19 mar 2011 - 19h12

Malucelli: “Esse plantel não atende às nossas necessidades”

O presidente Marcos Malucelli admitiu que o time do Atlético está rendendo muito abaixo do esperado. Depois da derrota para o Operário por 2 a 0, ele foi entrevistado pelo repórter Osmar Antônio, da Rádio Banda B.

“O primeiro tempo foi melhor que o segundo. Tivemos chances reais de gols, mas perdemos. Fomos muito mal no segundo tempo, não atacamos como deveríamos ter atacado. Eu lamento muito pelo resultado. Acho que principalmente no segundo tempo, e ainda mais contra dez, fomos mal, muito mal, com falhas individuais lamentáveis”, comentou o dirigente.

Malucelli se revelou triste com o que viu neste sábado na Arena. “Estou triste, muito triste com a derrota, com o próprio comportamento da torcida, que poderia ter nos auxiliado um pouco mais. É muito fácil aplaudir no momento da vitória. Eu quero ver é solidariedade no momento da derrota, não é? Nós não tivemos a solidariedade hoje. Me parece que a torcida está com saudades do tempo da mordaça, não é? Eu penso que se ela tiver um pouco de paciência mais uns meses ela terá a volta da mordaça e aí ela ficará satisfeita com o que poderá acontecer. Eu lamento muito. Nós temos feito o maior esforço, temos investido, temos gasto, temos nos esforçado ao máximo, toda a diretoria, mas não temos encontrado o resultado que esperávamos no campo, embora fora do campo o clube esteja numa excelente situação, muito melhor do que nós encontramos há dois anos e meio, mas me parece que isso não basta. A torcida quer, e eu também quero, vitórias. Claro que quero vitórias. Você acha que eu quero sair daqui como presidente derrotado? Claro que não. Mas lamento muito o comportamento da torcida, principalmente com ofensas a mim mesmo. Eu estou muito triste, e só penso que tenham um pouco mais de paciência, se eles estão com saudades do tempo da mordaça, como eu disse, quem sabe volte logo”, desabafou.

O presidente falou ainda da política do clube, referindo-se à oposição feita pelo ex-presidente Mario Celso Petraglia. “Dezembro está aí, os sócios terão oportunidade e voltarão, então, quem sabe, aquilo que nós tínhamos até dois anos e meio atrás: o autoritarismo, a torcida afastada do time, o próprio time era ruim, não é? Eu me lembro muito bem que quando eu assumi em setembro de 2008, nós estávamos praticamente rebaixados, não é? Quem era o presidente do Conselho Deliberativo na época desertou, abandonou o clube, deixou a responsabilidade para mim, porque era mais fácil fugir à responsabilidade do que continuar na época administrando e hoje fica aí com seus Twitters da vida atacando e há quem acredite no canto da sereia. Então, eu lamento muito. Eu não vou abandonar o barco, não vou abandonar o barco, isso eu posso afirmar para vocês todos e para aqueles torcedores que têm maior consciência. Não vou abandonar o barco. Vou levar até dezembro. Nós haveremos ainda de nos recuperar, temos ainda a Copa do Brasil pela frente, o Campeonato Paranaense se amanhã (domingo) o Coritiba ganhar vai ficar muito difícil, praticamente impossível – porque com cinco pontos vai ser difícil de recuperar -, mas nós vamos adiante na Copa do Brasil, no Campeonato Brasileiro. E em dezembro teremos eleições, eu não sou candidato, já falei há muito tempo, e espero que nós tenhamos um candidato da situação para concorrer. Se não tivermos, ficará livre. Aí então, quem hoje critica poderá retornar e fazer o que não fez nos últimos anos. E vai encontrar agora um clube bem melhor, saneado financeiramente, do que eu encontrei. Os 18 milhões de déficit se tornaram superávit, não temos dívida, não temos nada, não temos é um time competitivo. Temos time. Mas não competitivo, infelizmente. É claro que eu queria um Atlético hoje ganhando e conquistando o segundo turno, o que ainda não é impossível, mas se tornou mais difícil. Mas eu lamento muito o comportamento de hoje da nossa torcida, lamento muito o comportamento dos nossos ex-diretores que hoje se tornaram opositores e que ficam atacando o tempo todo, esquecendo-se de que nos entregaram um clube quebrado, não é? Um clube que estava na iminência de cair para a segunda divisão, que nós recuperamos, mas isso que parece que foge à memória do torcedor, né? Eu lamentei muito hoje o comportamento da torcida, fiquei muito decepcionado. Só não abandono o barco porque temos poucos meses pela frente e eu vou tocar, com toda a honra e dignidade e vou fazer o meu trabalho. Mas realmente desse meio quero me ver longe disso”, desabafou.

Ele atribuiu o comportamento da torcida organizada, que lhe xingou durante o jogo, à situação política do clube. “Alguns torcedores acabam comprando essa posição, essa situação. Então, nós vimos hoje aí um comportamento totalmente absurdo. Eu lamentei muito o comportamento da torcida ao final do jogo, principalmente da torcida organizada, que sempre nos apoiou, e muito. Quando eu digo nos apoiou, não a mim, ao clube. Eu não preciso de apoio da torcida. Eu quero que a torcida apoie o clube, o Atlético. E o comportamento de hoje ao final do jogo não é de quem apoiasse o Atlético, eles estavam torcendo contra o Atlético. Isso é lamentável, mas é fruto da situação política e da oposição que nos faz hoje um ex-presidente, que saiu do clube escorraçado, tocado pela torcida, mas agora parece que isso ninguém mais lembra, parece que o ex-presidente hoje é a salvação, quando na verdade eu posso dizer: a pior coisa que pode nos acontecer é a volta desse ex-presidente, com aquele autoritarismo. Vocês são os que mais sofreram – e sofrerão. A torcida sofreu – e sofrerá. Mas é o que eles querem pelo jeito. Não interessa se o clube está bem, se está sanado, se tem dinheiro, se juntamente com o São Paulo são os dois únicos clubes que não devem nada, que não têm adiantamento de receita com televisão. Isso parece que não importa. O que importa é a crítica”, prosseguiu.

Marcos Malucelli também afirmou que não será mais candidato a nenhum cargo no Atlético: “Eu lamento profundamente, estou muito triste, muito chateado. Já disse que não sou candidato a reeleição e vou dizer mais: jamais serei candidato a qualquer coisa dentro do Atlético, porque é muito triste a gente trabalhar, trabalhar, trabalhar, dar o máximo possível, problemas às vezes até familiares, e ter que ouvir o que eu ouvi hoje. É triste, muito triste. Penso que o que eles merecem é a volta do que nós tínhamos há dois anos e meio”. Depois, afirmou que a partir do ano que vem voltará a ser apenas um torcedor atleticano, retomando a rotina de ir aos jogos com sua bandeira. “Eu penso que eu não sou a pessoa indicada para exercer esse cargo. Esse cargo tem que ser exercido por pessoas que têm outros interesses que não só o do clube”, assegurou.

Mudança no elenco

“Eu não vou fazer uma análise individual de jogadores, até mesmo porque em público isso não seria próprio de um presidente. Nas reuniões que nós teremos na próxima semana certamente isso será abordado. Mas se fossem jogadores à altura do Atlético, nós não estaríamos nessa situação que nós estamos hoje, não é? No primeiro turno terminando sete pontos atrás de quem venceu e agora já a cinco do Coritiba e acho que a quatro do Operário. Evidentemente que não pode ser um bom time. É inconcebível que o Atlético esteja numa situação dessas com o conjunto que tem, com os jogadores que tem”, afirmou o dirigente.

Malucelli afirmou que o time será modificado para o Campeonato Brasileiro. “Eu posso dizer, isso sim, que se precisar, e parece que precisa, nós faremos uma limpa. Nós não prosseguiremos o ano com o mesmo plantel que aí está. Isso eu posso assegurar. Nem que eu, presidente, tenha que interferir na questão de contratações. Mas que esse plantel que aí está hoje não atende às nossas necessidades, não atende. Então, nós fatalmente teremos outro time no Campeonato Brasileiro. Falei isso até para os jogadores: se eles nos decepcionassem no Campeonato Paranaense, como eles estão nos decepcionando, não será esse time que irá disputar o Campeonato Brasileiro”, concluiu.

Clique aqui para ouvir a íntegra da entrevista de Marcos Malucelli à Banda B.



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