Quem é o vilão da Copa?
Nos últimos dias, a repercussão sobre a Copa 2014 em Curitiba ganhou contornos dramáticos.
O Secretário de Governo para assuntos da Copa, Algaci Túlio, declaru à imprensa que faltaria vontade para o Atlético em bancar o projeto. O Clube foi apontado como vilão da Copa, em reportagem da Gazeta do Povo.
A Furacao.com preparou um histórico para relembrar tudo que aconteceu desde que o Brasil pintou como sede da Copa do Mundo de 2014.
Março de 2003 Copa 2014 fica perto do Brasil
Em reunião entre países da Conmebol, restou aprovada a indicação do Brasil com candidato único da América do Sul. Como a FIFA havia acertado o rodízio de continentes, pintou a Copa do Mundo 2014 no Brasil.
Janeiro de 2006 João Havelange: Apenas Arena se salva
Ao falar sobre a possibilidade da Copa 2014 no Brasil, o ex-presidente da FIFA afirma que os estádios brasileiros não têm condições de receber uma Copa do Mundo: “Isso vale para quase todos os estádios brasileiros. A exceção é a Arena da Baixada.”
Março de 2006 Ricardo Teixeira: Arena está quase pronta para a Copa
Como de costume, a Arena era citada como o único estádio próximo de cumprir com as exigências da FIFA para sediar o Mundial. Atualmente, nenhum dos estádios no Brasil se encaixa nos padrões da Fifa. Talvez apenas a Arena da Baixada, em Curitiba. A Fifa tem um caderno de encargos em que é preciso contemplar segurança, estrutura, imprensa, entradas e saídas”, declarou o Dirigente.
Abril de 2007 Petraglia leva projeto à CBF
O ex-Presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, antecipou-se à definição das subsedes da Copa e levou à CBF um projeto mostrando as qualidades do estádio atleticano e da cidade de Curitiba para receber o Mundial. “Foi uma conversa cordial e ele entende, assim como nós, que o Estado do Paraná, assim como Curitiba, reúne todas as condições de receber a Copa”, disse Petraglia.
Abril de 2007 Coritiba, Paraná Clube e FPF contra a Arena
O jornal Gazeta do Povo revelava: Coritiba enviou projeto à Federação Paranaense de Futebol apostando em uma negociação envolvendo a cessão do Pinheirão, que seria reformado visando sediar a Copa do Mundo no lugar da Arena. Projeto teria apoio do Paraná Clube.
Maio de 2007 Governo do PR indica a Arena
Após muita polêmica com rivais, o Governo oficializava a Arena da Baixada como seu estádio para concorrer como subsede da Copa 2014.
Outubro de 2007 FIFA oficializa Copa 2014 no Brasil
Comitê Executivo da FIFA oficializa o Brasil como sede da Copa do Mundo 2014. Inicialmente, 18 capitais concorriam ao posto de subsedes do Mundial. O julgamento seria feito pelo Comitê Executivo da Copa da CBF.
Setembro de 2008 Poder Público mostra falta de empenho
Um ano após a oficialização das cidades que concorreriam a sediar a Copa 2014, os governantes da cidade de Curitiba e do Estado do Paraná pareciam pouco interessados em receber o Mundial. O jornalista Paulo Vinícius Coêlho alertava: a crise que já se criou ano passado entre o governador paranaense, Roberto Requião, e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deve tirar Curitiba do Mundial.
O que matou Curitiba foram as brigas entre o prefeito Beto Richa e o governador Roberto Requião e os problemas da federação, que não descarta o Couto Pereira, enquanto a Arena da Baixada é o único estádio em obras para 2014, afirmou em outro post o jornalista da ESPN Brasil.
Outubro de 2008 Paraná forma Comitê
Formava-se o Comitê para prestar o Termo de Compromisso perante a CBF, composto pelo então Vice-Governador Orlando Pessuti, bem como o prefeito Beto Richa, o vice-prefeito Luciano Ducci, o secretário estadual de Turismo, Celso Caron, o secretário municipal de Turismo, Luis Carvalho, o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Augusto Canto Neto, o presidente da Federação Paranaense de Futebol, Hélio Cury, e o presidente do Conselho Gestor do Atlético, Mário Celso Petraglia.
Maio de 2009 Curitiba é confirmada como subsede
CBF divulga lista com doze capitais que receberão a Copa 2014, incluindo Curitiba.
Julho de 2009 Equação financeira começa a ser discutida
Reunião entre representantes do Atlético e da Prefeitura marcou o início das discussões sobre a fonte de recursos para a Copa. O Vice-Presidente do Atlético, Ênio Fornéa, já anunciava que o Clube não se endividaria: o Atlético quer a Copa na Arena, quer ser um bom parceiro da Cidade, da Prefeitura e do Estado, mas não pretende fazer investimentos que possam comprometer o futuro do clube.
O Secretário da Prefeitura, Luis de Caravalho, cobrava a participação do Governo do Estado: Espero que o Governo do Estado também ajude neste processo. Até agora não faltou boa vontade de todas as partes.
Agosto de 2009 Atlético rejeita empréstimo do BDNES
Não pegaremos nenhum centavo, de banco público ou privado, isso eu posso garantir. Não queremos comprometer o futuro do Atlético com uma dívida impagável, afirma Enio Fornea à Gazeta do Povo.
O dirigente afirma a disponibilidade do Clube de investir no máximo R$ 30 milhões na Arena. O valor é o mesmo que o Furacão precisaria desembolsar para terminar a obra deixando de lado as exigências da entidade organizadora da Copa. O restante (R$ 108 milhões) teria de vir por meio de investidores, nacionais ou internacionais, ou através de Parceria Público-Privada (PPP), sugere o dirigente. Rei¬vindicação antiga, iniciada ainda no ano passado pelo ex-presidente do Conselho Deliberativo atleticano, Mário Celso Petraglia. Repas¬saríamos parte da renda do estádio para o parceiro por um determinado tempo, diz Fornea. (Gazeta do Povo)
Fevereiro de 2010 Malucelli reitera que Atlético não custeará o total da reforma
Em entrevista à Rádio Transamérica, o Presidente Marcos Malucelli ratificou a posição de não endividar o Clube para trazer a Copa: ecorremos a um empréstimo para fazer o primeiro anel com a Caixa Econômica. Recorremos à Caixa, obtivemos R$ 4,5 milhões, pagamos uma prestação hoje de R$ 126 mil por mês, e temos uma receita de R$ 150 mil das cadeiras. Passou a ser então um investimento. Nós investimos na Arena e estamos pagando com ela. E faremos o mesmo com o segundo anel. O excedente, eu repito, o Atlético, na minha gestão, não pagará e não arcará com esse ônus em hipótese alguma. Se chegarmos ao extremo de para tanto não ter Copa, não terá Copa.
Abril de 2010 Fornéa dá ultimato ao Poder Público
O Vice-Presidente do Atlético falou à Gazeta do Povo: O ministro sabe do nosso posicionamento. O evento não é só do clube, é da cidade e do estado. Nosso compromisso é bancar 30% do custo (orçado em R$ 138 milhões). Isso já teríamos de gastar para concluir nosso estádio dentro das exigências dos torneios que disputamos. O resto (para adequação ao caderno de encargos da Fifa) terá de ser investido. Eu afirmo para você, se não houver participação dos governos municipal e estadual, o Atlético não vai fazer nada. A obra não vai sair.
Junho de 2010 Conselho Deliberativo rejeita proposta da Prefeitura
Em reunião do Conselho Deliberativo do Atlético, a Prefeitura apresentou uma proposta que envolve a transferência de potencial construtivo porém, o Clube é quem deveria tomar os recursos perante o BNDES, oferecendo o estádio como garantia. A proposta foi rejeitada, por unanimidade, pelos 114 conselheiros presentes.
Agosto de 2010 BDNES rejeita potencial construtivo como garantia do empréstimo
Uma das alternativas propostas pelo Atlético, consistente em utilizar os títulos de potencial construtivo como garantia do empréstimo, ao invés de onerar o estádio, foi rejeitada pelo BDNES. O financiamento poderia ser feito por uma construtora, mas o Banco exige garantias reais.
Situação atual
Após a decisão do BNDES de rejeitar o potencial construtivo como garantia para o financiamento, foi agendada para a próxima segunda-feira uma reunião entre os governantes do estado e os dirigentes do Atlético que deve selar o destino da Copa em Curitiba.
A situação permanece a mesma: o Clube mantém seu posicionamento anunciado há muito tempo, de não se endividar, muito menos com o oferecimento da Arena como garantia. O Governo do Estado segue sem apresentar uma solução satisfatória para o custeio da sua parte na reforma do estádio.
O Presidente da CBF, Ricardo Teixeira, alertou que precisa de uma solução logo. O Secretário Algaci Túlio definiu para terça-feira o prazo máximo para a definição e, caso o Atlético mantenha sua posição, promete partir para um Plano B.