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9 jun 2010 - 22h47

O exemplo da meninada

Na noite de ontem, assisti inteiramente as duas partidas semifinais da Copa BH.

Torci muito pela dupla Atletiba, principalmente pela razão de que seria muito, muito bom vê-los na final do torneio.

Felizmente isso aconteceu.

Vi um Coritiba bem armado, com bom toque de bola e com jogadores eficientes.

Vi um Atlético competitivo, marcador, obstinado, veloz, com muita personalidade e com um excelente conjunto.

Penso que o Atlético –até pela tradição que já possui na disputa dessa competição- será o campeão; mas não somente por essa razão: vi jovens jogadores vestindo a camisa vermelha e preta mais bonita do mundo com respeito, dignidade e espírito de luta incomuns.

Em certos momentos do embate, os meninos do Atlético me fizeram lembrar –é claro, guardadas as devidas proporções – o fabuloso “carrossel holandês”, que tive o privilégio de ver jogar; por exemplo, em situações de jogo –não raras, diga-se- em que cinco ou seis dos nossos atletas acabavam por cercar o jogador do Cruzeiro que estava de posse da bola até recuperarem a redonda, ou, quando não, até forçarem o erro do jogador adversário, matando o início da jogada deles.

Estando um jogador nosso com a posse da bola, vi vários outros meninos também de vermelho e preto se deslocando por todos os espaços do campo, abrindo com isso várias opções de passe e de armação de jogadas.

É uma equipe que joga sempre verticalmente; não se vê toques laterais a não ser quando da saída da bola em nossa defesa, de onde começa essa verticalidade para o lado em que a jogada ofensiva seja mais propícia.

E nem se diga que, por jogarem dessa maneira, nossos garotos não possuem técnica; possuem sim e das melhores –só não vê quem não quer ver-.

A verdade é que os talentosos meninos do Cruzeiro, pela visível e inegável eficiência do sistema defensivo de nossa equipe, foram simplesmente impedidos de jogar o seu brilhante futebol, chegando em certas oportunidades a perder a calma e a lucidez.

Estou a pensar, portanto, que os nossos meninos, assim como os do Coritiba, ontem, deram verdadeiros e substanciosos exemplos aos nossos atletas profissionais de como se deve jogar futebol de maneira competitiva e com efetivo comprometimento com os propósitos de um Clube e com os da sua torcida.

Independentemente de que for o campeão –entendo, pelo quanto já antes explanei, que seremos nós-, essa garotada merece todo o nosso respeito e admiração, ficando aqui a sugestão para que as Diretorias tanto de Atlético quanto de Coritiba estejam lá nas Alterosas por ocasião da decisão e, se possível -até mesmo para que esse dia histórico, no qual, finalmente, veremos os nossos dois principais Clubes disputando um título de caráter nacional -, para se confraternizarem antes e depois da partida, principalmente para demonstrarem ao Brasil todo de que somos mesmo capazes de repetir a façanha ainda muitas outras vezes e em todos os níveis de nossas competições futebolísticas.

Luta, guerra –no bom sentido- e rivalidade, sempre dentro do campo; fora dele, inteligência e trabalho conjunto para a definitiva afirmação do futebol da terra das araucárias.

Valeu, garotada: sejam, pois, vocês, aqueles que, finalmente, fincaram o marco de reversão da inegável tendência de nosso futebol à mediocridade e ao complexo de inferioridad-.



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