26 mar 2011 - 12h35

Atlético, o time do povo

Hoje o Clube Atlético Paranaense está comemorando 87 anos de existência. Em 26 de março de 1924, foi eleita a primeira diretoria clube, fruto da união do Internacional e do América. Surgiu, assim, o “Club Athletico Paranaense” (posteriormente, a grafia foi atualizada).

Este 26 de março é dia de dizer parabéns. Parabéns para você, torcedor atleticano. Tenha orgulho de também fazer parte desta história sensacional.

Como tudo começou

Uma das particularidades do Atlético é que o clube surgiu a partir da união de duas potências do nosso futebol. O Internacional era tão grande que, a partir dele, surgiram outras agremiações. Um grupo de jogadores resolveu deixar o time para montar o América. Anos depois, o retorno às origens fez surgir o Atlético.

Primeiros atleticanos: terno e chapéu


No início do século XX, uma pesquisa realizada em Curitiba apontou o América como o time de maior torcida da cidade, seguido pelo Internacional. Ou seja, a união dos times mais populares fez nascer uma equipe ainda mais querida.

O Atlético dos anos 20, 30 e 40 era o time da elite paranaense. Políticos, intelectuais e empresários eram sócios do clube e formavam um grupo de torcedores de alto poder financeiro, que adotaram como mascote o “cartola”. Porém, a origem tradicional e de fortes laços com a elite não impediu o Atlético de se popularizar e tornar-se também o time da massa.

Atlético, o time do povo

A atual torcida atleticana é resultado de dois momentos históricos importantes. Em 1967, o Atlético foi rebaixado à segunda divisão do Campeonato Paranaense. O clube estava abandonado, com a torcida descrente e sem perspectiva de futuro. Nesse momento, surgiu a figura do presidente Jofre Cabral e Silva, que revolucionou o Atlético e o futebol do Estado. Tirou o clube da segunda divisão estadual e formou um time sensacional, com Bellini, Djalma Santos, Sicupira, Zé Roberto, Nilson Borges e outros. Mesmo sem o título, deixou a lembrança de ter montado um time admirado, que goleou equipes tradicionais como Santos, Corinthians e Fluminense.

Nascia com esse time uma nova geração de torcedores atleticanos de diversas classes sociais. Mesmo tendo conseguido apenas um título na década de 70, o Atlético viu sua torcida ultrapassar a dos adversários em número e motivação.

Furacão atinge as grandes massas [foto: Paraná-Online]


A consolidação do crescimento da torcida veio com os títulos da década de 80, quando o Atlético conquistou a hegemonia do futebol paranaense e o reconhecimento nacional. Batendo todos os recordes de público nos estádios da capital, alguns que permanecem até hoje. Destacando, obviamente, o histórico jogo contra o Flamengo em 1983, pela semifinal do Campeonato Brasileiro, recorde absoluto de público em todos os tempos no Estado do Paraná.

O segundo momento histórico que alavancou o Atlético no cenário nacional e internacional aconteceu em 1995, com o início da gestão liderada por Mário Celso Petraglia, com a conquista de títulos nacionais, a construção dos melhores estádio e centro de treinamentos do Brasil e das participações na Libertadores da América, levando o clube a superar em mais de 50% de torcedores o rival. Além disso, a torcida atleticana é a mais bonita pela presença feminina e a que mais cresce em razão do imenso número de jovens no estádio.

Paixão eterna e intensa

O sentimento do torcedor atleticano pelo time é algo fora do comum. O atleticano é um torcedor de fibra: acredita sempre no triunfo. Tem personalidade: defende sua paixão com unhas e dentes. E muito, mas muito apaixonado: está sempre ao lado do seu Atlético, para o que der e vier.

Se hoje a torcida do Atlético é feliz, nem sempre foi assim. O sofrimento marcou grande parte da história do clube. Talvez justamente por isso é que a paixão do atleticano seja tão forte: porque o sofrimento intensifica a sensação de alegria. Por ter enfrentado momentos tão difíceis, o torcedor saboreia tão bem cada uma das glórias atleticanas.

Paixão eterna: sou atleticano e não desisto nunca [foto: Paraná-Online]


Este torcedor que, vendo o time apanhar do rival na histórica goleada de 5 a 1, cantava o hino do clube e incentivava os jogadores. Que foi até ao Rio de Janeiro em 1998 para protestar na porta da CBF. Que entupiu as caixas de e-mails dos cronistas que minimizaram a final do Brasileiro de 2001 ou mesmo que tentavam inferiorizar a excelente campanha do time no nacional do ano passado. E que, em tantos jogos, bradou, vibrou, gritou, moveu os braços, fez o que pôde para ajudar o time a conquistar suas vitórias – às vezes até se cobrindo de lágrimas quando o resultado não veio.

Assim como a paixão entre duas pessoas envolve sensações, o sentimento do torcedor pelo Atlético é uma mistura de elementos distintos, que se completam. A paixão do atleticano estimula-se na visão, quando se projetam, na retina, imagens da eterna Baixada, dos soldados em combate no gramado, dos outros guerreiros unindo energias nas arquibancadas, ou simples imagens das cores vermelha e preta. Estimula-se na audição, quando se escuta os gritos de guerra da torcida, ou o grito de gol anunciado no rádio. Estimula-se na alegria de, no interior de nosso templo, captar as ondas de vibração que, invisíveis e inaudíveis, são compreendidas apenas por quem sintoniza na freqüência do coração atleticano. Quem olha nos olhos de outro atleticano sabe o que ele está sentido. Unidade. Milhares de pessoas, um único objetivo. Uma única paixão.

Atleticanos ilustres

Numa legião de um milhão de atleticanos apaixonados não é difícil encontrar torcedores ilustres. Aparentemente, nomes como o de Emanuel, Waldemar Niclevicz, Alexandre Slaviero, Juraci Moreira Júnior, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, Dalton Trevisan, Peterson Rosa, Denise Martins Arruda, Carlos Roberto Antunes Santos, José Henrique de Faria, Felipe May Araújo, Cristovão Tezza e mais um milhão de pessoas nada têm em comum. Mas são todos representantes da grande família do Furacão, nomes que carregam nas veias o sangue rubro-negro, tendo no coração o orgulho de ser atleticano.

Waldemar: o Atlético no topo do mundo


Paixão pura e verdadeira, capaz de levar o nome do Atlético às alturas. Feito esse conquistado pelo alpinista Waldemar Niclevicz, que levou a bandeira do Furacão a 8.848 metros de altitude, no topo do mundo. Sim, no cume do Monte Everest já tremulou a bandeira rubro-negra.

Anônimos ou personalidades, o certo é que há uma nação de um milhão de pessoas que carregam o orgulho e a paixão pelas cores rubro-negras. Sentimento descrito pelo poeta Mazetto: “Se há reencarnação eu quero reencarnar, nem que seja daqui a mil anos. No Paraná eu quero voltar a morar e ser outra vez um atleticano. E quando tirar da cápsula do tempo aquela camisa, lá no ano 3000, eu estarei gritando aos quatro ventos: ‘Viva o meu Atlético, o Furacão do Brasil!’”.

Amor que ultrapassa fronteiras

Ao longo dos últimos anos, a torcida atleticana tem se espalhado por todo o mundo e o clube tem ganho adeptos nos mais diversos locais. Esse fenômeno fez surgir um grupo de torcedores diferentes. Não no grau de atleticanismo, mas na distância do templo sagrado, a Arena da Baixada.

Milhares de atleticanos residindo em outros estados e até mesmo em outros países não têm a mesma oportunidade dos que moram em Curitiba, que estão mais próximos e podem ir freqüentemente recarregar as energias no Joaquim Américo. Mas, afinal, quais as diferenças entre os atleticanos que não moram em Curitiba e os demais?

Bandeira atleticana em prédio de Foz do Iguaçu


Para quem está fora, a alegria na vitória é tão intensa quanto seria se estivesse presente no estádio. Porém, como quando se trata de prazer o ser humano é insaciável, logo vem uma pontinha de frustração. Frustração por não poder participar da festa, por não poder sair buzinando sem ser considerado excêntrico, por não poder desfilar pelas ruas centrais exibindo a camisa Rubro-negra. Nas eventuais derrotas, à tristeza juntam-se os sentimentos de culpa e de impotência: “Foi por minha causa! Foi o meu grito exatamente o que faltou para empurrar o time!”

Pensando bem, os atleticanos “desterrados” são iguaizinhos aos outros. E, certamente, se tivessem a oportunidade, mandariam seu recado aos rubro-negros que continuam próximos do clube, literalmente no meio do Furacão: “Cuidem bem do Atlético para nós. Um dia, se Deus quiser, a gente volta.”

Parabéns a todos nós. Atleticanos antigos e novos, ricos e pobres, ilustres e anônimos, de Curitiba ou de fora, mas todos atleticanos. Todos unidos pelo mesmo sentimento e pela mesma paixão. Intensa e eterna.

Reportagem: Patricia Bahr, Ricardo Campelo, Sergio Surugi, Marcel Costa e Marçal Justen Neto, todos da equipe de conteúdo da Furacao.com.
Matéria originalmente publicada em 26/03/2005.

Saiba mais sobre a história do Atlético:
Hot site dos 80 anos



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