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27 set 2011 - 11h07

Das coisas que vi

Após o ocorrido em 2009 no Couto Pereira, é possível entender a preocupação da Polícia Militar em evitar maiores conflitos de torcedores. Entretanto, o que não se entende é como a Polícia Militar lida com estas situações.

No jogo passado, Atlético e Fluminense, como Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça do Paraná, trabalhei, assim como em outros jogos, no Juizado Criminal instalado na Arena da Baixada, que faz parte do programa Justiça ao Torcedor, e consegui acompanhar, de lugar privilegiado, toda a ocorrência pós jogo, bem como a atuação da polícia.

Porém começo falando de um fato que ocorreu antes do jogo. Fomos informados que as “torcidas organizadas do Atlético Paranaense” brigavam entre si, a partir desse momento ficamos aguardando que os “torcedores” que estavam em rixa fossem levados ao Juizado para que pudessem, de acordo com a lei, serem punidos e que esta punição servisse de exemplo, não apenas para os próprios penalizados, mas para todos os outros que tivessem a intenção de praticar tal ilegalidade que em nada ajuda o time e que provoca destruição, insegurança e vergonha para todos aqueles verdadeiros torcedores. Nossa surpresa foi a de que, nem um único delinqüente foi levado ao Juizado do Torcedor, e nosso trabalho de aplicar as penalidades cabíveis não foi possível.

Durante o jogo, vimos como um árbitro de futebol pode inflamar uma torcida inteira, atuando de forma equivocada, com seus erros retirando 2 pontos importantes de um clube que luta contra o rebaixamento.

Concordo que as palavras utilizadas pela torcida, e desta vez torcedores de verdade, que em momento algum partiram para a violência física, eram pesadas e talvez pudessem ser trocadas, todavia não tiro a razão de nenhum deles e que, se não estivesse em serviço, também gritaria contra o árbitro. Mas, não existe palavras que justifiquem a atitude de um policial ao apontar uma arma que pode causar hematomas e machucar gravemente para torcedores, que dos quais faziam parte mulheres e crianças.

Torcedores violentos, que causam brigas, confusões, e medo nas demais pessoas devem ser punidos assim que praticados seus atos ilegais, mas devem ser punidos conforme a lei, devem ser julgados. Aparentemente, a decisão que a Polícia Militar adotou é a de bater, dar cacetadas, dispersar e liberar. Vi torcedores que apenas protestavam apanharem e não vi torcedores que brigavam irem para o Juizado Criminal, vi a torcida protestar pacificamente e ser ameaçada e não vi as torcidas organizadas que há pouco haviam causado tumulto serem punidas.

Enfim, um árbitro pode inflamar uma torcida inteira e causar revolta, uma torcida recebe a mesma punição se brigar ou se protestar, e uma polícia pode apontar armas para mulheres e crianças que protestam contra aquele que prejudicou seu time do coração.



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