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25 abr 2011 - 23h44

Chega de apanhar

Outra vez perdemos para o nosso maior rival. Outra vez de goleada – a terceira, se não me engano, de uma sequência cada vez mais assustadora. Não sei o que nos resta. A derrota é sempre ruim, seja em que momento for, seja em que local acontecer. Estamos há muito tempo amargando esse gosto no clássico regional. O fato incomoda, sem dúvida, mas não é o mais grave. Faz parte do jogo. O que causa estranheza é a forma como reincidimos nos erros, e como os desastres sucessivos vêm sendo encarados com naturalidade pelos mandatários do clube. Ora, perder Atletiba não é coisa pouca. Ainda mais se for na Baixada. E de goleada.

Na segunda-feira, dia seguinte ao vexame, a cidade seguiu o seu cotidiano. Nada se fez, nada aconteceu. Nas sedes do clube, nenhum sinal de mudança. Eis o que preocupa: a inércia. Viramos saco de pancada de um adversário que nos humilha. Fosse algum tempo atrás, teríamos revolta popular, deposição de governo, caos na bolsa de valores. Hoje, estamos civilizados e pacientes, no aguardo do time arrasador prometido pela Diretoria há quase seis anos.

O filme é sempre o mesmo: jogadores expulsos infantilmente no começo das partidas, falhas na defesa, frangos, improvisação, escalações surpreendentes e arbitragens tendenciosas. São dez jogos quase iguais, com resultados parecidos. No domingo, quando as rádios anunciaram a formação do Atlético, com a presença de Fransérgio improvisado e a falta de um lateral de ofício pela direita, minha espinha gelou. Senti que o fracasso estava perto. O enredo triste se confirmou com o cartão vermelho dado ao Manoel, com a desatenção da nossa defesa que resultou no primeiro gol deles, com o segundo, em falha do goleiro Renan, com a incapacidade crônica do time de reverter a desvantagem e com a melancólica entrega de mais uma taça de campeão aos nossos algozes.

Até quando assistiremos a tudo isso passivamente? E os responsáveis pelo futebol no Atlético, o que dizem, que tipo de providências vão encaminhar? Falta-nos coragem de vencer. Isso é visível. Nossos jogadores mostram em campo um pouco de esforço individual, apenas. Cumprem suas obrigações burocraticamente, sem objetividade, sem rumo e sem alma. Para eles, levar vareio dos coxas é rotina. Para nós, que torcemos, não. Isso não faz parte da nossa tradição, do nosso sangue quente, da nossa história.

O Atlético é muito mais do que o amontoado sem graça que nos envergonha todos os anos pelos estádios do Brasil. Está na hora de recuperarmos a nossa mística, que é feita de amor, e acabarmos com a vergonha das surras que levamos a cada clássico que acontece.



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