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25 abr 2011 - 12h52

Uma discussão necessária

Quem não quer ser campeão paranaense? Quem não quer ganhar o Atletiba?

Ao que parece, nosso presidente não está preocupado com isso, visto que declarou à Gazeta do Povo, conforme notícia publicada ontem, que se tratava de um jogo comum, não comparado aos jogos contra São Paulo ou Flamengo.

Pior de tudo que isso não é seu privilégio, pois essa é a visão da diretoria do Atlético desde o tempo de seu antecessor e atualmente o principal crítico da atual gestão, que se organiza nos bastidores para formar um grupo que retome o controle das ações no Atlético.

Ao longo dos últimos anos, convivemos com o discurso dos nossos dirigentes de que o Coritiba deixou de ser rival, ou ao menos não tem mais a importância que tinha antigamente. Nossos rivais são os melhores Clubes do país, é o que dizem.

Entretanto, não estamos conseguindo fazer frente nem a um, nem a outros. Apesar de vermos o Coritiba num sobe e desce de divisão ao longo dos últimos anos, não conseguimos fazer o dever de casa aqui no nosso estado. Ganhamos um campeonato sem graça em 2009 depois de uma sapatada de 4×2 em casa muito mais em função do demérito do nosso rival do que por nossos méritos próprios. Fora isso, não vencemos o Coritiba há tempos e assistimos a eles ganharem o bicampeonato estadual com uma campanha irretocável.

Ainda que consigamos alguns bons resultados nacionais, como o 5º lugar do Brasileiro do ano passado, eles não se revestem nem em conquistas, nem ao menos na disputa de torneios importantes como a Libertadores, o que considero muito pouco para um Clube que conseguiu surgir do nada e montar uma estrutura digna de se transformar em pelo menos um dos 3 melhores Clubes do país.

Então, onde está o erro?

Ao meu ver, estamos errando em dois pontos cruciais. Não olhamos o nosso próprio terreno como foco principal e não estamos adotando nenhuma medida que nos permita sonhar em rivalizar, verdadeiramente, com os grandes do RJ, SP, RS e MG.

Ridicularizar o estadual é um erro, pois é o campeonato que podemos ganhar e que entramos como favoritos em qualquer circunstância. Por mais baixo que seja o nível técnico, por mais deficitário que seja financeiramente e por mais injustificável que seja a sua existência, não deveríamos nos contentar com dois títulos nos últimos oito anos. É muito pouco para um Clube do nosso tamanho, ainda mais se compararmos com quem está ao nosso redor.

Infelizmente, a postura de nosso diretores de minimizar a rivalidade com o Coritba e de minimizar as conquistas estaduais fazem com que nos apequenemos nacionalmente. Poderíamos ser tri, tetra campeões estaduais e entrar no Brasileiro com moral, respeitados pelos times de fora. Mas estamos indo pra mais um Brasileiro como mais um participante.

Não tenho dúvida de que essa postura soberba se reflete nos jogadores.

Pra piorar, estamos sistematicamente repetindo os mesmos erros ao longo dos últimos anos que nos fizeram perder o rumo que nos fez diminuir drasticamente a diferença pros grandes.

Se formos ver bem, nosso plano de sócios está engessado. Limitar os planos apenas aos lugares no estádio não permite o seu crescimento a um patamar maior que o que já está. Nossa torcida continua sendo tratada como mera consumidora, que tem a obrigação de pagar o sócio e se satisfazer com o que o Clube oferece, mesmo quando vemos um péssimo futebol dentro de campo. Continuamos num entra e sai danado de treinadores e de jogadores, com dificuldade para manter uma base, e agora voltamos a perder jogadores titulares para times nacionais. Nosso departamento de marketing está quase parado, ou ao menos não conseguimos visualizar suas ações, muito menos os resultados delas.

A Baixada está uma geladeira. O que deveria ser nosso diferencial virou uma panela de pressão ao contrário. Em vez de transformar a Arena num estádio argentino, onde a torcida faz pressão a favor do time, o Clube sequer se preocupa em considerar essa hipótese como algo que pode ser feito a favor. Ao contrário, se o torcedor não vai ao estádio mas paga o sócio já está bom, pois o dinheiro está entrando.

Precisamos definitivamente de uma nova cultura.

Precisamos ressuscitar o atleticanismo que está inerte em cada um de nós.

Precisamos de foco. Precisamos de um planejamento pra recuperar a hegemonia em nosso Estado e voltar a nos aproximar dos grandes Clubes. Precisamos que os jogadores queiram jogar aqui e sair daqui pro exterior.

Fácil não é, mas se o Atlético foi capaz de sair do pó para ter a melhor estrutura do Brasil, então também não é impossível. Basta um pouco mais de boa vontade e investimento em qualidade nos vários setores do Clube, desde o marketing até o departamento de futebol. Precisamos de gente que entenda, pra valer, o que é o verdadeiro espírito atleticano.

Este ano temos eleições, e espero que o debate envolva essas questões, e não fique limitado ao bate-boca que estamos assistindo dentre os dois principais nomes que representam os dois grupos que devem disputar o comando do Atlético para o próximo triênio.

Certo, apenas, é que se nada de diferente for feito, vamos continuar tendo os mesmos resultados, que se não são desastrosos, também não estão nos levando para onde queremos e podemos ir.



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