[Promoção Brasileiro 2001 – 10 anos] 2001 – Uma odisséia atleticana
Em meados de 2001, o futebol brasileiro vivia a ‘euforia São Caetano’. Nossa seleção havia sido eliminada da Copa América por Honduras e as respectivas para a Copa no ano seguinte eram tenebrosas. Nosso time, campeão estadual, empolgava mas não transmitia segurança em jogos decisivos.
Eu tinha 18 anos de idade. Uma fase em que não estava estudando, pois só iria ingressar no curso de Geografia na UFPR em 2003, nem trabalhando. Trabalho nessa época não era muito meu forte, admito. Analisando hoje, vejo quão sortudo fui por não estar fazendo nada em 2001 (trocando em miúdos, vagabundeando).
Como disse, nosso time empolgava. Ganhou com folga de Grêmio, Cruzeiro e Flamengo nas primeiras rodadas daquele Brasileirão. Nosso comandante era Mário Sérgio Pontes de Paiva, técnico linha dura que pouco combinava com o estilo ‘boleiro da noite’ da maioria dos nossos jogadores. Pra variar, após 4 jogos sem vitória, olho da rua pra ele.
Eis então que chega Geninho, tão importante naquela conquista que separo um parágrafo inteirinho só pra ele. Geninho vinha de um valoroso trabalho no Paraná Clube no ano anterior e era um treinador em ascensão no mundo da bola. Estreou contra a Lusa na Baixada, obviamente, com vitória. Eugênio, Geninho, Genial e Gênio.
O time foi engrenando, vencendo uma atrás da outra. Jogadores como Kléber (nada de Pereira), Souza, Kléberson, Alessandro, Fabiano, Gustavo, Rogério Correa, Flávio, Adriano Gabiru, Igor e Adauto encantavam a torcida com técnica, entrega e raça. Nem, era o ‘melhor líbero do Brasil’. Sua habilidade apurada com os pés serviam tanto na saída qualificada de bola, quanto para acertar os joelhos e canelas de quem ousasse chegar próximo a nossa meta. Cocito é meu ídolo. Lançamento de letra, chapéu e voadoras fazem dele o mais emblemático volante da história do Atlético. Vale lembrar da bola que ele tirou de cabeça em cima da linha no primeiro jogo da final.
Se Geninho merece um parágrafo, Alex Mineiro merece um livro. Foram 8 gols no 4 jogos decisivos. O melhor jogador de finais de Brasileirões em todos os tempos. Decisivo, frio e matador. Impetuoso, habilidoso e oportunista. Faltam dicionários nesse momento para que eu possa extrair adjetivos.
Quando fezembro de 2001 chegou, quem ia nos jogos na Arena tinha certeza do título. Uma atmosfera que nunca mais se viu pelas bandas do Rebouças. União, comoção, solidariedade e alegria tomaram conta da torcida. Se meu amigo não tem ingresso, eu tiro do leite das crianças e compro. Se caísse na frente de estranhos, daria gargalhadas e me levantaria. Se acabasse a cerveja no copo, vinha uma garrafa não se sabe de onde para enchê-lo.
Kaká chorou. O Flu assustou, mas caiu. E então, vem para a finalíssima o aclamado São Caetano. Não tinha santo que tirasse essa estrela do nosso peito. No dia 23 de Dezembro de 2001, enquanto a maior parte dos brasileiros se apertavam em shopping centers para comprar presentes de Natal, 1 milhão de Atleticanos recebiam o seu de forma antecipada. Éramos a família mais feliz daquele Natal.