Rivalidade destrutiva
Há quem diga que a rivalidade regional faz bem aos clubes envolvidos, em um clima de competição saudável os times tentam superar um ao outro dentro de campo e despontam duplamente na parte frontal das tabelas de classificação, alternando posições. O exemplo é o Rio Grande do Sul, Grêmio e Inter são dois grandes times brasileiros constantemente com bons elencos e participações na Libertadores, a rivalidade por lá é sadia. Como toda regra, essa também possui exceção, ela está localizada no Paraná entre o Atlético e o Coritiba.
O Atlético pós-revolução do final dos anos 90 até o novo milênio superou o Coritiba não só em torcida, algo que já acontecia faz tempo, mas também em futebol. O Furacão ganhou um Campeonato Brasileiro, Seletiva da Libertadores e até mesmo um final da Libertadores. Enquanto o Rubro-negro gozava de respeito no cenário nacional, o Coxa totalmente submisso, não disputava títulos de contexto nacional (ainda não disputa) e até mesmo comparecendo firmemente no segundo escalão nacional. O tempo passa, pois bem, como um zumbi do Resident Evil que nunca morre, o Coritiba reapareceu no ano de 2011 de forma avassaladora, um time qualificado montado detalhadamente por empresários. O pesadelo do atleticano tornou-se verdade.
A boa fase do lado verde da cidade piora ainda mais a fase do Atlético. A imprensa notadamente pende ao lado alviverde, em boa fase então o tratamento dos jornais paranaenses ao Coxa beira o tratamento dado à Seleção Brasileira de 70. O problema não é só vangloriar o manto verde arrogante, a questão problemática se encontra em desdenhar do Atlético em todas as esferas: desde a Copa do Mundo até a possibilidade de contratar reforços. É intencional que a má-fase seja maximizada quando o Atlético está em questão. Ano passado o Coritiba estava na segundona e mesmo assim tinha mais prestígio nos jornais do que o Atlético lutando pela Libertadores. É desdém demais, chega a ser irritante. Já não basta vermos um clube com uma torcida preconceituosa e arrogante com um elenco cheios de jogadores de caráter duvidoso sendo enaltecido? Ainda dá tempo de cortar o mal pela raiz, o Coritiba se abala muito mais com derrotas do que os atleticanos que são acostumados com a batalha.
Em 2011 a boa-fase deles não só pressionou o Atlético como tirou qualquer possível brilho do nosso elenco. Ao invés de reforçar o clube qualificadamente para competir de forma igualitária com o coxa o que se viu foram reforços genéricos e manutenção de técnicos medianos até quase o final do campeonato paranaense. São erros que possibilitam com que a fase invicta deles fosse prolongada. O acerto só veio quase ao final com a contratação do Adilson Batista. Os reforços qualificados teimam em não vir, as desculpas do presidente se multiplicam assim como os jogadores ruins contratados. Enquanto eles comemoraram, nós lamentamos. Uma derrota para o maior rival tem um gosto amargo que chega a dar vontade de vomitar pela arrogância histórica deles.
A rivalidade no Paraná é sempre destrutiva para um dos lados. Agora o nosso lado está em baixa, só que o atleticano tem certeza que a longo prazo o trabalho dará frutos: estrutura, Copa do Mundo e estádio moderno. O avanço deles é momentâneo, empresários montaram um bom time e a mesma mão que ajuda também prejudica, o desmonte é inevitável. Além disso criou-se uma imagem legendária de invencível em cima de um elenco bom que as vezes conta com a sorte, quando a queda chegar eles irão se abalar. Em questão estrutural estamos anos-luz a frente inquestionavelmente. Uma diretoria competente, um departamento de futebol esforçado em garimpar reforços de grande calibre e a concretização do sonho da Copa do Mundo no nosso templo terão como consequência a volta das coisas ao normal também dentro de campo, esses são fatos inevitáveis. Quem ri demais no início de ano chora no final.