3 maio 2011 - 21h35

Para repetir as glórias do passado

De um lado, o Atlético amargava o terceiro lugar no octogonal do Campeonato Paranaense, faltando 12 rodadas para terminar a competição. O jornal Gazeta do Povo do dia 1º de abril de 1997 estampava os dizeres: “A hora do puxão de orelha no Atlético”. E o clima não andava muito bom pelos lados do Rubro-Negro. “É preciso entrar em campo com vontade de ganhar. É preciso determinação, muita determinação. Sem determinação, não ganha campeonato”, dizia o então vice-presidente do Atlético, Ademir Adur. E a preocupação fazia sentido. Vindo de um empate em 1 a 1 com o Matsubara, o técnico Jair Pereira estava preocupado com a falta de motivação da equipe, além da maratona de jogos.

De outro, o Vasco, comandado por Antonio Lopes, que começava a formar a base de uma das melhores fases do time cruz maltino nas últimas décadas, como Luisinho, Pedrinho, Mauricinho, o recém chegado Juninho Pernambucano (vindo após grandes conquistas pelo Sport), o meia habilidoso Felipe, além de Edmundo, que vivia grande fase. “Vasco da Gama já tem a escalação para o confronto”, constava na manchete, que seguia com o seguinte texto: “O técnico Antonio Lopes demonstra grande preocupação quanto à sorte do Vasco nesse jogo, por reconhecer que o adversário em circunstâncias normais já é difícil de ser superado, ainda mais atuando em casa”. Ou seja, o Delegado sabia bem do perigo que poderia enfrentar.

Na véspera do confronto, jornal destacou a importância do time atleticano fazer o maior número de gols em casa para poder ter a vantagem no jogo de volta, no Rio de Janeiro. “Atlético precisa fazer muitos gols”, dizia a manchete. A reportagem seguia destacando a importância do apoio da torcida rubro-negra no Pinheirão para conquistar tal objetivo: “Para conseguir uma boa vantagem nesta primeira rodada, além de empenho dos jogadores, será importante a presença da torcida em grande número, incentivando a equipe, como sempre fez, ainda que esteja insatisfeita com o último resultado”, dizia, numa referência ao empate em 1 a 1 com o Matsubara. Na sequência, trechos sobre as dúvidas do técnico Jair Pereira sobre Piekarski ou Perdigão e o retorno de Luizinho à lateral direita.

A noite do Furacão: Copa do Brasil, 1997

Curitiba, 03 de abril de 1997. O estádio Pinheirão foi o palco do primeiro encontro entre Atlético e Vasco, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Para vencer o time da Colina, Jair Pereira apostava na dupla Oséas e Paulo Rink, este já contando com cinco gols na competição nacional. No apito, Oscar Roberto de Godoy foi auxiliado por Marinaldo Silveira e Epitácio Ribeiro, para um público total de 19.069 torcedores no Pinheirão.

O jogo foi empolgante desde o primeiro tempo, com ataque dos dois lados, mas o Atlético sempre mais ofensivo em campo, criando as principais chances de gol. A partida foi interrompida por cinco minutos em razão da demora do atacante Edmundo em deixar o gramado. Expulso, ele já havia provocado o atleticano Alex, mas decidiu importunar também Andrei e levou um soco no rosto. O bandeirinha flagrou a agressão e avisou o árbitro, que prontamente expulsou o Animal. Sem um dos seus principais jogadores em campo, o Vasco viu o Atlético abrir o placar aos 32 minutos do primeiro tempo com Paulo Miranda, que soltou um chutaço de fora da área, pelo lado direito, e encobriu o goleiro Caetano.

E mal deu tempo para os cariocas reagirem. Aos 41, Paulo Miranda armou contra-ataque e lançou Oséas na esquerda, que cruzou para Paulo Rink, de primeira, fazer 2 a 0. Festa atleticana no Pinheirão!

Antes do apito final da primeira etapa, o Vasco ainda teve tempo para descontar. Já nos acréscimos, quando o relógio marcava 51 minutos de jogo, Mauricinho descontou para os alvinegros, completando jogada de Felipe, pela esquerda. No segundo tempo, o Vasco voltou motivado e a partida rendeu grandes emoções a quem acompanhava a partida. Os cariocas levaram perigo à meta do goleiro Ricardo Pinto, que fez defesas memoráveis na partida. Se apoiando na bela atuação do arqueiro atleticano, o Furacão ainda contava com a sorte da trave, que segurou no mínimo três bons chutes dos vascaínos.

Mas a noite era mesma rubro-negra. Aos 30 minutos, após escanteio cobrado por Paulo Miranda, Reginaldo cabeceou com estilo para fazer o terceiro gol, que acabou dando tranquilidade para a equipe seguir viagem para o Rio de Janeiro, na partida de volta.

Nesta quarta-feira, 4 de maio, o cenário será bastante semelhante, inclusive, com momentos parecidos vividos entre Atlético e Vasco na atualidade. A diferença será a força e a imponência da Arena da Baixada, que promete incendiar com o apoio da torcida atleticana. Ao Atlético basta acreditar na raça, na superação, na vontade e na certeza de que a torcida presente fará a sua parte, contando ainda com mais de um milhão de fanáticos atleticanos espalhados por todos os cantos totalmente concentrados nesta partida, enviando muitos pensamentos positivos para ajudar a empurrar o Furacão.

Que o triunfo de 14 anos atrás sirva de exemplo e inspiração a estes heróis vestidos de vermelho e preto. Boa sorte, Atlético!

03/04/1997 – Atlético 3 a 1 Vasco
Local: Estádio Pinheirão
Árbitro: Oscar Roberto de Godoy
Público Pagante: 18.469. Público Total: 19.069. Renda: R$ 103.885
Gols: Paulo Miranda (32’ do 1º); Paulo Rink (41’ do 1º); Mauricinho (Vasco 51’ do 1º) e Reginaldo (Atlético 30’ do 2º).
Expulsão: Edmundo (Vasco)

Atlético: Ricardo Pinto, Luizinho, Reginaldo, Andrei, Ronaldo, Nowak (Perdigão), Alex, Pierkaski (Renato Carioca), Paulo Miranda, Oséas e Paulo Rink. Técnico: Jair Pereira

Vasco: Caetano, Pimentel, Alex, Moisés, Felipe, Luisinho, Fabrício Eduardo, Juninho, Pedrinho, Mauricinho e Edmundo. Técnico: Antônio Lopes



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