A história recente do Atlético Paranaense
O jogo de ontem é o reflexo de fatos e atitudes ocorridos ainda durante o brasileirão do ano passado.
Tínhamos um bom time naquele campeonato, calcado basicamente em uma defesa muito sólida, genialmente lapidada pelo Carpegiani.
Paulinho na esquerda, lateral com boa qualidade defensiva (e meia boca no apoio), Manoel e Rodholfo jogando tudo na zaga, ambos ótimos na bola aérea, e muito fortes fisicamente, sendo ainda de se destacar a experiência do jovem zagueiro vendido ao São Paulo, que era o verdadeiro xerife da zaga atleticana.
Completando esta muralha tínhamos na lateral direita o bom Élder Granja, outro forte na marcação, com mais vigor físico e força que o Wagner Diniz.
Quanto ao gol não há muito o que falar, tínhamos Neto, jovem, motivado, e com muita qualidade técnica, não foi a toa que chegou à seleção.
À frente desta parede tínhamos ainda Deivid (muita raça e consequentemente qualidade), e Vitor, que jogou muita bola durante aquele campeonato, não sei se por estar em boa fase ou por ser efetivamente um ótimo jogador.
Pois bem, do meio pra frente o Furacão era um fracasso, principalmente por conta das seguidas lesões do atacante Nieto, e pela insistência dos treinadores em escalar o terrível Bruno Mineiro.
Ocorre que, exatamente quando as coisas se acertaram, e nossa zaga passou a garantir muitos pontos ao Furacão, o querido Carpegiani, do alto do seu profissionalismo, resolveu ir embora para o São Paulo, deixando nossa diretoria na mão.
Faltando 10 rodadas para terminar o campeonato, sem muito dinheiro em caixa, e com um time já armado, nossa diretoria resolveu trazer um tapa buracos, e NESTE MOMENTO FOI ASSINADO O FRACASSO DO NOSSO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2011.
Sérgio Soares foi O ERRO que nossa diretoria cometeu, pois assumiu um time que, parafraseando levir culpi, estava no piloto automático, e jogou as últimas rodadas do brasileirão do ano passado em alto nível, sem que nosso novo comandante precisasse fazer qualquer esforço.
Este ‘finalzinho’ de brasileirão sob o comando do Sérgio Soares serviu apenas para duas coisas, primeiramente para nos tirar da libertadores (o que considerei normal diante da superioridade do time gremista), e em segundo, para iludir nossa diretoria e até mesmo a nossa torcida, pois passamos a acreditar que o famoso SS seria capaz de comandar o CAP à glória no ano seguinte. Ledo engano!
Começava então o planejamento para 2011, e muitos de nós, inclusive eu, elogiávamos o planejamento feito pela diretoria, pois havíamos contratado com antecedência, ainda durante o brasileirão, e começaríamos o ano com um treinador definido, o que não ocorria há muito tempo.
A intenção da diretoria era que, com a contratação antecipada de um treinador, pudéssemos realizar uma bela pré-temporada, uma vez que o mesmo indicaria jogadores do seu gosto, e poderia treinar fundamentos, físico, e tática, para chegarmos voando ao segundo turno do estadual, e principalmente à Copa do Brasil.
No entanto, ao efetivar Sérgio Soares para ser nosso treinador em 2011 nossa diretoria estava comente O seu maior ERRO, o qual nos perturba até hoje.
Sérgio Soares provou ser péssimo, desmontou por inteiro tudo aquilo que o Paulo César Carpegiani havia feito, não tinha o grupo na mão, não indicou boas contratações, e não conseguiu, mesmo em 2 meses, implantar um sistema tático eficaz.
Indicou jogadores como Ale e Marcos Pimentel, fraquíssimos, ambos muito abaixo dos padrões exigidos pelo CAP, e que iludiram a diretoria, que acabou por deixar escapar boas opções para estes setores durante a entressafra.
Sua incompetência era tamanha, que os próprios jogadores trataram de fazer corpo mole diante do Cascavel, no primeiro turno, para forçar sua demissão, e confesso, fiquei e muito feliz com seu pedido de demissão, pois nos poupou o pagamento de uma bela multa rescisória.
Portanto, O ERRO DA NOSSA DIRETORIA FOI CONTRATAR UM INCOMPETENTE COMO O SÉRGIO SOARES, que acabou com todo o planejamento para o início de ano.
Não há que se falar que a venda de jogadores como Neto, Rodolfo e Chico foram equivocadas, pois o seu Manoel está provando para quem quiser ver que manter jogador contra sua vontade não dá, e só traz prejuízos ao clube.
A venda daqueles jogadores não foi equivocada, principalmente porque os valores recebidos pelo CAP foram excelentes, ocorre que nossos diretores precisavam repor com qualidade as suas ausências, e não fazer apostas em jovens promessas para o gol, nem contratar um zagueiro reserva do quase rebaixado Avaí para substituir um dos melhores zagueiros do campeonato do ano passado, e cotado para a seleção brasileira (Rodolfo).
E AI ESTÁ O SEGUNDO EQUIVOCO DA NOSSA DIRETORIA, BRINCOU COM POSIÇÕES SÉRIAS DEMAIS, se ano passado a montagem do time priorizou o gol e a zaga, o que nos levou à ótima quinta colocação do brasileiro, este ano nossa direção disse: a, no gol temos os meninos da base, não precisamos de ninguém.
Ora, sem goleiro ninguém vai a lugar nenhum, trata-se de uma posição que exige experiência, bom posicionamento, além de muita capacidade técnica, três qualidades indispensáveis, que não eram preenchidas pelos dois primeiros guarda-metas que vestiram a camisa 1 do CAP até a metade do paranaense.
Por outro lado, se nossa diretoria errou com algumas posições, acertou em outras, como por exemplo no meio e no ataque, onde trouxe o bom Madson, manteve Guerrón, renovou com o Maestro PB, contratou o talentoso Heverton, e ainda levou de graça o excelente Adailton, que tem sido o melhor jogador de frente do furacão.
Pois bem, os erros e acertos se equilibrariam, não fosse o fato de que, como já dito, os erros ocorreram em posições indispensáveis para um bom time de futebol, quais sejam, gol e técnico.
João Carlos tomou gols e mais gols, entre as pernas, fracos no cantinho, forte no meio, colocados no ângulo, não pegava nada, e falhava em momentos cruciais, enquanto Edson Bastos, ótimo arqueiro do nosso rival, fazia milagres e mais milagres no início da temporada, até que o time do coxa readquirisse o condicionamento físico e o melhor posicionamento tático.
Basta observar que perdemos em plena arena para o arapongas, que fez um gol de falta, e outro em que seu atacante chutou a orelha da bola, que fraquinha fraquinha morreu nas nossas redes após passar entre as pernas do desesperado e inexperiente goleiro atleticano. Já nosso rival, fez uma péssima partida contra o mesmo Arapongas fora de casa, levou sufoco, bola na trave, e ainda assim arrancou um empate, graças a alguns milagres do seu bom e experiente goleiro.
Somente na terceira aposta nossa diretoria resolveu o problema, ao encontrar em Renan Rocha um garoto que embora inexperiente se mostra muito lúcido, calmo, e com bom reflexo, fazendo o feijão com arroz, e resolvendo um dos nossos principais problemas. No entanto, esta aposta, nos rendeu a perda de preciosos pontinhos, principalmente no primeiro turno, uma vez que caso tivessem contratado um bom goleiro, com experiência, em várias ocasiões teríamos deixado de levar certos gols.
Portanto, ERROU A DIRETORIA ao apostar em promessas, e não dar a devida importância ao gol, posição básica e das mais importantes no futebol moderno.
Voltando ao primeiro erro, qual seja, a não contratação de um treinador gabaritado, como já disse havíamos apostado novamente, e de forma equivocada, no péssimo Sérgio Soares, que nos iludiu no final do brasileirão do ano passado, e depois jogou no lixo toda a nossa pré-temporada, boa parte das nossas contratações, e enorme parte do planejamento da atual temporada.
O cometimento do equivoco na contratação do SS acabou por respingar em tudo e em todos, com a má preparação feita pelo referido treinador, vários bons jogadores vinham sendo queimados a cada jogo, tais como Deivid, Rafael Santos, Paulinho, Guerron, e muitos outros, hostilizados pela torcida, afastados pela diretoria, ou até mesmo desmotivados por verem que à beira do campo havia um incompetente.
Nem bem começou o mês de fevereiro e o CAP se viu sem treinador, e precisando iniciar um trabalho da estaca zero, enquanto seu rival colhia os frutos por ter disputado a série B do ano passado (a falta de visibilidade daquele torneio de menor expressão possibilitou que estes renovassem com todos os titulares), e por terem contratado um bom treinador, que deu seqüência ao trabalho do excelente Ney Franco.
Livres de Sérgio Soares, e com uma herança maldita deixada pelo mesmo, a diretoria abriu os cofres (dinheiro que só entrou após a venda dos jogadores), e saiu à caça de um profissional gabaritado para ocupar o comando técnico. No entanto, Bielsa, Falcão e Caio Junior, únicas boas opções existentes, ou se recusaram a vir, independentemente do salário, ou tinham contratos em vigor e não podiam se desligar dos clubes que defendiam.
Ocorre que, a cada dia que passava a situação piorava, uma vez que Leandro Niehues é também terrível, de tal modo que quando o novo treinador chegasse teria de iniciar todo um trabalho básico de preparação, com treinamento de fundamentos, de jogadas de bola parada, de posicionamento, etc.
Assim, diante da falta de profissionais no mercado, e da urgente necessidade de comando, a diretoria acertadamente contratou Geninho, outro tapa buraco, muito melhor que Sérgio Soares, mas que também já veio com os dias contados, e que teve grande serventia, pois começou a dar um padrão de jogo ao time, treinou certas jogadas, ajeitou a defesa, que levando menos gols passou a dar seguidas vitórias ao furacão, ainda que este não apresentasse um grande futebol.
Alias, não se poderia esperar um grande futebol, uma vez que nossa temporada havia se iniciado apenas em 21/02, quando da contratação do eterno ídolo Geninho, que assumiu um time na estaca zero, com a torcida e a imprensa jogando contra, com o maior rival em estado de graça, com um time sem padrão de jogo, sem condições físicas adequadas, e sem qualquer preparo psicológico.
Após a arrumação feita por Geninho, a diretoria acertou novamente ao trazer Adilson Batista, este sim gabaritado, e com capacidade de levar o furacão ao seu devido lugar. A diretoria também dispensou laranjas podres existentes no elenco, mas ainda assim colhia os frutos do péssimo trabalho feito por Sérgio soares, pois se a dispensa de Ale e Marcos Pimentel excluía os vestígios do ex-comandante, a não realização de uma pré-temporada adequada ainda refletia na equipe.
Desde então estamos tirando o atraso, treinando um time que largou 1 ano e meio atrás do Coritiba, por exemplo, que tem seu esquema tático e entrosamento já definidos desde o início do ano passado. Adilson vem fazendo um bom trabalho, e reflexo disto foi a convincente vitória sobre o Bahia, time de primeira divisão, que levou um chocolate de 5 a 0, com direito a olé e muitos gols perdidos
No entanto, se nossa diretoria aprendeu com os erros, e agora tem acertado, esta se mostra desamparada pela sorte, que insiste em passar longe das cores rubro negras. Após a chegada animadora do Adilson, de uma excelente vitória sobre o Bahia, e de o time fazer as pazes com a torcida, o furacão teve pela frente o jogo errado, na hora errada, e principalmente contra o time errado.
O Atlético ainda está rendendo 50 ou 60% que pode render, mesmo porque, como já frisei, começamos nossa temporada com dois meses de atraso em relação aos adversários, e por isso precisávamos de uma boa seqüência, preferencialmente contra adversários fáceis e de menor expressão, para melhorar o rendimento do time.
Por outro lado, uma vitória no Atletiba seria a pá de cal no passado negro, e o início de uma grande fase, tal qual sonhávamos no início do ano, sendo flagrante, portanto, a tremenda importância deste jogo, no qual jamais poderíamos perder como perdemos.
E não perdemos mais por incompetência dos diretores, não perdemos porque o Renan não esperava que o Bil acertasse aquele chute, perdemos porque temos no elenco um jogador insatisfeito, que se aproveitou da situação para aprontar mais, na tentativa de ser negociado com outros clubes.
Ora, salta aos olhos que o zagueiro Manoel agiu de má-fé ao enfiar o cotovelo na cara do adversário aos 8 minutos do primeiro tempo, da mesma forma que já havia pisado em um jogador do operário no primeiro turno do estadual, e da mesma forma que havia entregado uma bola nos pés do atacante do Arapongas para marcar um dos gols da vitória de 2 a 1 sobre o CAP na estréia do estadual.
Jogamos 82 minutos com um a menos, com aquele que dizem ser o melhor time do mundo, e ainda assim criamos diversas chances, todas desperdiçadas pelos nossos atacantes de péssima pontaria.
Forçamos que a máquina coxa-branca fizesse faltas e mais faltas, todas vistas e devidamente marcadas por Evandro Rogério Romam, que se omitia quanto à aplicação de cartões amarelos, possibilitando assim que os ervilhas matassem todos os ataques em velocidade.
Paulo Baier teve ao menos 5 boas chances de bola parada, e em nenhuma delas conseguiu acertar a cobrança, fato raro, uma vez que nosso capitão é um gênio nesta arte, o que demonstra novamente que a sorte não acompanha esta diretoria, e também que esta caminha ao lado dos nossos rivais, que ao contrário de todos os outros clubes do país, ainda não tiveram o desprazer de ter as redes balançadas pelas mortais bolas paradas do rubro-negro.
Para além de todos os fatos narrados, sou obrigado também a destacar a qualidade do elenco dos porcos, que por mais que não seja tudo isto que a imprensa diz, forma sim um bom time, e que não a toa está sendo campeão invicto do estadual.
Toda esta longa regressão serve de alento para nós fanáticos rubro negros, para entendermos que estamos no caminho certo, e que este clássico atletiba não passou de um acidente de percurso, bem diferente da derrota do primeiro turno, em que estávamos sem treinador, sem padrão tático, e sem grandes perspectivas.
Nossa diretoria errou ao manter Sérgio Soares para este ano, errou ao apostar apenas nos goleiros da base, e errou em algumas contratações, mas por outro lado trouxe também bons reforços, como Madson, Heverton, Guerron, Branquinho, Nieto, Kleberson, Robston, todos jogadores renomados e que tem muito a nos dar durante este ano.
Nossa diretoria também acertou ao demitir Geninho, pensando no bem com Atlético, para trazer o Pezão, talvez o melhor treinador que tivemos desde Levir Culpi. E já deu mostras de que pretende investir em mais contratações, que só não foram feitas pelo fato de o mercado estar fraco.
A melhora do Atlético é sensível, e a derrota circunstancial em um Atletiba que jogamos 82 minutos com um a menos não pode atrapalhar esta evolução, pois AGORA temos bons valores em nosso elenco, amparados por um bom treinador, devidamente classificados na Copa do Brasil.
Não faltou raça, não faltou dedicação, faltou profissionalismo de um zagueiro filho da p*, que em várias ocasiões já tentou (e está conseguindo) estragar o nosso ano. Não precisamos mais de paciência, pois nosso ano vai melhorar, tenho certeza.
Palavras de um atleticano, otimista como sua própria natureza indica, e não pessimista ao extremo como outros que preferem puxar para baixo a encontrar soluções.