[Promoção Brasileiro 2001 – 10 anos] Dez anos do título de campeão brasileiro
Há exatos 10 anos, em 23 de dezembro de 2001, o Atlético sagrava-se Campeão Brasileiro. Tive a felicidade de acompanhar bem de perto várias partidas dessa campanha e aproveitando o ‘aniversário’ da conquista vou escrever um pouco do que vivi na época.
Aquele time era muito bom e empolgava a torcida, o time base permanece na memória: Flavio; Alessandro, Gustavo, Nem, Rogério Correia e Fabiano; Cocito, Kléberson e Adriano Gabiru; Alex Mineiro e Kléber. Eu particularmente admirava demais o Fabiano, Codito, Adriano e Kléber. Também tínhamos alguns reservas de ‘luxo’ como o meia Souza e o atacante Ilan.
Fui em 5 jogos da primeira fase, nos quais todos os times jogavam entre si em turno único. Um deles para mim foi especial: Atlético 6×3 Bahia em 07/11. Nesse jogo o atacante Kléber só não fez chover, jogou muito, marcou 3 gols e colocou fogo na torcida justificando o apelido de Incendiário. O Kléber tinha uma relação de amor e ódio com a torcida, apesar de eu particularmente ser fã dele. Muitas vezes ele perdia alguns gols fáceis e marcava uns quase impossíveis. Nesse jogo teve um lance que ele ficou de frente para o gol e não chutou, um cara do meu lado mandou um ‘Kléber fdp!’ mas no mesmo lance o Incendiário cortou o zagueiro para um lado e quase sem ângulo chutou para marcar um golaço. A torcida foi a loucura àquela noite.
Ao final da primeira fase o Furacão era destaque e se classificou em 2º lugar, atrás apenas do São Caetano. Os 8 melhores disputariam as quartas de final em partida única no estádio no melhor colocado. O primeiro adversário seria o São Paulo, do badalado Kaká. Naquela época o Atlético não tinha o estádio tomado por sócios então formou-se fila para comprar ingresso. E lá fui eu junto com o companheiro Ricardo Basso ficar na fila desde o dia anterior ao início das vendas. Nenhum atleticano queria ficar de fora daquele jogo e o clima durante a noite/madrugada era muito bom. Tinha de tudo, truco, tubão, maconha, jovem, velho, mulher bonita e tipos estranhíssimos. No dia seguinte quase sem pregar o olho a ansiedade no momento que a fila começava a andar e a alegria no momento de efetuar a compra e sair com o ingresso na mão.
No dia do jogo, 05/12, um clima maravilhoso. A torcida estava empolgada e disposta a jogar junto o tempo todo. E assim foi. Com uns adereços de mão feitos de jornal distribuídos pela Fanáticos a galera cantava e agitava esses adereços, isso fazia com que o efeito visual completasse as músicas cantadas a todo pulmão pelos atleticanos. O jogo foi incrível, Cocito anulou Kaká e com gols de Kléber e Alex Mineiro o Furacão venceu por 2×1.
Classificado para a semi-final, o próximo adversário era o Fluminense. O ritual se repetiu, fila para ingresso, torcida alucinada cantando o jogo todo (e mostrando em rede nacional o que é torcer de verdade) e em 09/12 o Atlético bateu o Flu por 3×2 com 3 gols do Alex Mineiro. O que muita gente julgava impossível o Atlético conseguiu, ser finalista do Brasileiro 2001. Desta vez haveriam duas partidas contra o São Caetano, a primeira na Baixada e a outra em São Caetano do Sul.
A cada jogo que o Atlético vencia a fila para comprar ingressos era maior e cada vez era necessário chegar mais cedo, Lá fui eu de novo, junto com o Ricardo para garantir a presença numa das partidas mais importantes da história do Furacão. 16/12 era a data da partida de ida e a torcida do Atlético na cidade inteira estava mobilizada. Kléber estava supenso por cartões amarelos e Ilan jogou no seu lugar. Logo aos 4 minutos Ilan abriu o placar para o Atlético e a torcida comemorou muito. O São Caetano empatou ainda no primeiro tempo e virou no início do segundo. A torcida não desanimou e continuou incentivando. Aí brilhou a estrela de Alex Mineiro, com 3 gols o Atlético ‘revirou’ o jogo e venceu por 4×2.
A emoção após essas 3 partidas era indescritível, era puro êxtase! Mas ainda faltava uma partida, a grande final em São Caetano do Sul. Na época eu já participava de uma lista de discussão do Atlético por e-mail e lembro que a Milene Szaikowski e o Roney ‘Ryco’ organizaram a caravana da lista. Saímos no dia 23/12 bem cedo de Curitiba. Eram muitos ônibus na Getulio Vargas. Tinha excursão da Fanáticos, Ultras e diversas outras. Os ônibus seguiram juntos e numa parada em um posto de gasolina em certa altura da viagem foi possível ver o mar de torcedores rubro-negros.
Chegando em São Caetano, a caminho do estádio as pessoas nas janelas olhavam impressionadas a quantidade de ônibus da nossa torcida. No momento de entrar no estádio vi que a polícia não deixou entrar a bateria das torcidas organizadas, isso foi um pouco frustrante. Chegamos bem antes do horário do jogo, eu estava com o Ricardo e encontrei meu primo Edson Rios lá. Teve uma hora que choveu e nós sem guarda-chuva nos molhamos mas era dia de festa, era para lavar a alma! E até começar o jogo a roupa já tava seca.
O jogo começa e a tensão da torcida era grande, sem a bateria os gritos de incentivo não eram tão organizados como na Baixada mas mesmo assim cantamos do jeito que deu. O Atlético jogava bem e com raça, o São Caetano era um time muito bom. A torcida estava vidrada em cada lance, o primeiro tempo terminou 0x0 e o empate dava o título ao Furacão. Mas uma campanha tão bonita não poderia terminar com um empate, no segundo tempo, após o São Caetano tentar sem sucesso fazer o seu gol, veio o lance mais importante aos 21 minutos e que não me sai da memória. Kléber recebe a bola na linha do meio campo, toca para Fabiano na esquerda, este avança pela lateral e chuta com força, o goleiro rebate e Alex Mineiro aparece para completar para o gol. Êxtase, emoção, tesão, a torcida explode de alegria e dali não parou mais de cantar.
O São caetano ainda tentou alguma coisa mas os defensores atleticanos começaram a se destacar e não ia ter jeito do adversário fazer gol. Ao apito final estávamos no paraíso. Era muita emoção, olhei para os lados e vi a reação de cada um, todos vibrando, cantando, sorrindo. Vi a Milene chorando de alegria… logo os jogadores começaram a se abraçar, uns subiram no alambrado vibrar com a torcida. O Nem ergueu a taça, teve a volta olímpica, todos os jogadores e o técnico Geninho vieram comemorar na frente da torcida. Simplesmente um título maravilhoso!
Saímos do estádio e chegando no ônibus o Ricardo disse: ‘Tem uma surpresa!’ e sacou da mochila duas camisetas brancas com o símbolo do Atlético e com os dizeres en vermelho e preto: ‘Atlético, Campeão Brasileiro de 2001 – Eu Acreditei’. O cara tinha mandado fazer uma camiseta personalizada para o título e eu nem sabia. Aquilo foi marcante. Vestimos as camisetas e a caravana de ônibus seguiu cantando feliz da vida, todo mundo gritando pela janela, principalmente na região metropolitana de São Paulo.
Como no mundo também tem os maus perdedores, em um trecho da viagem houve um apedrejamento de alguns ônibus, teve um ou dois que perderam até o parabrisa. Falou-se na ocasião que foram torcedores do São Paulo, time que foi eliminado pelo Atlético nas quartas. Chegamos bem tarde em Curitiba, na Baixada teve discurso de dirigentes e jogadores com a taça, foi incrível. Não sei que horas da madrugada cheguei em casa mas quando coloquei a cabeça no travesseiro tinha certeza que aquele tinha sido um dos dias mais importantes da minha vida.
E só pra terminar, alguns dias depois eu pintei o cabelo de vermelho, para cumprir uma promessa que havia feito. A tinta não pegou muito bem, mas a cor do cabelo não me deixava esquecer o título: Atlético, Campeão Brasileiro de 2001!