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24 maio 2011 - 18h08

Técnico, treinador, ou nenhum dos dois

No futebol, dentre tantas outras, existe uma verdade que é inabalável: “O difícil é fazer o simples e o óbvio”.

A maioria dos treinadores atuais, todavia –e me refiro a todos, indistintamente, mesmo aqueles que trabalham fora do Brasil-, querendo assumir uma importância bem maior do que a que realmente têm, buscam fazer coisas diferentes, inovadoras e, algumas vezes, até insanas, torcendo para que, num lance de feliz coincidência, alguma coisa inusitada e/ou diferente que façam durante o decorrer de um jogo acabe “dando certo” e, assim, propicie a que sejam ao depois rotulados de estrategistas pela mídia esportiva burra.

Vejam o Barcelona, por exemplo: fiquei a observar como a equipe jogou dia desses num primeiro confronto com o Real Madrid, por ocasião da disputa de uma das Copas que por lá acontecem –no caso, na Espanha-.

Percebi que, sair jogando com a bola dominada desde o seu campo defensivo, foi providência da qual o Barcelona jamais se afastou durante todo o jogo (chutões altos para o campo do adversário foi coisa que não vi durante os quase cem minutos que o jogo durou).

O mais interessante é que, para sair jogando de sua defesa, invariavelmente, o Barcelona formava um losango horizontal, ora do lado esquerdo, ora do lado direito e, depois, ficava tocando, tocando e tocando a bola de primeira, sem pressa alguma ou maior objetividade e utilizando-se para tanto dos jogadores que formavam esses mesmos losangos, colocando, não raro, um só adversário de “peru na roda”, ou seja, o único jogador do Real Madri que, nessas ocasiões, certamente por orientação do técnico, entrava no losango e tentava atrapalhar a saída. É evidente que, estando no meio dessa “rodinha de bobo”, que era, aliás, bem espaçada, o “mané merengue” jamais iria conseguir roubar a bola dos catalães, como não conseguiu uma única vez durante toda a partida.

Na sequência, vale dizer, depois de tocar a bola por quase dois minutos ou mais, a ponto de deixar perplexa a “esquadra merengue” –olha o lado psicológico da coisa-, um meia se aproximava do mesmo lado, na altura da linha central do gramado e recebia a bola, olhando, a seguir, rapidamente, para o lado direito e para o meio; caso visse o ala ou quem estivesse no seu setor direito adiantado passando com um vazio a sua frente, lançava-lhe a bola, por cima ou por baixo, enquanto ele (meia) e toda a turma da frente se posicionava nas imediações da área adversária, cada um ocupando um espaço previamente estudado para aproveitar o cruzamento que viria, ou, caso o cruzamento acabasse não sendo feito ou culminasse por ser rechaçado pela defesa, na pior das hipóteses, para garantir a posse da “segunda bola”.

Quando ninguém se lançava pelo lado, o armador iniciava a jogada pela meia, com toques rápidos em tabelinhas curtas, até alguém entrar velozmente entre os zagueiros adversários e propiciar uma eventual enfiada de bola, por cima ou por baixo.

Bah… e isso tudo era feito, ora do lado direito, ora do lado esquerdo.

E foi assim o jogo inteiro.

Agora imaginem vocês um “esquema” desses sendo levado a efeito por jogadores tecnicamente quase perfeitos, entrosados, tocando de primeira e mais, com o Messi flutuando dos dois lados, ora nos flancos, ora nas meias.

Resultado: o tal Real Madri não viu a bola em momento nenhum do embate; seus jogadores, a certa altura, de tão cansados que estavam de correr infrutiferamente atrás dos catalães, limitaram-se a fazer “cerca Lourenço” à meia-distância e, por vezes, a investir com violência contra o adversário que estivesse na posse da bola; nada mais do que isso.

O placar, se me não engano, foi 2 x 0 –na Casa do Real Madrid-.

Na segunda partida, dessa feita na Casa do Barcelona, nada disso aconteceu; é que o tal Mourinho simplesmente fez o que qualquer um faria –aliás, já no primeiro jogo, pelo menos, mediante orientação no vestiário durante o intervalo- : mandou dois de seus jogadores de frente colar em dois dos vértices daqueles losangos cada vez que eles se formavam e outro –portanto, três players ao todo- dar combate incessante no jogador catalão do losango que estivesse com a bola.

Pronto: a partir daí, o Barcelona jogou somente como qualquer outra boa equipe e não como o proprietário da bola…e o Real Madrid não perdeu (perdeu o título, isso sim, por causa da derrota e do “vareio de bola” que levou na primeira partida).

O Mourinho, em verdade –embora devesse fazê-lo já no intervalo da primeira partida-, orientou a sua equipe para neutralizar a eficiência do time adversário já desde a saída de bola; fez o simples, o óbvio, o racional: combateu o “mal” diretamente na sua causa mais eficiente.

Um verdadeiro técnico de futebol, para mim, é aquele que é capaz de organizar o time, tanto defensiva como ofensivamente, durante o transcorrer da partida, não antes e nem depois dela.

Antes, só precisa saber se vai jogar com dois ou com três zagueiros, com um ou dois volantes ou com um ou dois meias, pois atacantes sempre tem que ter, no mínimo dois, pois, caso contrário, transforma quase toda a zaga adversária em atacantes potenciais.

Quer dizer, tem que entrar em campo com uma equipe caracterizada: setores defensivo, de criação e de ataque bem definidos.

Caso o Mourinho, por exemplo, resolvesse tão-somente dar uma de Adilson Batista no segundo jogo contra o Barcelona, vale dizer, jogando por jogar com cinco volantes –e, portanto, colocando os “merengues” em campo somente com o setor defensivo-, levaria o mesmo “vareio” de bola da primeira partida, pois certamente mandaria esses mesmos volantes guardarem posição no campo de defesa e não atacaria o ponto central da eficiência adversária: neutralizar os losangos de saída que garantiam 80 % de posse de bola ao oponente durante o embate, o que qualquer jogador, mesmo ofensivo, pode fazer.

No futebol, para o verdadeiro técnico, portanto, não existe fórmula pronta e antecipada, o que existe é inteligência, eficiência, orientação tática e cobrança, mormente a partir do início de cada partida ou durante o transcorrer dela –penso que se o Mourinho, já no primeiro jogo, tão logo percebeu os losangos, buscasse neutralizá-los de qualquer modo, talvez não perdesse o título-.

Ouvi dizer que o Mourinho foi eleito ou é considerado o melhor técnico de futebol do Mundo; discordo: caso fosse mesmo, ao menos não levaria o “banho de bola” que levou no primeiro jogo da decisão contra o Barcelona, pois, na verdade, ele somente percebeu o que houve durante aquela primeira partida quando, ao depois, assistiu a respectiva gravação.

Aí está a diferença entre treinador e técnico: o primeiro, somente coloca o time em campo; o segundo, gerencia o jogo durante os noventa e tantos minutos, observando, pensando e agindo efetivamente de acordo com as circunstâncias da partida.

O Mourinho, portanto, pode ser um grande treinador, mas, como técnico, deixa muito a desejar.

Agora, imaginem o que possam ser aqueles que sequer sabem como colocar em campo um time de futebol minimamente caracterizado…

Conclusões: ficam por conta de quem refletir sobre o que foi dito aqui.



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