Time grande não cai!
Paulo Leminski: poeta, curitibano, professor, judoca, redator de publicidade e atleticano. Nasceu em 1944, e não morreu. Não é suficientemente conhecido por nós curitibanos e por grande parte do País. Isso confere a ele ainda mais mistério e faz com que sua obra repouse numa espécie de jazida que garantirá às gerações futuras generosas doses de Leminski (nem toda a riqueza do Brasil está guardada no pré-sal, estejam certos).
Leminski foi um estudioso da língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia do poeta Matsuo Bashô. Encantou-se pelo haicai. Segundo Paulo Franchett – Professor de Teoria da Literatura e Literatura Portuguesa da Universidade Estadual de Campinas e, seguramente, um dos maiores pesquisadores do haicai no Brasil o haicai é um texto breve, composto de 17 durações, centrado numa percepção da transição das estações.
As dezessete durações são divididas usualmente em duas frases, que provocam uma contraposição entre o que é passageiro e o que é duradouro, o que é humano e o que é cósmico, o que é pequeno e o que é grande e assim por diante. No geral, é objetivo.
Em poucos textos escritos por grandes haicaístas encontra-se a expressão direta de sentimentos. O mais das vezes, a emoção intensa que é despertada é provocada pela cena rapidamente esboçada, pela expressão indireta do sentimento. Assim, o haicai japonês é um poema breve e que tem como centro um fenômeno ligado à sucessão das estações do ano.
A expressão durações é usada porque em japonês se contam as durações, como em latim ou grego. Isto é: há sílabas breves, que valem uma duração, e longas, que valem duas durações. Nas línguas ocidentais, quando se quer imitar a forma do haicai, substitui-se o conceito de duração pelo conceito de sílaba. Daí a definição do haicai como um poema breve composto de 3 versos: o primeiro e o terceiro de 5 sílabas e o segundo, de 7.
São de autoria do genial Leminski os três haicais que seguem e que eu, criteriosa e afetuosamente, escolhi para lhes oferecer:
pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando
***
o mar o azul o sábado
liguei pro céu
mas dava sempre ocupado
***
nadando num mar de gente
deixei lá atrás
meu passo à frente
Rafael Lemos: colunista de araque, curitibano, advogado, professor de Língua Portuguesa que não possui diploma de Letras, botonista (ou praticante de Futebol de Mesa, como preferem os puristas) e atleticano.
Nasceu em 1975, e não pretende morrer – nem cedo, nem tarde. Não é suficientemente conhecido pelos curitibanos, o que no fundo acaba sendo uma boa coisa, pois isso dificulta o trabalho de cobradores e Oficiais de Justiça.
Estudioso de coisa nenhuma, encantou-se há quatro anos e por influência da bela Edith Aragão – pela obra do Leminski e hoje, nesta coluna, resolveu, ousadamente, misturar futebol com haicai.
O resultado deu no que a seguir será apresentado (e salve-se quem puder, inclusive e principalmente eu, assim espero).
FURACÃO GIGANTE
TIME GRANDE JAMAIS CAI
COXINHAS CAEM
Próxima parada em prol do nosso Furacão: Arena da Baixada, Domingo, 18/09/11, 16h.
Figueira não sobrevive em solo que é de CAJU!
Força, Atlético! Estamos – como sempre e uma vez mais – jogando com você!