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28 jun 2011 - 16h14

O futuro incerto

Eram 21 minutos exatos do primeiro tempo, o Atlético já era sufocado pelo Bahia e a bola estava no lado direito da defesa do Atlético. Nosso lateral, o Rômulo, entra com vontade e divide a bola com o atacante baiano. Ele ganha a dividida e passa a bola para o Manoel. O jogador do Bahia no chão, começa a fazer uma encenação. O momento era bom, o Manoel poderia ter feito um lançamento rápido e o time do Bahia poderia ter sido pego num contra-ataque. No entanto, o que faz o Manoel? Pára a bola, fica indeciso e resolve jogá-la para a lateral do campo para que o jogador do Bahia fosse atendido! Nem o juiz entendeu.

Se o Atlético estivesse disputando um torneio de fair-play fatalmente seria o time campeão e juntaria esse título com o título do superávit econômico, mas o Atlético está disputando um campeonato duro, de equipes aguerridas que fazem de tudo para ganhar um jogo. E a única equipe que faz de tudo para não ganhar um jogo é o Atlético. A atitude do Manoel demonstra bem isso. Ao invés de dar sequência à jogada com velocidade, tentar o gol, esquecer o jogador caído, prefere matar o lance. Depois de ver aquilo, ali, na minha frente, pensei: ganhar não ganha, mas pelo menos que não perca.

Só que lá pelo meio do segundo tempo, quando parecia que o time conseguiria fazer o bendito gol, depois de inúmeras chances desperdiçadas, eis que o Manoel perde infantilmente uma bola na entrada da área, se atrapalha todo e permite ao jogador do Bahia pensar no que fazer e chutar. E o chute foi com força, com raiva, coisa que o Atlético e seus jogadores nunca sentem. E pronto! Bahia 1 a 0, desespero, nervosismo, um show de desorganização tática, de falta de técnica. E para completar um lance que até hoje nos milhares de jogos que vi nunca havia presenciado: pela primeira vez na história um time tenta bater o escanteio pelos dois lados do campo!O Mádson de um lado com a bola e o Branquinho do outro lado com outra bola!! Uma verdadeira comédia.

Já que os atuais dirigentes nos encaram como consumidores e não como torcedores então não vamos falar de futebol, vamos falar na linguagem que eles gostam, dos negócios: se o Atlético fosse uma marca de sabonete há muito tempo já o teria trocado, o produto oferecido pela empresa é péssimo, da pior qualidade, a qualidade vem decaindo a cada dia, nenhuma ação que os managers tomam parece sinalizar ao mercado uma mudança de rumo.

Sábado eram apenas doze mil almas para um estádio que pode comportar vinte mil. Ou seja, o mercado já não está apostando nesse produto e está preferindo outras formas de entretenimento. Afinal de contas, de que vale sair da sua casa para ver um time sem vontade, perder mais um jogo? Poderia ficar em casa, vendo televisão, lendo um livro ou ir ao cinema, passear, atividades muito mais edificantes que uma partida de futebol. Já que os atuais comandantes não se preocupam em nos oferecer um espetáculo digno do que investimos, então não merecem a nossa consideração e o nosso dinheiro.

Vem aí a remodelação da Arena e onde o Atlético mandará os seus jogos? Sou sócio, quero saber, preciso me planejar. Nosso presidente deve estar louco para que joguemos no estádio remendado do seu time do coração, mas ele sabe que se isso acontecer a massa de sócios vai simplesmente despencar. Então? Quando sairemos da Arena e para onde?

E as contratações? Mais uma vez uma aposta no exterior. Um jovem uruguaio agora virou a salvação do ataque que não faz mais gols. Por que tanto jogador estrangeiro? O que o Atlético quer ser? A seleção do MERCOSUL? Convenhamos, nenhum jogador estrangeiro acertou no Atlético, nem mesmo o Ferreira que na minha opinião era apenas mais um entre tantos. Porque não buscam jogadores aqui mesmo no Paraná? Os srs. assistiram o campeonato paranaense? Eu assisti todos os jogos e vi muitos bons jogadores nas equipes do interior. No Arapongas, no Cianorte, no Operário. Com certeza esses jogadores do interior agarrariam com todas as mãos uma chance no Atlético. Não vou nem falar de revelações, porque há muito tempo o Atlético não revela ninguém e quando revela como é o caso de um goleiro de seleção como o Neto, não chega a jogar nem seis meses no Atlético.

O Atlético tem a vocação para não preservar seus ídolos. Bastou se destacar e já é vendido. Nossa torcida não é acostumada com aquele jogador craque, que se identifica com o time, não é acostumada nem a ver um time. Estamos na metade do ano e não sabemos ainda qual o time base.

E mais uma vez aquela velha novela que já conhecemos: sai um técnico, entra o eterno auxiliar, que fica dirigindo o time por alguns jogos até que depois de não se sabe passado quanto tempo chega um novo técnico. Que perda de tempo! Capitalismo, senhores! Já ouviram falar de plano B? Vocês deveriam ter pressentido ou ter levado em consideração que no caso de uma derrota para o Bahia o Adílson pediria demissão e já ter um treinador em mente.

Achar que o Atlético vai tirar o treinador de alguma equipe no campeonato é esperar demais dessa diretoria, Isso é para quem tem mentalidade vencedora como o São Paulo que no ano passado não tomou conhecimento do Atlético e nos tirou o Carpeggiani. Não, o Atlético tem que procurar alguém sem emprego, ou algo exótico como já fez no passado ou talvez servir ao interesse de alguém.

O que essa sofrível administração vem fazendo ao longo de três anos é um irretroativo processo de apequenamento do Atlético. E vamos continuar batendo na mesma tecla: se antes o Atlético projetava-se como a salvação do futebol brasileiro, uma equipe bem administrada, vencedora e destemida, agora tornou-se um enfadonho saco de pancadas, uma piada sem graça que só está enervando a cada dia mais a torcida. Algo tem de ser feito. O Adílson pelo menos foi digno: saiu justificando o bem do clube e eu acredito nele, porque me lembro de tê-lo visto defender com galhardia nosso manto sagrado. Teve caráter num momento delicado.

Já a atual gestão do clube apesar do inegável sucesso econômico, não soube aplicar esses ganhos em prol do futebol e da sua torcida, não conseguiu títulos, não conseguiu nada. Apenas guardou o dinheiro no colchão. Está conseguindo, sim, uma vergonhosa queda para a segunda divisão. Um gol marcado em seis jogos. Nem o mais pessimista dos atleticanos poderia prever isso. Não sei o que diz o estatuto do clube, mas essa atual gestão deveria humildemente reconhecer seus erros à frente do clube e abrir espaço para novos mandatários, talvez antecipando as eleições se for possível pelo estatuto ou que algum comitê provisório assumisse o clube. Do contrário uma coisa é certa: o rebaixamento à segunda divisão, um esvaziamento do quadro societário e um futuro incerto.



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