Ousadia e destemor
Lembrando de jogos do Atlético dos últimos quatro anos, não me vem à cabeça nenhum jogo memorável como aqueles que víamos nos anos 2000 a 2005, quando o time participou da Seletiva, foi Campeão Brasileiro e Vice-Campeão da Libertadores. Não dá para esquecer o time goleando o adversário em pleno Estádio Centenário em Montevidéo, voando para cima do Corinthians em pleno Pacaembu, ganhando de Flamengo, Fluminense, Botafogo, São Paulo, etc., em seus própios domínios porque era um time aguerrido, com raça, brio e destemor. Tomava gols porque atacava, mas fazia muito mais gols do que tomava! Eram placares de muitos gols e era um futebol de ataque, de brilhar os olhos do Brasil e do mundo, sendo temido na Arena da Baixada e em qualquer outro lugar.
Bons tempos aquele em que tínhamos um comando que determinava a postura do time de futebol para frente, no ataque e na velocidade, causando revolta quando vemos um time medíocre, acuado, tentando segurar a qualquer custo um resultado magro, inglório e às vezes uma derrota por pouco. Até o pior atacante no mano-a-mano com nosso zagueiro fica à vontade para escolher o canto e fazer o gol. É humilhante!!!
Prefiro um time ousado, para frente e atacando, do que ver em todos os jogos essa postura medrosa, covarde, jogando para trás com medo de fazer gols, com medo de ser feliz. Observei no último jogo, inclusive com um jogador a menos, algumas oportunidades de contra-ataque rápido com possibilidades de gol, mas nossos atacantes estão lerdos, medrosos e se limitam a dominar a bola e tocar para trás, ao invés de enfrentar um zagueiro, às vezes no mano-a-mano. Poderíamos, no último confronto, mesmo com jogador a menos, ter tido melhor sorte se houvesse aquela postura da época do furacão temido e respeitado, o qual não dava margem sequer para os árbitros fazer o que queriam, porque havia respeito. Jamais o time seria roubado como o foi, vergonhosamente, se tivesse atitude dos dirigentes em outras vezes em que isso ocorreu.
Sempre houve superproteção aos times do eixo Rio-São Paulo, mas esses desmandos aumentaram a partir do encolhimento dos times do Paraná e Santa Catarina, principalmente, pois sabe-se que quanto mais se abaixa, mas as fraquezas ficam à mostra! Não há dirigente capaz de bater sempre naquela tecla, exigindo respeito ao nosso Estado, aos nossos clubes, eles se resumem a administrar a miséria, a falta de patrocínio, a espera de convites de grandes eventos e clubes que possam lhes proporcionar alguma projeção no cenário esportivo.
Tenho vários amigos e familiares que se orgulham de ser torcedores do Atlético, por isso me sinto no direito de exigir no mínimo dignidade, respeito à torcida e aos jogadores que muitas vezes são tolhidos em sua criatividade e contratados para fazer o que é mandado e não para jogar o futebol que pretendem!
O que espero é que os profissionais se rebelem (no bom sentido para o futebol) e contrariem os ‘profissionais da retranca’, ‘defensores do mínimo’ e medíocres dirigentes que se limitam ao dia-a-dia comum, para, com orgulho de si mesmos e da profissão de futebolistas, fazer o que mais gostam que é criar, inovar, jogar com vontade e dedicação aos clubes que representam.
As torcidas, com certeza, agradecerão por um futebol bonito, ousado e veloz com o objetivo que lhe é próprio – marcar gols!!!