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6 maio 2012 - 11h55

Avante, Carrasco!

Carrasco chegou como incógnita, transformou-se em surpresa, depois pardal, e agora vive momento crucial no Atlético. Aqui ou na China futebol é resultado. No Brasil mais, claro. No Atlético mais ainda! Certo ou errado? Depende… Contratar o uruguaio foi uma alternativa interessante ao péssimo mercado interno de treinadores, sem dúvidas; ponto pra diretoria. Com Vadão, Cerezzo ou Mario Sérgio o Furacão dificilmente teria recuperado a gurizada, e só por milagre teria um esquema tão definido e ofensivo; ponto pra Carrasco!

Opa, então é errado condicionar a continuidade da comissão técnica a resultados, não é? Depende de novo… “Pô, Paulão, tudo depende?” Na verdade sim. Poucas coisas dependem de uma só variável pra alcançar o esperado resultado. O sucesso e manutenção de Carrasco dependem de algumas variáveis. Duas já citadas foram alcançadas até aqui: o “pedido” da diretoria para a valorização/utilização/recuperação da base foi realizado com êxito por Carrasco; a necessidade de ter um esquema definido de jogo (e ofensivo, a cara do Furacão), idem.

Que outra variável influencia na continuidade do trabalho uruguaio? Resultado, sem dúvida. E foi Carrasco quem quis assim. Ao mesmo tempo em que soube usar e recuperar a base e que instituiu um ofensivo e veloz 4-3-3, o treinador protagonizou invenções absurdas, substituições malucas, atritos com atletas, colocando em risco a conquista do primeiro turno, e depois do segundo, impedindo a conquista direta do título.

Pera lá, El Loco Carrasco tem culpa no cartório sim por algumas dificuldades, mas não é ele quem contrata lateral esquerda, goleiro, zagueiros, atacantes, e quero crer que não foi ele quem desmontou o sistema defensivo “dispensando” Gustavo – por mais meia boca que seja – sem um substituto no mínimo do mesmo nível (na verdade bem melhor), até porque bem ou mal, o meia boca estava entrosado. A diretoria tem, portanto, que reconhecer que também errou.

Por que incluo a diretoria nessa? Porque na base da emoção ou tentativa de encobrir equívocos, pode recair no erro de sempre de mandar embora o treinador no primeiro revés. Nisso o Atlético foi campeão nos últimos seis anos pelo menos, e não é um título a ser comemorado. Os insucessos dentro de campo foram diretamente proporcionais ao número de trocas de treinador.

O que quero dizer com essa reflexão é que sim, futebol é resultado. Mesmo na Europa, onde os treinadores costumam emplacar um bom período em cada clube, são cobrados por resultados conforme as condições de trabalho (jogadores, principalmente) que recebem. Porém o resultado não pode ser analisado objetivamente. Todas as variáveis que influenciam o tal resultado devem ser ponderadas para determinar culpa, má sorte, melhor preparo adversário, influência de elementos externos (arbitragem, por exemplo), e só então ver até que ponto o dedo do técnico influenciou.

Digo que Carrasco tem, sim, créditos comigo. Acredito sim que o trabalho pode dar certo. Torço por isso! Ainda assim pondero que o uruguaio tem a faca e o queijo na mão (leia-se uma equipe melhor) que Coritiba e Cruzeiro e não pode deixar a oportunidade passar. Principalmente no clássico, já que o resultado do Paranaense, por mais deficitário que seja o campeonato, tende a definir o ânimo da torcida pra dolorosa Série B. Uma vitória pode significar o impulso que faltava para o gringo emplacar no Furacão; uma derrota deve significar o início do fim do melhor e mais inventor treinador que por aqui passou desde Carpegiani (com quem tem várias semelhanças).

O técnico não pode se dar ao luxo de inventar, de querer inovar ainda mais justo agora, nas finais, quando tem que simplesmente colocar em prática o ótimo sistema que implementou. Avante, Carrasco! Estamos carentes de um treinador-ídolo (não temos desde Geninho, 2001). Sem falar que, convenhamos, só de pensar em possíveis substitutos em caso de reiterados insucessos e rompimento de contrato torço ainda mais para El Loco se firmar. Rumo ao título e à afirmação.



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