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18 maio 2012 - 18h02

O mito do algoz

Seja nome ou sobrenome, faz parte do pacote. Pacote de um produto a ser comercializado no mercado do futebol. Desporto que, em nome da pós-modernidade, minimiza fundamentos básicos da categoria, como a própria categoria. Não obstante esta modernidade seja tardia, para muitos aqui inexistente. Mas há os que se intitulam pós-modernos, hasteando tal bandeira.

Questão essencial de marketing, contido numa caixa portentosa onde se estampa o nome VERDUGO. Em anexo, as características do produto: novo, ousado, corajoso, dinâmico, ofensivo. Aberta a mesma, não é que saltou aos nossos olhos quando em funcionamento? De tal modo que o brilho ofuscou a ponto de esconder os próprios erros, ou “defeitos”, os tais “vícios do produto”, passíveis de aplicação do CDC…não, ainda não. Se nem a Constituição é obedecida, quem dera um simples código infraordinário.

Vícios que o discurso não esconde, e quem entende um pouco de futebol identifica facilmente. A carochinesca estória da polivalência, do fator surpresa, da inversão de posições, do perigo iminente da substituição, das substituições equivocadas, do rodízio na titularidade e da saramandaia no banco, da escalação conforme o adversário. É muita coisa para quem necessita há 7 anos estabelecer um padrão de jogo.

Zezinho no Atletiba foi ponta-esquerda, ontem lateral. O meia-armador da decisão foi Baier, ontem Ligüera. Continuamos ressuscitando boleiros empalhados do passado, agora Alan Bahia. Continuamos com um só zagueiro de ofício. Continuamos com laterais que não apoiam o ataque. Continuamos com volantes que não acertam passes. Continuamos com Guerrón jogando sem suporte psicológico. Continuamos com Harrison e Taiberson sentados fora de escalação. E continuamos, pasme-se, com Bruno Mineiro como centroavante: aí é hora de passar a régua, e perguntar à Diretoria não aonde eles pretendem chegar, e sim de onde pretender sair com Bruno Mineiro, Bruno Costa, Heracles, Renan Teixeira e Marcinho no elenco. Mas que respondessem sem a retórica usualmente fugidia.

Sim: elenco. O elenco prometido na campanha é este aí, presente de uruguaio para os que acreditaram. E elenco não se forma só com Rodolfo, Manoel, Deivid, Zezinho, Baier, Ligüera, Harrison e Taiberson, agregando-se mais 20 cabeças de bagre. Mas é deste jeitão que iniciaremos mais um campeonato, SEMPRE como mero participante, NUNCA com chances reais de títulos, lá se vão (e não voltam) sete anos consecutivos. Vitórias apenas sobre os mais fracos. E conseguimos ser derrotados inclusive por times piores que o nosso, como foi no domingo. Nos intervalos, parece que o treinador não tira a mão do bolso, porque ninguém viu o seu dedo: o segundo tempo nos 2 últimos jogos foi bizarro.

Destarte, a permanecer assim, o Atletiba 2013 será na série B.

“Repare, a multidão precisa, de alguém mais alto a lhe guiar”, cantarolou Raimundo Fagner. Mais alto, e não “mais do mesmo”. Pois a excentricidade afasta toda a simplicidade que o Futebol requer. Por isto não precisamos de produtos, de discursos nem de Copa do Mundo. O preço da Copa esta aí: segunda divisão. Há 2 anos, com time de terceira. Um time sem categoria. Em seu lugar, prevalece a conexão uruguaia, hoje sob nova roupagem, ditando a fantasia jacu do carnaval mal-bolado rubro-negro.

Precisamos que mais gente da Torcida Atleticana se torne capaz de derrubar mitos. Para mim, este já era. E você? Ainda acredita?! Então faça de conta que não temos certeza de que não passaremos pelo Palmeiras. Da mesma forma como fizeram de conta que seriam campeões paranaenses. É o poder, em forma de manipulação. A mesma que manteve Bob Fernandes por 14 rodadas. Verdugo, mais forte e com suas características mito-ideológicas, sobreviverá, em detrimento do nosso Futebol, creia nisto. O resto é mitologia.

Se me chamar de pessimista, lhe revelo que você é mais um cego do castelo. O castelo que era de Tróia, agora é o moderno ‘Castelo de Punta de Leste’. Punta que os pariu!!!!

“Os detentores do poder ficam tão ansiosos por estabelecer o mito da sua infiabilidade que se esforçam ao máximo para ignorar a verdade.” – Boris Pasternak



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