Parem com a paradinha!
Acabem mesmo com a paradinha. A paradinha é uma trapaça contra o goleiro e contra o torcedor adversário. Assim como o drible, o gol de letra e o chapéu, todas jogadas enganosas e desleais! Como numa piada que tem sempre um final inesperado, faz o adversário pensar que você vai fazer uma coisa e, de propósito, você faz outra! Um absurdo rir do oponente dessa maneira! Todos os jogadores deviam fazer exatamente o que sinalizaram que iam fazer com a bola ou o corpo, certo? Aliás, não é só a paradinha. Se o batedor olha para um canto e bate no outro, o goleiro é deliberadamente enganado; como ele pode confiar num oponente desses, que apronta uma armadilha dessas!
Como em qualquer outra atividade, inclusive alguns esportes como o esqui e o skeleton, você deve ser honesto e leal também no futebol. Devem-se criar jogadas que estão claramente especificadas na regra; que o adversário, o torcedor, o árbitro e os magistrados entendem e esperam, e, politicamente corretos, agradecem no pessoal e no telejornal.
Será que os jogadores são tão ignorantes a ponto de não saberem que a bicicleta, por exemplo, é politicamente incorreta? Onde já se viu dar as costas para o gol e depois ainda chutar uma bola de ponta-cabeça? Já não chega o mundo de pernas para o ar?
Tudo bem o Pelé ou o Garrincha, o Leônidas ou o Didi, grossos como eram, naquela época de primitivismo na cultura em geral e no futebol em particular, não respeitarem o adversário: faziam paradinhas sem-vergonhas, davam chapéus desconcertantes, abriam corta-luzes embasbacantes, e outras ofensas contra a moral dos adversários. Imagina o Garrincha, caboclo sem educação, fazendo os zagueiros caírem de traseiro no chão só com o movimento das pernas tronchas!
Isso mesmo, exterminem com a paradinha e outras diabruras. Autorizem apenas jogadas claras, corretas, sem nenhuma atitude insuspeitada. Como o carrinho, a dividida e o chutão.