Arena Copel ou Projeto Pinheirão?
Antes de mais nada há de ser reconhecido que tirar a Copa do Mundo de Curitiba simplesmente não é uma opção. Como cidadão e amante do esporte, eu sinceramente não me importo se a Copa do Mundo for realizada na Arena da Baixada, no Couto Pereira ou na Arena Paratiba, desde que aconteça em nossa cidade.
A verba pública que será redirecionada às cidades-sede da Copa representa uma oportunidade única a qual não podemos deixar de aproveitar. Então, é nosso dever deixar de lado nosso amor cego por este ou aquele clube para que possamos analisar a situação de forma objetiva.
Do ponto de vista econômico, devemos avaliar o retorno ao investimento que há de ser feito. De um lado existe a proposta de construirmos um estádio inteiro novo, o que requer a aplicação de, no mínimo, 500 milhões de reais. De outro – com a Arena Copel – poderemos alcançar o mesmo resultado prático, com um montante de 80 milhões de reais. Neste quesito, a superioridade do projeto apresentado pelo Atlético Paranaense me parece incontestável.
Um argumento recorrente na presente discussão é a utilização de verba pública em obra privada, de modo que isso implicaria em vantagem para apenas uma parcela da sociedade. Porém, não esqueçamos que o Estado do Paraná é um dos estados que menos acompanha o esporte no país. A última pesquisa realizada pelo Datafolha apontou que 30% da população não torce para nenhum time de futebol. Na mesma pesquisa foram calculadas as torcidas de cada clube no estado. O Atlético conta com 8% dos torcedores, enquanto Coritiba (5%) e Paraná (2%) somam 7% dos paranaenses.
Da mesma forma como o término da Arena da Baixada aproveitaria somente aos torcedores atleticanos, o Projeto Pinheirão (também conhecido como Arena Paratiba) beneficiaria somente a 7% da população. Colocando os números lado a lado temos: 80 milhões de reais para 8% ou 500 milhões de reais para 7%. Não é preciso bacharelado em economia para perceber a diferença gritante.
Podemos nos iludir dizendo que o Projeto Pinheirão seria importante para outros esportes também, mas se nos preocupamos tanto com o espaço dado a esses esportes de menor expressão, por que não construirmos instalações que atendam às reais necessidades dos mesmos? Será que precisamos de um estádio com capacidade para mais de 40 mil pessoas para a realização de um evento de basquete ou vôlei?
Arrisco dizer que com a diferença monetária entre os projetos (420 milhões de reais!!) poderíamos erguer construções que atenderiam a esses outros esportes e, de troco, investir o restante em hospitais, escolas etc. Tudo isso sem abrir mão das verbas federais referentes à Copa do Mundo.
Para concluir, gostaria de citar Fernando Gomes hoje na Rádio Transamérica:
A Copa será em Curitiba. Onde? Na Baixada!