[Promoção Brasileiro 2001 – 10 anos] 2001 – A primeira vez a gente nunca esquece!
O ano era 2001. Eu tinha dezoito anos completados em 22.12.2000, e que fase maravilhosa vivia da minha vida! Não que as outras não sejam boas, todas são, mas com 18 anos, tudo parece ser mais interessante, mais alucinante, melhor, enfim. Nesse ano comecei a faculdade. Não havia problemas, apenas crenças de que tudo seria inesquecível, no entanto, eu não tinha noção no começo de 2001, que ele seria tão inesquecível assim. E foi, como foi.
Acho que a história dessa conquista, no meu imaginário de torcedor, começouem dia 18.01. 2001. Eu estava na Ilha do Mel assistindo Vasco e São Caetano, decisão do Brasileiro de 2000 que, por razões que todos conhecem, ocorreu em 2001, e pensei comigo mesmo: imagine se o Furacão fosse campeão do Brasil um dia. Era um grande sonho, algo quase inatingível, imaginar que o Atlético estaria numa decisão e mais fosse campeão brasileiro. Vínhamos de boas temporadas desde 1995, alguns paranaenses vencidos, mas ser campeão do Brasil, era demais, nós mesmos não acreditávamos muito nisso.
Pois bem, o ano transcorreu normalmente, fomos bicampeões do Paraná, numa decisão complicada com o até então presente Paraná Clube. Começamos muito bem o Brasileirão; Mário Sérgio, alguns percalços, depois Geninho, no entanto conseguimos manter a regularidade e ficamos em segundo lugar na fase classificatória. Naquele tempo era um turno só, classificavam-se os 8 melhores para o mata-mata, e o São Caetano foi o primeiro e em segundo o Furacão. Em um dos últimos jogos, tomamos de 4 do Gama no DF, e até pensei comigo mesmo, foi bom nos classificarmos, agora é esperar o que vai acontecer. Eu realmente não acreditava, mas aos poucos a confiança aumentou.
Primeiro jogo, contra o São Paulo, muito difícil. Lembro do meu pai ouvindo o rádio e eu só me aproximava dele e de seu rádio para perguntar o placar de tempos em tempos, não conseguia acompanhar, tensão total. No final 2×1, ufa. No sábado seguinte, 09.12.2001, fui com meu pai pra Baixada, pra ver a semi contra o Fluminense, depois de mais de 6 horas desperdiçadas na fila e um ingresso a R$ 75,00, adquirido um dia antes num sol escaldante de uma camelô.
Que jogo maravilhoso. Lembro que fiquei na Madre Maria Superior, naquele tempo não tinha cadeiras em todo o estádio, por isso nos amontoávamos pra ver o jogo. Só vi a hora que o Alex Mineiro foi lançado, aos 43 do segundo tempo, para estufar as redes tricolores, explosão de alegria, gritaria pelos corredores, que era o único lugar que se podia respirar no estádio. Desta forma, pela primeira vez estávamos em uma final de campeonato brasileiro, o adversário o São Caetano.
Pois bem, o São Caetano era um time muito bom, a imprensa paulista dava como certa a conquista pelo time Paulista, mas me recordo com clareza da opinião de Dadá Maravilha, afirmando que faltava ao São Caetano, o pedigree, o calor, a tradição do Atlético Paranaense, e que assim acreditava no Rubro-Negro, e de Carneiro Neto, ao dizer que tinha a intuição que apesar da qualidade do São Caetano, o Atlético seria campeão.
No primeiro jogo da final, eu e meu pai até tentamos comprar o ingresso e até fui na Arena, mas era algo impossível, voltamos pra casa e acompanhamos pela televisão, estava um dia de sol, muito quente. A partida, um espetáculo. Me lembro que alguns menosprezaram essa final, não há comparação com outras, uma das melhores com certeza, principalmente o primeiro jogo, muitas oportunidades desperdiçadas de ambos os lados, é só conferir os vídeos. No final uma grande vitória e uma mão na taça.
Em 23 de dezembro, o grande dia. O jogo não foi tão bom, o São Caetano parecia ter se entregado ao entrar em campo, o Atlético jogou cauteloso e em uma das poucas oportunidades de gol do jogo, Alex Mineiro, me lembro do Galvão Bueno, narrando: “É do Furacão, Alex Mineiro é o nome dele!”. Aí foi só esperar o juiz (Carlos Eugênio Simon) apitar o final. Aliás, essa sensação pré-explosão, pré-apito final, fatalmente é uma das mais indescritivas que existe, pouca coisa nesse mundo é melhor.
Após isso, peguei um disco de vinil pequeno, que meu pai ganhou da 775 vulcabrás, nos anos 80,e botei pra tocar o hino. Não sabia o que eu fazia, se gritava se assistia a Festa em São Caetano, se saía pra rua e foi isso que fizemos. Fomos à Baixada comemorar, o tempo era frio e chuvoso, passamos na casa de um amigo pra levá-lo junto o fizemos a festa. Que festa fantástica aquela, com blindagem no trio elétrico e tudo mais.
O time era muito bom mesmo, além disso estava muito bem preparado e muito unidos. Me recordo bem que já no estadual, em muitos gols dos muitos que aquele time fazia bastavam três, quatro toques na bola pra irmos às redes do adversário, no contra-ataque era mortal, fatal, todos os jogadores fizeram sua parte, jogavam em conjunto.
O sentimento daquele momento, por razões óbvias, jamais senti novamente, talvez nunca o sinta mais mesmo, pois acredito que a primeira vez nunca poderá ser superada. Nunca antes havíamos sentido aquele gosto tão especial. Poderão vir outras conquistas dessa grandeza ou até maiores, como quase aconteceu depois, mas como aquela, não se iludam: ela foi única, ela sempre terá um lugar muito especial em cada coração rubro-negro.
A conquista de 2001 foi libertadora; até o dia 23.12.2001, qualquer discussão ainda que boba sobre Atlético e Coritiba sempre acabava naquela frase que nunca foi importante pra nós, mas que a ausência dela não fez falta nenhuma: nós (eles) somos campeões brasileiros. Depois disso, nunca mais ouvi esta frase, e olhe que já se vão dez anos…