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16 mar 2012 - 21h38

E pelo Atlético Paranaense eu dei a minha vida!

Dia desses, um aluno me perguntou o que de mais importante eu tinha feito pelo Atlético Paranaense. A resposta veio imediata: ‘Eu dei minha vida pelo Atlético!’. No ato, ele contestou: ‘Mas como é que alguém que ainda está vivo pode dizer que deu a vida por algo ou alguém?’.

E foi justamente nesse ponto que eu resolvi explicar: ‘Há quem pense que dar a vida por algo ou alguém seja morrer, mas eu penso justamente o contrário. Dar a vida não é morrer: é viver em prol de algo ou alguma coisa todos os dias. É ter para com esse algo ou alguém uma dedicação integral, é ter preocupação, é trabalhar em função de uma causa, é se fazer presente, é perder o sono, é perder o humor, é ganhar nas vitórias, é chorar as derrotas, é enxugar o pranto, para depois voltar a sorrir e a chorar de novo.

Dar a vida não é morrer: é viver um amor incondicional. Amor a uma mulher. Amor a uma causa. Amor a um País. Amor a um Clube de futebol que, graças a Deus, na minha vida se chama CLUBE ATLÉTICO PARANAENSE!

E sendo eu um apenas torcedor-comum, amo o meu Atlético Paranaense anonimamente desde 1982.

Ah, amigos, que domingo maravilhoso aquele 31 de outubro de 1982 quando, pela primeira vez, vi meu Furacão se sagrar campeão paranaense.

Ah, amigos, que domingo aquele de 1983 quando, em pleno Couto Pereira, vi meu Atlético se sagrar bicampeão estadual em cima dos coxas: arrogantes, boçais, desprezíveis.

E como eu chorei quando numa noite de 1984, no mesmo Couto Pereira, o sonho do tri se desfez diante de um Pinheiros que, infelizmente, nos foi superior.

Era novembro de 1985 quando o caneco estadual retornou a um Joaquim Américo que se despedia. A taça azulada refletindo os raios de sol de uma bela tarde onde 17.122 Atleticanos se espremeram no acanhado Caldeirão do Diabo, inclusive eu e meu pai.

Amar um time é lhe dedicar a vida, não é, como alguns pensam, morrer.

E quem pode esquecer o título de 1990? E as lágrimas que rolaram quando perdemos nos pênaltis a semifinal de 1992 para o Londrina?

A taça de 1998, com direito a uma goleada de 4×1 sobre os verdes, com gol olímpico e cala-a-boca ambos de autoria do Nélio, quem haverá de esquecer?

A Seletiva de 1999, com nova goleada sobre as paquitas no chão delas. O caneco de 2000 em cima dos verdes já na bela Arena da Baixada.

O ano mágico de 2001. Ah, aquele Atlético 6×3 no Bahia quando a galera teve a certeza de que a estrela amarela era questão de dias.

Como olvidar 2005 e a odisseia – Américas afora – por mares nunca antes navegados por um time paranaense. El Paranaense! Furacão das Américas! Não fossem os bambis tão covardes e aquele caneco tinha sido nosso. Chegará o dia. Por isso a gente vive. A gente vive por amor. Amor a um Clube que eu não sei explicar se é uma religião, se é um vício, se é uma doença, se é a cura, se é a razão do nosso viver ou se é – no fim das contas – a nossa própria vida.

Quando me perguntam o que é que eu fiz pelo Atlético Paranaense, não vacilo um só instante: ‘Eu dei minha vida por ele, e não precisei morrer’. Mas se tiver de morrer, como está escrito no nosso Hino: não temerei a própria morte, porque Rubro-Negro tem raça. E o Rubro-Negro – seja ele quem for – veste uma Camisa que só se enverga por (e com!) AMOR!

Prestes a completar 37 anos, 30 dos quais vividos pelo e para o Atlético Paranaense, posso lhes confessar, de fronte alta, que tomei muita pancada, que chorei e sorri muito, que ganhei e perdi dezenas de apostas, que – ousadamente, mesmo sem ter o dom das palavras – escrevi mais de 400 textos para lhes falar do meu amor e das minhas histórias vividas em função do Atlético.

Nesses 30 anos, fiz incontáveis amigos, alguns desafetos, é possível que vários inimigos. Sofri injustiças, ou, simplesmente, sofri – verbo intransitivo.

E tudo o que fiz foi por um sentimento tão simples e ao mesmo tempo tão complexo porque nos exige esforços muitas vezes superiores às forças humanas: o amor!

E quantas vezes xinguei os homens da imprensa que detraíram o meu Atlético; e quantas vezes me opus a arbitragens venais; e quantas vezes defendi o que era melhor para o Atlético; e quantas vezes forem necessárias defenderei, xingarei e me revoltarei, pois enquanto eu estiver vivo nada e ninguém atentará contra o meu Furacão!

É possível, sim, amigos, darmos a vida por algo ou alguém sem que isso seja sinônimo de morte.

É o que a gente faz quando, diariamente, damos nossos dias em prol do Furacão.

É o que fazem tantos Atleticanos que, com muito mais talento do que eu, ocupam este espaço com textos emocionantes.

Quem dera eu tivesse a arte do meu Amigo Olívio Batista, ou a veemência do meu Amigo Dr. Marcelo Gomes, ou, quem dera, a elegância do Juliano Ribas.

Dar a vida não significa morrer, ao contrário: dar a vida significa viver por algo ou por alguém, intensamente, incondicionalmente.

E assim vivemos até que um dia, Deus, nosso Pai Supremo, resolva nos chamar para ter com Ele a conversa definitiva acerca dos dias que tivemos aqui pela Terra.

Quando esse dia chegar, alguém poderá enfim dizer que morremos. Não estará mentindo.

Mas para que a verdade seja plenamente contada, é favor a pessoa dizer que morremos pelo Clube Atlético Paranaense. E que, por favor e por justiça, acrescente: morremos e vivemos pelo Atlético Paranaense! E se for possível que nos escreva um epitáfio, onde estará consignado: ‘Aqui jaz um Atleticano, enfim quieto!’

Rubro-Negro é quem tem raça e não teme a própria morte! E é por isso que pelo Atlético a gente dá a vida: nosso bem maior consagrado ao nosso bem mais valioso!



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