Querem receber o maior salário possível, até porque a ilusão de jogar na Europa ou no Oriente vai ficando cada vez mais distante. E não existem tantos craques. Há bons jogadores e os times estrangeiros não querem apenas bons jogadores.

Por isso, qualquer jogador que surja como uma promessa é logo identificado e capturado por um empresário, que o leva para um dos grandes clubes brasileiros. No mínimo, esse jogador vai receber um salário da ordem de uns 50.000 reais. Um valor ínfimo perto da realidade do estrangeiro, mas uma fortuna em vista da situação do Brasil. E um valor insuportável para os clubes pequenos.

Atualmente, as maiores equipes têm no elenco uma quantidade razoável de bons jogadores. Os craques são raros e não ficam muito tempo no Brasil. Mas não existem bons jogadores no elenco das equipes pequenas. Há um ou outro, que está ou no início ou no fim de carreira. Aqueles que estão no auge, esse jogam nas grandes equipes brasileiras.

Bom, o Atlético é um dos pequenos. Não adianta negar a realidade. Nós não conseguimos nem no Paraná ter mais torcedores do que os times de Rio e São Paulo. Nós sequer conseguimos patrocínios decentes para o nosso time. A nossa receita e a nossa folha de pagamentos são ínfimos perto dos grandes.

E mesmo os grandes estão endividados, mas tão endividados que não têm jeito de pagar as dívidas. Mas continuam pagando salários exorbitantes. Vejam o caso do Grêmio. Segundo a imprensa, tem uma dívida de mais de 180 milhões de reais. Mas quanto eles pagam de salário para o Borges? Certamente, não é menos de 80.000 reais por mês, fora gratificações. E na situação do Borges deve haver mais uns seis ou sete no elenco do Grêmio.

Como fica o Atlético? Nós exaurimos a ilusão das categorias de base. No último jogo, empatamos em zero a zero jogando com dez jogadores formados na própria base. E todos vimos o que isso significa.

Agora, todos começaram a reclamar a necessidade de “contratações de peso”. Ora, como? quando? da onde? Quem são os jogadores disponíveis?

Alguém pode indicar algum bom jogador que esteja disponível no mercado e aceite os salários que o Atlético pode pagar? E alguém aceita que o Atlético seja quebrado para contratar jogadores incapazes de produzir mais do que os novos ex-júniores?

E não adianta contratar “um” jogador. Com um único bom jogador, nós vamos continuar a lutar para não cair. Nós tivemos prova disso no ano passado. O Atlético tinha “o” Paulo Baier, que conseguiu ser o diferencial para ficarmos na série A. O Coritiba tinha “o” Marcelinho, que não conseguiu salvar o time.

São necessários pelo menos uns três bons jogadores para a equipe sair do rebolo do rebaixamento. Para disputar classificação para Libertadores, precisamos de uns seis bons jogadores. Para lutar pelo título, pelo menos uns nove.

Isso significaria gastar uns 900.000 reais por mês somente com os salários desses jogadores, o que remeteria a um gasto mensal total a folha em torno a 2.000.000 de reais (considerando os gastos com os demais jogadores e as premiações).

O Atlético tem condições para isso? A resposta é negativa, por mais frustrante que seja para o 22 mil associados. Nós, torcedores, fazemos o que podemos para ajudar o time. A diretoria, também. Mas tudo isso não é suficiente para nos colocar em condições de disputar títulos.

A culpa não é da diretoria. Nem da passada, nem da atual, nem da futura. Não há culpados aqui. Existe a realidade, com as suas limitações. Nesses novos tempos, a grande vitória é não cair. Não caindo, poderemos continuar um processo lento de crescimento, que poderá nos levar, talvez e algum dia, ao patamar que sonhamos.



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