7 ago 2010 - 13h52

Quem é o vilão da Copa?

Nos últimos dias, a repercussão sobre a Copa 2014 em Curitiba ganhou contornos dramáticos.

O Secretário de Governo para assuntos da Copa, Algaci Túlio, declaru à imprensa que faltaria vontade para o Atlético em bancar o projeto. O Clube foi apontado como “vilão da Copa”, em reportagem da Gazeta do Povo.

A Furacao.com preparou um histórico para relembrar tudo que aconteceu desde que o Brasil pintou como sede da Copa do Mundo de 2014.

Março de 2003 – Copa 2014 fica perto do Brasil

Em reunião entre países da Conmebol, restou aprovada a indicação do Brasil com candidato único da América do Sul. Como a FIFA havia acertado o rodízio de continentes, pintou a Copa do Mundo 2014 no Brasil.

Janeiro de 2006 – João Havelange: “Apenas Arena se salva”

Ao falar sobre a possibilidade da Copa 2014 no Brasil, o ex-presidente da FIFA afirma que os estádios brasileiros não têm condições de receber uma Copa do Mundo: “Isso vale para quase todos os estádios brasileiros. A exceção é a Arena da Baixada.”

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Março de 2006 – Ricardo Teixeira: “Arena está quase pronta para a Copa”

Como de costume, a Arena era citada como o único estádio próximo de cumprir com as exigências da FIFA para sediar o Mundial. “Atualmente, nenhum dos estádios no Brasil se encaixa nos padrões da Fifa. Talvez apenas a Arena da Baixada, em Curitiba. A Fifa tem um caderno de encargos em que é preciso contemplar segurança, estrutura, imprensa, entradas e saídas”, declarou o Dirigente.

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Abril de 2007 – Petraglia leva projeto à CBF

O ex-Presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, antecipou-se à definição das subsedes da Copa e levou à CBF um projeto mostrando as qualidades do estádio atleticano e da cidade de Curitiba para receber o Mundial. “Foi uma conversa cordial e ele entende, assim como nós, que o Estado do Paraná, assim como Curitiba, reúne todas as condições de receber a Copa”, disse Petraglia.

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Abril de 2007 – Coritiba, Paraná Clube e FPF contra a Arena

O jornal Gazeta do Povo revelava: Coritiba enviou projeto à Federação Paranaense de Futebol apostando em uma negociação envolvendo a cessão do Pinheirão, que seria reformado visando sediar a Copa do Mundo no lugar da Arena. Projeto teria apoio do Paraná Clube.

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Maio de 2007 – Governo do PR indica a Arena

Após muita polêmica com rivais, o Governo oficializava a Arena da Baixada como seu estádio para concorrer como subsede da Copa 2014.

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Outubro de 2007 – FIFA oficializa Copa 2014 no Brasil

Comitê Executivo da FIFA oficializa o Brasil como sede da Copa do Mundo 2014. Inicialmente, 18 capitais concorriam ao posto de subsedes do Mundial. O julgamento seria feito pelo Comitê Executivo da Copa da CBF.

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Setembro de 2008 – Poder Público mostra falta de empenho

Um ano após a oficialização das cidades que concorreriam a sediar a Copa 2014, os governantes da cidade de Curitiba e do Estado do Paraná pareciam pouco interessados em receber o Mundial. O jornalista Paulo Vinícius Coêlho alertava: “a crise que já se criou ano passado entre o governador paranaense, Roberto Requião, e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deve tirar Curitiba do Mundial.”

“O que matou Curitiba foram as brigas entre o prefeito Beto Richa e o governador Roberto Requião e os problemas da federação, que não descarta o Couto Pereira, enquanto a Arena da Baixada é o único estádio em obras para 2014”, afirmou em outro post o jornalista da ESPN Brasil.

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Outubro de 2008 – Paraná forma Comitê

Formava-se o Comitê para prestar o Termo de Compromisso perante a CBF, composto pelo então Vice-Governador Orlando Pessuti, bem como o prefeito Beto Richa, o vice-prefeito Luciano Ducci, o secretário estadual de Turismo, Celso Caron, o secretário municipal de Turismo, Luis Carvalho, o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Augusto Canto Neto, o presidente da Federação Paranaense de Futebol, Hélio Cury, e o presidente do Conselho Gestor do Atlético, Mário Celso Petraglia.

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Maio de 2009 – Curitiba é confirmada como subsede

CBF divulga lista com doze capitais que receberão a Copa 2014, incluindo Curitiba.

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Julho de 2009 – Equação financeira começa a ser discutida

Reunião entre representantes do Atlético e da Prefeitura marcou o início das discussões sobre a fonte de recursos para a Copa. O Vice-Presidente do Atlético, Ênio Fornéa, já anunciava que o Clube não se endividaria: “o Atlético quer a Copa na Arena, quer ser um bom parceiro da Cidade, da Prefeitura e do Estado, mas não pretende fazer investimentos que possam comprometer o futuro do clube”.

O Secretário da Prefeitura, Luis de Caravalho, cobrava a participação do Governo do Estado: “Espero que o Governo do Estado também ajude neste processo. Até agora não faltou boa vontade de todas as partes”.

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Agosto de 2009 – Atlético rejeita empréstimo do BDNES

“Não pegaremos nenhum centavo, de banco público ou privado, isso eu posso garantir. Não queremos comprometer o futuro do Atlético com uma dívida impagável”, afirma Enio Fornea à Gazeta do Povo.

‘O dirigente afirma a disponibilidade do Clube de investir no máximo R$ 30 milhões na Arena. O valor é o mesmo que o Furacão precisaria desembolsar para terminar a obra deixando de lado as exigências da entidade organizadora da Copa. O restante (R$ 108 milhões) teria de vir por meio de investidores, nacionais ou internacionais, ou através de Parceria Público-Privada (PPP), sugere o dirigente. Rei¬vindicação antiga, iniciada ainda no ano passado pelo ex-presidente do Conselho Deliberativo atleticano, Mário Celso Petraglia. “Repas¬saríamos parte da renda do estádio para o parceiro por um determinado tempo”, diz Fornea.’ (Gazeta do Povo)

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Fevereiro de 2010 – Malucelli reitera que Atlético não custeará o total da reforma

Em entrevista à Rádio Transamérica, o Presidente Marcos Malucelli ratificou a posição de não endividar o Clube para trazer a Copa: “ecorremos a um empréstimo para fazer o primeiro anel com a Caixa Econômica. Recorremos à Caixa, obtivemos R$ 4,5 milhões, pagamos uma prestação hoje de R$ 126 mil por mês, e temos uma receita de R$ 150 mil das cadeiras. Passou a ser então um investimento. Nós investimos na Arena e estamos pagando com ela. E faremos o mesmo com o segundo anel. O excedente, eu repito, o Atlético, na minha gestão, não pagará e não arcará com esse ônus em hipótese alguma. Se chegarmos ao extremo de para tanto não ter Copa, não terá Copa.”

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Abril de 2010 – Fornéa dá ultimato ao Poder Público

O Vice-Presidente do Atlético falou à Gazeta do Povo: “O ministro sabe do nosso posicionamento. O evento não é só do clube, é da cidade e do estado. Nosso compromisso é bancar 30% do custo (orçado em R$ 138 milhões). Isso já teríamos de gastar para concluir nosso estádio dentro das exigências dos torneios que disputamos. O resto (para adequação ao caderno de encargos da Fifa) terá de ser investido. Eu afirmo para você, se não houver participação dos governos municipal e estadual, o Atlético não vai fazer nada. A obra não vai sair.”

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Junho de 2010 – Conselho Deliberativo rejeita proposta da Prefeitura

Em reunião do Conselho Deliberativo do Atlético, a Prefeitura apresentou uma proposta que envolve a transferência de potencial construtivo – porém, o Clube é quem deveria tomar os recursos perante o BNDES, oferecendo o estádio como garantia. A proposta foi rejeitada, por unanimidade, pelos 114 conselheiros presentes.

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Agosto de 2010 – BDNES rejeita ‘potencial construtivo’ como garantia do empréstimo

Uma das alternativas propostas pelo Atlético, consistente em utilizar os títulos de potencial construtivo como garantia do empréstimo, ao invés de onerar o estádio, foi rejeitada pelo BDNES. O financiamento poderia ser feito por uma construtora, mas o Banco exige garantias reais.

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Situação atual

Após a decisão do BNDES de rejeitar o potencial construtivo como garantia para o financiamento, foi agendada para a próxima segunda-feira uma reunião entre os governantes do estado e os dirigentes do Atlético que deve selar o destino da Copa em Curitiba.

A situação permanece a mesma: o Clube mantém seu posicionamento anunciado há muito tempo, de não se endividar, muito menos com o oferecimento da Arena como garantia. O Governo do Estado segue sem apresentar uma solução satisfatória para o custeio da sua parte na reforma do estádio.

O Presidente da CBF, Ricardo Teixeira, alertou que precisa de uma solução logo. O Secretário Algaci Túlio definiu para terça-feira o prazo máximo para a definição e, caso o Atlético mantenha sua posição, promete partir para um “Plano B”.



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