2 ago 2012 - 17h39

Rodolfo admite ser dependente químico

Pego no exame antidoping por uso de cocaína após a derrota para o CRB, no dia 9 de junho, o goleiro Rodolfo concedeu uma declaração pública nesta quinta-feira (02) no CT do Caju e falou pela primeira vez sobre o problema.

O jogador fez uma exposição do caso, mas não respondeu a perguntas dos jornalistas presentes. Ele apenas confirmou que irá passar por um período em uma clínica de reabilitação e contará com o apoio do clube. Depois da declaração de Rodolfo, a equipe técnica, formada pelo advogado Domingos Moro, os psicólogos Dionísio Banaszewski e Gilberto Gaertner, e pelo vice-presidente Luiz Sallim Emed, falou aos jornalistas sobre o caso.

“Pedi ajuda ao Atlético porque eu sou um dependente, um dependente químico, faz um tempo já. Eu pedi essa ajuda para o Atlético porque estava precisando, e o Atlético está me ajudando bastante, eu tenho de agradecer muito”, admitiu o atleta. “Vou passar um tempo em um lugar para me recuperar e essa recuperação, se Deus quiser, vai dar certo”, concluiu.

Na última segunda-feira, o advogado do clube, Domingos Moro, protocolou no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a defesa prévia do caso do goleiro. Agora o clube aguarda que o tribunal marque a data do julgamento. A expectativa do advogado é de que o primeiro julgamento aconteça na segunda semana de agosto. Suspenso de forma preventiva por 30 dias, Rodolfo pode ser punido com até dois anos de suspensão pelo uso da droga.

Após o pronunciamento de Moro, o médico Luiz Sallim Emed, 1º vice-presidente do Conselho Administrativo, falou sobre o total apoio ao atleta. “O clube recebeu com surpresa e com uma tristeza. Você não pode admitir ou acreditar que uma pessoa tão perto pudesse estar nesse tipo de situação. Foi uma surpresa. Assim que o clube tomou conhecimento do exame, todas as medidas foram tomadas no sentido jurídico, médico desse apoio. Eu confesso que eu nunca tinha visto uma atitude tão corajosa quanto ele demonstrou aqui”, afirmou Sallim.

Rodolfo terá ainda o acompanhamento do psicólogo Dionísio Banaszewski, conselheiro do Atlético e integrante do Conselho de Ética do clube desde o início do ano. Banaszewski é especialista na orientação, prevenção e combate ao uso de drogas. Ele se dedica há mais de 20 anos a auxiliar dependentes químicos.

Psicólogo Dionísio acompanhará Rodolfo [foto: Julia Abdul-Hak]


“Só existe um caminho para resolver esta questão, que é o caminho do enfrentamento. E, felizmente, desde que a gente assumiu essa gestão no clube, a gente iniciou um trabalho de prevenção. Eu já havia feito palestras para as categorias de base e feito algum tipo de orientação porque se vê quando aparece um caso como esse de cocaína, mas não se olha para outras patologias. No ano passado, nós perdemos o Doutor Sócrates. Médico, rico, famoso, e morreu de alcoolismo”, observou Dionísio.

“Com relação ao tratamento, a gente vai preservar o local que ele vai ficar e toda a história dele. A história dele pertecence a ele. Agora, com relação à questão da doença em si, a dependência química atinge em torno de 20% da população. O problema é sério e tem de ser tratado com seriedade. Vão existir horários específicos em que alguém do clube irá buscá-lo, com todo o cuidado. Dentro da clínica, ele passará por atividades diuturnas. Começa às 7 horas da manhã, com grupos terapêuticos. Em alguns horários nós vamos trazê-lo para mantê-lo fisicamente em ordem. Se deixá-lo fechado, confinado durante cinco semanas pode passar essa compulsão para o campo alimentar”, acrescentou.

Durante o período do tratamento, o Atlético vai manter o contrato de trabalho de Rodolfo. Contudo, será nomeado um tutor para gerir seus recursos financeiros. “Não adianta dar dinheiro para ele tomo mês porque a gente não sabe para onde poderá ir esse dinheiro. Então, ele vai ter um tutor. O clube vai pagar através de um tutor”, revelou Domingos Moro.



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