Os pecados capitais do Atlético em 2011
Os dois primeiros meses de 2011 praticamente já se foram e aquele que poderia ser o grande ano do Atlético, começa a causar preocupações na a torcida atleticana.
Após passar quatro anos (2006 a 2009) brigando na ponta de baixo da tabela do Campeonato Brasileiro, o Furacão fez um bom Brasileirão em 2010 e por pouco não beliscou uma vaga na Copa Libertadores deste ano. Com 60 pontos após 38 rodadas, o Rubro-Negro terminou na quinta colocação, com três pontos a menos que o Grêmio, último classificado para o torneio continental.
Uma das principais falhas do Atlético nos últimos anos parecia que seria corrigida: o planejamento. Antes mesmo de 2010 acabar, quatro jogadores foram contratados para a montagem do elenco deste ano: Marcos Pimentel, Henan, Madson e Lucas. 2011 chegou e com ele mais jogadores desembarcaram no CT do Cajú: Gabriel, Flávio, Alê, Wescley e os recém-contratados Kleberson e Héverton.
Prenúncio de um grande ano para o Furacão? As folhas do calendário de janeiro e fevereiro voaram e até o momento a resposta para esta pergunta ainda é uma incógnita. Com um desempenho bastante irregular no primeiro turno do certame estadual, o qual o Atlético deixou o caminho livre para que seu principal rival o conquistasse sem dificuldades e, ainda, uma estreia vergonhosa na Copa do Brasil, boa parte da torcida já está descrente que o time possa alcançar grandes feitos em 2011.
A equipe da Furacao.com elaborou um resumo dos principais erros do Rubro-Negro neste ano, que podem explicar o momento turbulento que o Atlético vive.
Desmanche da setor defensivo
Mesmo com as já esperadas saídas de Rhodolfo e Chico, o Atlético foi pego de surpresa com a negociação do goleiro Neto, destaque da meta atleticana e com convocações para a Seleção Brasileira principal em 2010. Não era intenção da diretoria vender o jovem arqueiro rubro-negro, mas a proposta feita pela Fiorentina, somada à imposição do jogador em deixar o clube foram determinantes para a sua venda. O zagueiro Manoel se tornou o único remanescente da excelente defesa que o Furacão demonstrou no Brasileirão do ano passado, porém fatores extra-campo parecem estar minando seu bom futebol.
Meta atleticana
Neto foi um dos grandes goleiros que já vestiram a camisa rubro-negra, sem dúvidas. Seguro tanto embaixo das traves como nas saídas de gol, ele deixou uma lacuna que vem sendo bastante difícil de ser preenchida. João Carlos automaticamente virou o titular no início da temporada e a diretoria ainda foi atrás do goleiro Sílvio, com passagens por Cianorte e Internacional, para compor o elenco. Após sucessivas falhas, João Carlos foi sacado do time e Sílvio virou titular mas, apesar de não cometer erros tão determinantes como seu antecessor, o atual camisa um não inspira a mesma confiança que tínhamos no ano passado, com Neto.
O curioso caso do volante Claiton
O volante Claiton retornou ao Atlético em meados de 2009 com o status de grande reforço, porém sucessivas lesões atrapalharam e postergaram o retorno definitivo do jogador aos gramados. Quase um ano após seu retorno, Claiton jogou o Torneio da Cidade de Londrina, em junho de 2010. Mesmo recuperado de duas cirurgias no tendão de Aquiles, o atleta praticamente não foi aproveitado no Campeonato Brasileiro do ano passado pelos técnicos Paulo César Carpegiani e Sérgio Soares.
Claiton só voltou a ter uma nova oportunidade neste ano, sob o comando do técnico interino Leandro Niehues, quando participou das vitórias sobre Paraná Clube, Cianorte e Paranavaí. Nestas três partidas, seu desempenho foi regular e Claiton chegou a marcar um gol, contra o Paranavaí. Inexplicavelmente, o jogador nem sequer ficou no banco de reservas na partida seguinte, contra o Coritiba, no Couto Pereira. Ele também não participou do jogo contra o Rio Branco, do Acre, pela Copa do Brasil.
Mas com a chegada de Geninho, voltou a figurar no banco de reservas e entrou no segundo tempo da partida contra o Rio Branco. No entanto, ninguém explicou a razão pela qual ele foi “vetado” dos jogos anteriores.
Demora na definição do substituto de Sérgio Soares
O treinador Sérgio Soares teve um desempenho oscilante no Brasileirão do ano passado, mas mesmo assim recebeu um voto de confiança da diretoria atleticana e foi mantido no cargo para 2011. Teve tempo de indicar jogadores e fazer a pré-temporada com o elenco, entretanto o time não correspondeu dentro de campo e três derrotas contra times do interior do estado (Arapongas, Operário e Cascavel) no Campeonato Paranaense foram determinantes para sua saída, no início de fevereiro.
Durante todo o mês de fevereiro, o Atlético foi comandado mais uma vez pelo auxiliar técnico Leandro Niehues. Apesar das três vitórias nas três primeiras partidas sob seu comando, Niehues continuou sendo bastante contestado pela torcida, muito em função da utilização de critérios por vezes difíceis de serem compreendidos na escalação de certos jogadores em detrimento de outros e ainda na insistência com atletas com baixo rendimento, como os casos de Marcos Pimentel e Fransérgio.
Para substituir Soares, a diretoria queria um técnico vibrante, segundo palavras do diretor de futebol do Atlético, Valmor Zimermann. Após longas e frustadas negociações com Falcão e Caio Júnior, a cúpula rubro-negra acabou optanto por um velho conhecido: Geninho.
Inércia da direção com os maus resultados
Apenas dois meses deste ano se passaram, mas o Atlético já acumula vexames para o ano todo. No primeiro turno do Campeonato Paranaense foram quatro derrotas, sendo três delas contra times do interior Arapongas, na Arena, na estreia da competição, Operário e Cascavel, no interior do estado e uma contra o Coritiba, no Atletiba, por 4 a 2 (vale lembrar que o rival abriu 3 a 0 com 25 minutos de partida). Com esse péssimo retrospecto, o Rubro-Negro deixou o caminho do arquirrival livre para a conquista tranquila do primeiro turno e a consequente garantia na final do certame estadual.
Ainda, como se não bastasse, na semana passada o Furacão viajou até Rio Branco, no Acre, para a estreia na Copa do Brasil e acabou sendo derrotado por 2 a 1 pelo time local, que fazia sua primeira partida oficial no ano.
Dois pontos comuns são facilmente identificados nestas derrotas: a total passividade da equipe atleticana perante adversários tecnicamente inferiores, que dominaram seus os jogos contra o Furacão; e a inércia da diretoria perante os maus resultados.
Na última sexta-feira o diretor de futebol, Valmor Zimermann, concedeu entrevista à jornalista Nadja Mauad sobre o atual momento do Furacão dizendo que as coisas vão melhorar, mas sem indicar de modo objetivo quais medidas serão tomadas.
Resta torcer para que as previsões de Valmor estejam corretas e que, mais uma vez, o Atlético não passe o ano sem título algum.
Colaboração: Juarez Villela Filho, Ricardo Campelo e Wellington Carvalho (equipe Furacao.com)