13 jun 2010 - 20h39

Quando esporte e cidadania se unem

Entrar num estádio de futebol com a estrutura e modernidade da Arena da Baixada é motivo de orgulho para qualquer atleticano. Quando quem entra, além de atleticano, é apaixonado por futebol, nutre o sonho de ser jogador e mora em comunidades carentes na periferia de Curitiba, o orgulho ganha traços de emoção e principalmente da realização de um sonho. Foi esse o sentimento que prevaleceu num grupo de 30 garotos, com idades entre 10 e 15 anos, moradores da comunidade Vila Esperança, no bairro Atuba, na periferia de Curitiba. Há duas semanas eles visitaram a Arena da Baixada, alimentando sonhos como o de um dia poder jogar num estádio de verdade, como jogador de futebol.

Os meninos participam de um projeto da Unidade de Saúde Vila Esperança, com a equipe do Núcleo de Apoio à Atenção Primária à Saúde – NAAPS. Há um ano, os garotos integram o programa Escolinha de Futebol, coordenada pelo educador físico Valério Dezan, e semanalmente participam de projetos de educação, saúde e cidadania com a equipe do NAAPS, formada pela psicóloga Letícia Assumpção, pela nutricionista Alice Dalla Valle e pela farmacêutica Linda Morishita.

O fascinante planeta bola
Raí, de apenas 10 anos, John Ericks, de 13 anos, e todos os outros 28 garotos que estiveram na visita à Arena da Baixada nutrem em comum o mesmo sonho: ser um jogador de futebol. Segundo a psicóloga Letícia Assumpção, apesar da consciência de que nem todos seguirão na carreira, o contato com o esporte e com uma estrutura como a da Arena da Baixada criam nos garotos um objetivo de vida, um compromisso com seus próprios sonhos. “Eles desenvolvem uma referência com este contato, admiram times, jogadores, acompanham campeonatos. Isso não é só diversão, isso é uma ocupação que podem os manter afastados da criminalidade e risco social que os cerca”, diz.

Crianças participam de projeto social na Vila Esperança [foto: divulgação]

Além disso, ela explica que ao visitar a Arena os garotos tornam realidade um mundo que antes viam apenas pela televisão. “São meninos muito pobres, muito carentes não só de aspectos materiais, mas de estrutura familiar muito precária, pais desinteressados, pouco participativos. Nosso objetivo levando os garotos numa estrutura como a do Atlético foi ampliar a visão de mundo deles, mostrar que existem coisas maiores do que a Vila onde moram. Muitos deles nunca tinham saído da Vila Esperança, ficaram encantados ao andar pela cidade. Conhecendo de perto uma estrutura como a Arena, nosso objetivo é que eles percebam novas possibilidades de vida, tanto de trabalho como diversão. Mostrar que eles podem avançar mais na vida, que existem oportunidades. Foi assim que eles se sentiram. Muitos deles nunca acharam que poderiam entrar num lugar bonito daqueles. Mostrar que eles podem ter acesso ao mundo que assistem pela televisão”, explica Letícia.

Meninos ficaram impressionados com a infraestrutura atleticana [foto: divulgação]

Vivendo em comunidades com estrutura precária e com uma base familiar bastante desequilibrada, os garotos veem no esporte um apoio para construir uma nova realidade. “Frequentando a escolinha, os meninos desenvolvem aspectos como trabalho em equipe, disciplina, respeito às regras, respeito ao próximo. Com a escolinha também desenvolvemos maior autoestima, noções de auto-cuidado, de auto-preservação. Desenvolvemos objetivos na vida, determinação, tolerância a frustração. Enfim, são muitos aspectos psicológicos que são trabalhados através do futebol e que já vemos os resultados. Aspectos sociais também, pois a escolinha os mantém afastados de situações de risco social que prevalece na Vila onde moram, como criminalidade, tráfico. Além disso, através da escolinha nós mantemos a saúde deles em dia. Muitos tinham desnutrição ou obesidade, outros estavam sem as vacinas em dia e ainda tinham casos de transtornos psicológicos”, resume a psicóloga.

Atleticanismo
Dos 30 garotos que estiveram na Arena, grande parte já é de pequenos torcedores do Atlético, que tiveram a maior oportunidade de suas vidas em estar perto do clube que torcem, entrando no mundo atleticano que eles tanto sonharam em conhecer. Os que não eram atleticanos saíram de lá contentes pela oportunidade que tiveram e certamente respeitando e levando as cores do Furacão no coração.

“Atleticanos mesmo acho que temos uns 12 meninos. Tem um menino que é Coxa e comentou que tem que respeitar adversários e gostou muito da Arena. Outros torcem para times de fora, como Flamengo, São Paulo, Palmeiras e Corinthians. Os meninos que torcem para time de fora nós fizemos uma conversa falando sobre a valorização dos times paranaenses, da importância de torcermos para times do Paraná, já que somos paranaenses. Esses saíram muito admirados com o Atlético, cantando e fazendo o sinal dos Fanáticos. Como ganharam muitos brindes, garantiram que vão usar e que vão honrar o Atlético. Com certeza o Atlético vai ficar no coração deles pois foi uma grande oportunidade, o time que abriu as portas. Eles jamais esquecerão”, finalizou Letícia Assumpção.

Meninos ficaram admirados e saíram cantando músicas e fazendo símbolos da Fanáticos [foto: divulgação]

Na visita à Arena, além da oportunidade de conhecer a infraestrutura completa da Baixada, os garotos receberam do clube um kit especial, com vários itens como camisas oficiais, caneleira, porta-chuteira, cadernos, chinelos, entre outros.

Visitas
Conhecer a Arena da Baixada é uma possibilidade que o Atlético oferece a todos os torcedores, moradores e visitantes de Curitiba. Para fazer a visitação, é necessário se dirigir ao Posto de Informações, localizado em frente à Arena. As visitas acontecem às 10h, 11h, 12h, 14h, 15h e 16h. O valor da visita é de R$ 7 ou R$ 10 (com direito a uma Revista Oficial do clube).

Para mais informações acesse o site oficial, na seção Arena – Visitas (clique aqui e acesse a página). Os contatos do clube para agendar visitas são: (41) 2105-5616 ou o e-mail: visitas@atleticopr.com.br



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