Quando a birra expande fronteiras
Pois bem. Há pouco regressava para a minha casa, após uma segunda-feira daquelas. Horário do rush, trânsito, buzinas, curitibanos ruins de volante (para não perder o costume), enfim, tudo colabora para você sair do sério. Enfim, sem querer desvirtuar mas já desvirtuando – fato é que liguei o meu rádio e busquei sintonizar alguma estação que estivesse trazendo novas acerca do nosso Furacão. E enquanto numa (das duas), membros da genial imprensa esportiva paranaense tentavam explicar (?) mais um tropeço do time mais rebaixad…, quer dizer, vitorioso do Mundo (sic), me sobrou a outra: justamente a freqüência mais amada e apreciada pela nossa torcida cuja apresentação, creio eu, é desnecessária.
E naquele exato momento, vinha à baila o assunto Atletiba. E num show de dislexia, gritos desconexos, completa falta de compreensão entre os próprios participantes do programa e afins, eis que o nome de Héber Roberto Lopes é mencionado no debate. Um dos comentaristas de pronto se antecipou, e emendou que apenas Lopes e Evandro Rogério Roman teriam condições de apitar o clássico, em se tratando do quadro de árbitros locais. Não demorou muito, e o ilustre âncora do programa soltou um […] Não há motivo para não ser o Héber o juiz, até porque a sua atuação no primeiro Atletiba foi muito boa. Como não poderia deixar de ser, desliguei o aparelho de som, e preferi o som do tumulto na rua, do que aquilo que eu estava ouvindo.
O referido árbitro, uma verdadeira santidade para a imprensa e a FPF, no primeiro Atletiba do ano, deixou de marcar dois pênaltis (um para cada lado), recheou a partida com paralisações desnecessárias e feitas somente com o propósito de chamar os holofotes para si, além de ter aplicado a famosa expulsão-faltando-dois-minutos-para-acabar o jogo, que lhe é bastante peculiar e ajuda afastar a responsabilidade por atuações tão desastrosas. Percebam que o absurdo é tão grande, que nem mesmo virgula ou ponto eu consegui utilizar na última frase. Estes comunicadores, que também são responsáveis pela inexpressão ocupada pelo futebol paranaense num contexto nacional, nos chamam de burros, por tabela, todo santo dia e neste caso, em todo santo Atletiba.
Também foi no último Atletiba que tive a oportunidade de ler outra pérola advinda de um futuro ocupante (creio eu) de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, e atual membro da crônica esportiva paranaense. Atenção: já virou BIRRA da torcida do Atlético contra Héber Roberto Lopes. É. Foi exatamente isso que alguém teve a pachorra de publicar. Birra. Ali em caixa alta, e aqui já sem a emoção de outrora, apenas para salientar: querem nos fazer de otários, e não têm a mínima cara de pau, para tanto. Mas sinto muito. Enganação, ou birra, não é com a gente. Talvez histórias maquiadas, tentando arrumar bodes espiatórios e desculpas esfarrapadas, a torto e a direito, caibam mais num outro time da cidade, onde se vive num eterno conto de fadas. Aqui não, meu chapa.
Em fevereiro deste ano, a Furacao.com divulgou o retrospecto de Héber Roberto Lopes em Atletibas (vide http://www.furacao.com/materia.php?cod=38565). Mas os números e resultados ali apontados de nada servem para tirar a nossa birra. Continuamos birrentos, reclamando sem motivo, como eu voltei a entender, ao ouvir o rádio, nesta segunda-feira. Contudo, amigos, o melhor está por vir. Tão logo tive acesso ao computador, agora pouco, e me deparei com isto aqui http://www.nominuto.com/blog/no-ataque/uma-pessima-otima-arbitragem-de-heber-roberto-lopes/30944/. Uma matéria assinada pelo ex-jogador, e hoje jornalista (diplomado, diga-se de passagem) Edmo Sinedino, publicada num site do Rio Grande do Norte. A lide: o clássico entre ABC e América, apitado no último fim de semana, pelo nosso juiz tema. Nela, temos acesso à visão de um não-atleticano, e, portanto, de um não-birrento, em relação à figura do folclórico profissional do apito, do qual tratamos neste humilde texto. Tentei, ao longo deste relato, não me apegar a um juízo de valor mais acalorado em relação a Héber Roberto Lopes. E continuarei tentando, diga-se de passagem. Mas não me furtarei de lhes dizer, senhores, que, ao ler a matéria produzida em Natal, tive uma espécie de Déjà Vu. Me senti como em qualquer Atletiba apitado pelo Héber. E creio que, se vocês também o fizerem, assim se sentirão, igualmente.
Mas nem os números, que representam um mínimo de ordem nesse mundão, muito menos as bizarrices vistas no Nordeste Brasileiro, farão com que Heber Roberto Lopes deixe de ser cotado e vá a sorteio (sorteio? Hahahaha…) para apitar o Atletiba do próximo domingo. Ainda há tempo, estamos na segunda-feira, e nossa Alta Cúpula pode agir contra este absurdo. Se não eles, quem então evitará esta autêntica palhaçada? A FPF? A Comissão de Arbitragem? O mato que cresce no Pinheirão (este um retrato autêntico da atual administração do futebol em nosso Estado)?
A crise vivida pelo futebol paranaense é crônica, e está muito longe de começar a se mostrar curável. Provas disso são estas pequenas ocorrências, pedacinhos de cacos de vidro, que amontoados acusam o tamanho do descaso e da destruição. Mas não é nenhuma novidade, e não adianta ficar se lamentando. É semana de Atletiba, e mais do que nunca precisamos fazer valer o sangue forte da nossa massa. E se assim acontecer, tanto escárnio e discursos vazios vão entender, de uma vez por todas, que somos sim birrentos. Birrentos por vitória, contra tudo e contra todos, doa a quem doer.