Bah… tchê… assim não!
Bem…Ontem foi aquilo que todos já esperavam: nova e contundente derrota do Furacão…
O Manoel -pérola negra.
Entre muitos cascalhos-, apesar de tudo, como se viu, conseguiu ser o grande jogador da partida.
Lá pelas tantas, durante a transmissão televisiva do embate (Inter x Atlético), um cronista gaúcho, que comentava o jogo, ao invés de elogiar o Manoel de maneira normal e convencional, disse: ‘É…Esse Manoel está muito longe de ser um mau zagueiro!…’. Seria muito mais fácil e racional que ele houvesse dito: ‘Esse Manoel é um grande zagueiro!’; mas ele não disse.
Isso me fez lembrar o que o Raul Plassman referiu certa feita a respeito do Flávio, nosso goleiro campeão brasileiro, durante um jogo em que ele (Flávio), mais um vez, estava literalmente ‘pegando tudo’: ‘O Flávio é mesmo um goleiro muito rápido’. Bem…’Muito rápido’, necessariamente, não quer dizer espetacular, excelente ou bom goleiro. A mídia ‘estrangeira’, em relação a tudo o que é nosso, é assim mesmo: pródiga, ostensiva e irônica nas críticas e hipócrita nos raros elogios.
Ah…Mudando um pouco a rota da conversa: vocês certamente já perceberam que -e isso não é apenas coincidência – dentre todos os nossos atletas, os que mais se destacam pela qualidade e pela luta dentro de campo são exatamente aqueles que foram formados, desde a sua tenra idade, no CT do Caju, ou sejam, Neto, Manoel, Rhodolfo e Chico.
O que quero dizer é o seguinte: uma coisa é criticar o time como um todo, pela razão de não conseguir jogar um futebol sequer razoável; outra coisa é colocar todos os jogadores numa mesma panela e fazê-los fritar em conjunto (bons e maus).
Particularmente, tenho os quatro atletas acima referidos como jogadores com qualidades para jogarem em qualquer equipe do futebol mundial.
Temos, pois, que saber separar muito bem as coisas, sob pena de cometermos terríveis injustiças.
Ora, basta dizer que até mesmo o precitado cronista gaúcho chegou a afirmar que o nosso Manoel ‘está muito longe de ser um mau zagueiro’. Isso, vindo deles, é o maior elogio que se pode dispensar a um jogador nosso e que ainda está por aqui.
Encômios convencionais para você, grande Manoel, somente quando você estiver jogando fora daqui (no Rio de Janeiro, São Paulo, ou até mesmo nas Minas Gerais ou no Rio Grande do Sul), mas isso, garoto, não significa QUE ELES TODOS JÁ NÃO PERCEBERAM QUE VC É O MELHOR ZAGUEIRO EM ATIVIDADE NO FUTEBOL BRASILEIRO.
Portanto, continue jogando o teu grande futebol. Você não precisa provar nada para ninguém. Bota na tua cabeça uma coisa: ‘somos o que somos; nem a injúria nos rebaixa, nem o elogio nos pode tornar maiores’. Uma pérola negra não se transforma em cascalho pelas palavras de quem quer que seja: continua sendo uma pérola negra para quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir. Não é mesmo, Flávio? Não é mesmo Dionísio Filho (pérola negra dos comentaristas esportivos do Brasil)?
Vamos, pois, não somente criticar o que não temos de bom, mas valorizar e elogiar o que temos de excepcional.